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Recessão leva premiê japonês a anunciar eleições antecipadas

18/11/2014 15h47

TõQUIO, 18 Nov 2014 (AFP) - O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, informou ao seu partido nesta terça-feira que convocará eleições antecipadas e adiará um aumento do imposto de valor agregado (IVA), no dia seguinte ao anúncio de que o país voltou à recessão.

Pouco menos de dois anos depois de voltar ao poder prometendo fortalecer uma economia enfraquecida, Abe se apresentará aos eleitores -provavelmente em meados do mês que vem- afirmando que é necessário fazer mais esforços em matéria econômica.

"O primeiro-ministro Abe expressou sua intenção de dissolver a Câmara de Representantes durante uma reunião extraordinária da direção do Partido Liberal Democrata", informou a agência Jiji Press.

"Dissolverei a câmara baixa no dia 21 (de novembro)", confirmou Abe durante uma coletiva de imprensa.

O primeiro-ministro parece não ter outra opção: as estatísticas de crescimento divulgadas nesta segunda-feira são catastróficas. O Produto Interno Bruto (PIB) do Japão sofreu uma contração de 0,4% no terceiro trimestre, depois de uma queda de 1,9% no segundo.

Abe disse que refletiu bastante, prometeu dar prosseguimento a uma política reativação econômica em benefício dos cidadãos e sanear as finanças públicas para manter a confiança externa.

A política econômica de Abe, chamada de "Abenomics", baseada em um estímulo fiscal massivo e uma enxurrada de moeda desvalorizada, fracassou. Seu objetivo consistia em fazer com que os preços subissem e que os consumidores japoneses gastassem. Assim, o ministro esperava uma recuperação da atividade econômica e a criação de empregos para fazer frente a uma demanda crescente.

Essas medidas fizeram que o iene sofresse uma forte desvalorização, aumentando o custo das importações, incluindo o combustível utilizado no país.

"Estudarei seriamente o IVA", disse Abe. "A vida das pessoas não vai melhorar sem crescimento econômico", acrescentou.

Espera-se que Abe ordene a seus ministros que preparem um novo pacote de estímulos econômicos, incluindo medidas para suavizar o impacto do aumento dos preços das importações.

Os partidos opositores, que ainda estão desorganizados depois da derrota em 2012, tentarão capitalizar as dificuldades enfrentadas pelos eleitores, que estão com seus salários congelados enquanto os preços aumentam.

"Está claro que a Abenomics não teve qualquer impacto positivo na vida das pessoas", afirmou Banri Kaieda, chefe da principal organização opositora, o Partido Democrata do Japão.

Yoshiki Yamashita, um legislador do Partido Comunista, afirmou que "a Abenomics simplesmente aumentou o abismo entre os ricos e os pobres".

Entretanto, muitos analistas concordam que Abe, cujo governo tem uma aprovação de 50% nas pesquisas, pode se sair bem nas eleições antecipadas. Esses especialistas indicam que os principais alvos da ofensiva do primeiro-ministro são seus rivais dentro do seu próprio partido.

Em setembro de 2015, Abe deve enfrentar uma dura eleição pela liderança de sua formação política, mas alguns acreditam que ele pode fortalecer sua autoridade sobre esta a partir de agora.

"Acho que o primeiro-ministro Abe chegou à conclusão de que este é o melhor momento para reforçar seus poderes de primeiro-ministro", afirmou Shinichi Nishikawa, professor de Ciência Política da Universidade Meiji de Tóquio.