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Crescimento na zona do euro concentra debates do FMI e BM

10/10/2014 18h24

WASHINGTON, 10 Out 2014 (AFP) - Os líderes econômicos mundiais mantiveram a pressão nesta sexta-feira sobre a zona do euro para evitar a estagnação da região, atentos à Alemanha, na expectativa de que o país libere os gastos para impulsionar o crescimento.

Os ministros da Economia e presidentes de bancos centrais do mundo todo, reunidos em Washington para os encontros do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial, expressaram preocupação sobre o crescimento da zona do euro, à beira de uma nova recessão.

Segundo os especialistas reunidos na capital americana, os riscos na zona do euro estão entre os principais desafios atuais da economia global, junto à instabilidade na Ucrânia e no Oriente Médio e à epidemia de Ebola na África Ocidental, que resultou em 3.900 mortes em poucos meses.

Seis meses depois de entregar um pacote de 27 bilhões de dólares para a Ucrânia, o FMI pediu nesta sexta-feira mais recursos para o país, envolvido no conflito armado com separatistas pró-russos.

A economia da zona do euro, contudo, concentrou as discussões nos vários foros celebrados em paralelo às reuniões do FMI e do Banco Mundial.

Crescimento inexpressivo, riscos de deflação, falhas no motor econômico alemão, incerteza sobre o orçamento francês, política monetária, reformas estruturais à espera na França e na Itália: a ladainha dos questionamentos se acumula nas reuniões iniciadas na quinta-feira.

O tema deve estar no topo da agenda da reunião dos líderes das finanças das 20 maiores economias, também realizada em Washington.

"A economia europeia, especialmente a da eurozona, enfrenta ventos mais fortes do que o esperado na reunião na primavera (do hemisfério norte)", disse Paul Thomsen, diretor do departamento europeu do FMI.

"A demanda doméstica está se recuperando muito lentamente e a demanda externa também decepcionou", acrescentou.

Em um comunicado ao FMI, o presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, admitiu que a desaceleração da demanda é um fator que provoca queda da inflação, que atualmente em 0,3% é vista como um claro sinal de risco de um retorno à recessão na zona do euro.

O presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, entretanto apaziguou essas posturas na quinta-feira, indicando que "é bem pessimista" afirmar que a Europa é o problema, embora tenha admitido que ainda faltam esforços.

A atenção se voltou para a Alemanha, para que flexibilize seus gastos em atividades que gerem crescimento e emprego como desenvolvimento de infraestrutura, mesmo que isso implique em um maior endividamento para os governos da eurozona.

Tradicionalmente um defensor da disciplina orçamentária, até o FMI enfatizou nesta semana seu desejo de que os países aumentem seu endividamento e gastos voltados para o crescimento.



- Gasto, mas com disciplina -

Mas Berlim tem se defendido das pressões. O ministro alemão da Economia, Wolfgang Sch?uble, disse que seria "insensato" sacrificar o obtido em matéria de estabilização das finanças na zona do euro.

"Não há muito que se possa obter em termos de fortalecer um crescimento de longo prazo, disse Sch?uble a jornalistas em Washington.

Mas a Europa parece abrir espaço para os estímulos econômicos. Jens Weidmann, presidente do Bundesbank (banco central alemão), disse que o investimento público "pode aumentar" na Alemanha, embora tenha pedido que não se sacrifique a disciplina orçamentária.

O foco na Europa ressaltou as preocupações expressas pela diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, de que o mundo pode voltar a ter um crescimento "medíocre", insuficiente para gerar empregos ou satisfazer as necessidades de populações em crescimento.

Lagarde também advertiu sobre os riscos de perder os avanços obtidos com disciplina financeira depois da crise mundial de 2008.

"Ao mesmo tempo, a política fiscal deve ser o mais amigável possível com o crescimento e o emprego", enfatizou.

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