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Ao contrário do Fed, Banco do Japão aumenta estímulos à economia

31/10/2014 16h07Atualizada em 31/10/2014 17h25

TõQUIO, 31 Out 2014 (AFP) - O Banco do Japão surpreendeu nesta sexta-feira ao anunciar um aumento de seu programa de compra de ativos, para estimular uma economia ainda em recuperação.

O banco bentral japonês comunicou sua inesperada decisão dois dias depois de o Federal Reserve ter decidido encerrar seu programa de compra de ativos, amparando-se nos bons resultados do PIB e da taxa de desemprego dos Estados Unidos.

Em um comunicado emitido após uma reunião de seu comitê, o instituto emissor japonês indicou que aumentará em 20 bilhões de ienes (182 milhões de dólares) seu atual programa anual de compra de ativos (bônus, fundos cotizados na bolsa, títulos hipotecários). O programa totalizará 80 trilhões de ienes (cerca de 720 bilhões de dólares).

O anúncio gerou euforia na Bolsa de Tóquio, que fechou em alta de 4,83%, muito acima do patamar de 16.000 pontos. Ao mesmo tempo, o dólar superou a barreira dos 110 ienes, uma boa notícia para os grupos exportadores, que, com isso, ficam mais competitivos.

"A economia japonesa se encontra em um momento crítico em sua luta contra a deflação", um fenômeno de queda de preços e salários que prejudicou a economia durante 15 anos, declarou o presidente do banco central, Haruhiko Kuroda, em coletiva de imprensa.

"Essas medidas refletem nossa firme determinação", completou o governador, prometendo que fará "o possível para alcançar uma meta de inflação de 2% o quanto antes".

Há semanas, os analistas pediam ao instituto emissor uma expansão monetária maior, diante das dificuldades enfrentadas pela terceira maior economia do mundo desde que em 1º de abril entrou em vigor o aumento do Imposto ao Valor Agregado (IVA), que passou de 5 para 8%.

No segundo trimestre deste ano, o PIB registrou contração de 1,8% em comparação com os três meses anteriores, algo que não se via desde a tragédia tripla de março de 2011 (terremoto, tsunami e acidente nuclear).

Para o ano fiscal em curso, de abril de 2014 a março de 2015, o instituto emissor cortou pela metade a previsão de crescimento feita em julho, e espera agora um aumento do PIB de apenas 0,5%.

Para 2015-2016 continua prevendo um crescimento de 1,5% do PIB.



Inflação ainda fraca

A maior preocupação, contudo, é a inflação, que em setembro foi de apenas 1% ao ano, excluindo o efeito do aumento do IVA, de acordo com os dados apresentados nesta sexta-feira.

O Banco do Japão indicou que os preços "sofreram uma pressão de queda por causa da demanda fraca após o aumento do IVA e da queda significativa dos preços do petróleo".

Por isso, completa, "se a pressão atual persistir, inclusive no curto prazo, a superação da deflação, que até agora avançou, pode demorar mais".

A instituição reduziu nesta sexta-feira sua previsão de inflação para este ano, de 1,3% a 1,2%, e para o ano que vem (de abril de 2015 a março de 2016), de 1,9% a 1,7%.

A expansão monetária é um dos pilares da política de estímulo à economia promovida pelo primeiro-ministro conservador Shinzo Abe.

A tentativa dava resultados até o aumento do IVA em abril, e desde então foram registrados sucessivos indicadores econômicos negativos.