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Mercados reagem à reeleição de Dilma

27/10/2014 19h05

S¥O PAULO, 27 Out 2014 (AFP) - Os mercados brasileiros, que pedem mudanças na política econômica, reagiram com queda nesta segunda-feira à reeleição da presidente Dilma Rousseff.

A Bolsa de São Paulo chegou a registrar um recuo de 6% minutos depois da abertura, mas a média da tarde ficou em 2,55%, em 50,617 pontos.

As ações preferenciais da Petrobras, sem direito a voto, caíram 11,35%, enquanto as ações que dão direito a voto retrocederam 10,64%. A empresa de economia mista foi criticada pela ingerência do governo e é alvo de denúncias de desvios milionários de dinheiro de obras em benefício do Partido dos Trabalhadores (PT) e seus aliados.

O real também teve queda, de 2,6%, cotado a 2,52 em relação ao dólar, depois de ter recuado quase 4% no início do dia.

"O mercado está reagindo ao resultado das eleições. Uma parte já havia se antecipado, na semana passada (quando a bolsa caiu 6,7%), depois do avanço de Dilma nas pesquisas", disse à AFP André Leite, analista da TAG Investimentos.

"É urgente que a presidente anuncie nesta semana quem será seu ministro da Fazenda", disse o economista da Gradual Investimentos, André Perfeito.

O ministro de Fazenda, Guido Mantega, que deixará o cargo no próximo mandato e cujo sucessor se desconhece, afirmou nesta segunda-feira: "Temos o desafio de retomar o ciclo de expansão da economia brasileira em 2015 e isso só será possível se tiver a pela mobilização da economia, se todos os setores estiverem mobilizados nesta direção".

Dilma Rousseff foi reeleita com 51,64% dos votos, uma vitória apertada sobre Aécio Neves, que teve 48,3%.

Aécio, que prometia uma mudança liberal na economia, era o candidato favorito dos empresários e dos mercados. Os agentes econômicos criticam Dilma por ter implementado uma política econômica que não conseguiu nem estimular o crescimento nem melhorar a competitividade.



Exigências

"O primeiro desafio da presidente agora será anunciar o rumo da política econômica e das contas públicas. A presidente tem que tentar recuperar a confiança perdida dos setores econômicos", afirmou o José Francisco Lima Gonçalves, economista-chefe do banco de investimentos Fator.

Dilma prometeu em seu discurso na noite de domingo tomar medidas para "recuperar o ritmo de crescimento".

Na campanha, a presidente criticou as propostas de autonomia do Banco Central feitas por Aécio e Marina Silva e afirmou que o presidente não é escolhido pelos investidores.

Ainda assim, Dilma disse na campanha que faria mudanças na política econômica e que substituiria o ministro da Fazenda, no cargo desde 2006 e que já não agrada aos mercados.

Após um crescimento espetacular de 7,5% em 2010, o país registrou uma pequena expansão econômica no primeiro mandato de Dilma, e pode não crescer neste ano.

A isso se soma uma alta inflação (6,75% em 12 meses, acima da meta oficial).

A presidente, formada em Economia, defende que sua política econômica permitiu manter o desemprego em mínimos históricos (4,9%) e o poder de compra dos salários após 12 anos de governo do PT, que, segundo números oficiais, tirou 40 milhões de pessoas da pobreza.

Na sexta-feira, pouco antes da eleição e depois das quedas acentuadas nos dias anteriores, a moeda brasileira fechou com alta de de 1,99%, e a bolsa avançou 2,42%.

"Esses movimentos de baixa no real e na bolsa estão deixando o Brasil muito barato, é bem possível que essas quedas se revertam, que atraiam os investidores", avaliou Perfeito.