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Jornalistas vão à justiça contra reestruturação do grupo Clarín

06/12/2014 17h17

BUENOS AIRES, 06 dez 2014 (AFP) - Jornalistas do grupo Clarín pediram à justiça que detenha a reestruturação da empresa de multimídia, impulsionada pelo Estado argentino, através de um recurso judicial no qual denunciam uma suposta censura velada, uma acusação rejeitada neste sábado por legisladores da situação.

Em 8 de outubro passado, o Estado se encarregou da reorganização do poderoso grupo multimídia, ao qual acusa de "monopólio", após rechaçar um plano apresentado pelo Clarín para se dividir em diferentes empresas.

O grupo precisou apresentar o plano após uma longa batalha judicial, que se estendeu por quatro anos no âmbito da aplicação da lei antimonopólio dos meios audiovisuais, aprovada em 2009.

No recurso apresentado ao juiz Pablo Cayssials, do Contencioso Administrativo (que controla a legalidade dos atos administrativos), nove jornalistas do maior grupo multimídia do país consideram estar diante de "um ato de censura" no contexto de uma campanha de perseguição contra o grupo.

O recurso é assinado por conhecidos jornalistas, como Nelson Castro, Jorge Fernández Díaz, Julio Blanck, Jorge Lanata, Alfredo Leuco, Marcelo Longobardi, Joaquín Morales Solá, Magdalena Ruiz Guiñazú e Eduardo Van der Kooy, cujos programas de rádio e TV, bem como editoriais fazem duras críticas ao governo.

"Falam de liberdade de expressão, mas dizem o que bem entendem. Todo o tempo distorcem a realidade, omitem informações das pessoas. Geram um clima malicioso", reagiu o deputado Héctor Recalde, da Frente para a Vitória (situação), ao refutar as acusações.

Outro deputado da situação, Horacio Pietragalla, disse à agência estatal Telam que estes jornalistas "defendem a posição do Grupo, são seus militantes, são seus atores principais" e assegurou que "tentam deslegitimar a democracia".

O AFSCA, entidade encarregada da aplicação da Lei de Mídia, considerou que o recurso era "um pedido insólito", do qual foi notificado na sexta-feira e tem cinco dias úteis para responder.

O grupo midiático, que edita o jornal de maior circulação na Argentina, possui 41% do mercado de rádio, 38% da televisão aberta e 59% da televisão a cabo, enquanto o máximo em todos os casos é de 35%, segundo o governo, que começou em outubro o processo de taxação dos meios que excedem este percentual para submetê-los à licitação pública.

A controvérsia em torno da constitucionalidade da lei de mídia foi discutida em 2013 na Suprema Corte, que deu razão ao governo.

A empresa denuncia que o governo "pretende se apropriar dos meios do grupo", cujo volume de negócios foi de US$ 1,25 bilhão em 2011, o último dado conhecido.