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Zona do euro terá crescimento lento e inflação muito baixa em 2014 e 2015

04/11/2014 16h15

BRUXELAS, 04 Nov 2014 (AFP) - O crescimento econômico na zona do euro será "lento" e a inflação "muito baixa" em 2014 e em 2015, segundo as previsões da Comissão Europeia publicadas nesta terça-feira, que pintam um panorama mais pessimista para os países da moeda única.

Em 2014, a expansão da economia da zona do euro será de 0,8%, quatro décimos inferior às previsões de maio, e em 2015 alcançará 1,1% (1,7% na previsão de maio), enquanto que a evolução do índice de preços será para este ano de 0,5% (0,8% em maio) e de 0,8% no ano que vem (1,2% em maio).

As previsões da Comissão indicam "um fraco crescimento para o resto do ano e uma pequena aceleração para 2015 por uma demanda externa e interna mais vigorosa", indica em um comunicado.

Esta revisão para baixo se explica, entre outros motivos, por una menor confiança na economia devido aos riscos políticos e às piores perspectivas econômicas, explica a Comissão.



- Reformas, rigor e investimentos -

"A situação da economia e do emprego não tem melhorado de forma rápida", comentou Jyrki Katainen, comissário europeu encarregado do crescimento.

"A Comissão utilizará todas as ferramentas e os recursos à sua disposição para criar mais empregos e gerar crescimento na Europa", insistiu. Entre eles, está o plano de investimentos de 300 bilhões de euros que prometeu o novo presidente da Comissão, Jean-Claude Juncker. Neste plano estão depositadas todas as esperanças dos países mais afetados da zona do euro.

Para o comissário de Assuntos Econômicos Pierre Moscovici, "não há uma solução única e simples para resolver as dificuldades da economia europeia. Devemos coordenar nossa ação em torno de três pontos: políticas fiscais verossímeis, reformas estruturais ambiciosas e investimentos públicos e privados indispensáveis".

Em 2016, quando a "consolidação do setor financeiro" e os "efeitos benéficos" das reformas estruturais realizadas pelo bloco derem resultados, a atividade econômica se acelerará para registrar 1,7% de crescimento.

A situação de cada país do bloco é muito diferente, mas as três principais economias da zona do euro não incitam otimismo.

A Alemanha, locomotiva da zona do euro, parece encontrar dificuldades. A Comissão reviu a queda das previsões de crescimento, de 1,3% este ano (contra 1,8% em maio) e em particular para 2015, de 1,1% (contra 2%).

Na França, o crescimento foi revisado para 0,3% em 2014 (1% em maio), e 0,7% em 2015 (1,5% em maio).

A terceira economia da zona do euro, a Itália, deve entrar em recessão neste ano, pelo terceiro ano consecutivo (-0,4%), enquanto a Comissão estimava em maio um crescimento de 0,6%, cifra que só alcançará em 2015, segundo as previsões desta terça-feira.

Na Espanha, o crescimento será de 1,2% (1,1%) neste ano e 1,7% em 2015 (2,1%).

A drástica revisão para baixo nas previsões para a quarta economia da zona do euro pinta um quadro menos favorável para a Espanha, que seguirá contando com seu setor exportador para continuar crescendo, embora menos do que em 2013, e com uma redução no custo de mão de obra.

Segundo a Comissão, os dados da Espanha "indicam que a consolidação fiscal continua em 2014". Segundo as estimativas para a Espanha, o déficit será este ano de -5,6% e em 2015 de -4,6%, excluídos os custos da recapitalização dos bancos, de 0,5% do PIB.

No país o desemprego será este ano de 24,8% (25,5% em maio), de 23,5% em 2015 (24%), e de 22,2% em 2016.



- Inflação "muito baixa" -

A Eurozona registrará uma inflação "muito baixa" em 2014 e em 2015. Tudo indica que escapará, contudo, da deflação, fenômeno de queda prolongada e generalizada de preços e salários que desestimula o consumo e a atividade econômica.

Em 2016 a inflação chegará a 1,5%. O objetivo do Banco Central Europeu (BCE) é de manter uma inflação inferior, mas perto de 2%.

O desemprego baixará lentamente na zona do euro, com uma taxa de 11,6% neste ano, 11,3% no ano que vem e 10,8% em 2016.

Segundo a Comissão, o consumo privado terá uma "expansão moderada" em 2015 e 2016, em parte devido a a uma "melhoria" no emprego e às receitas das famílias.