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BCE disposto a usar recursos 'sem limites' para reativar zona do euro

21/01/2015 15h07

Frankfurt am Main, 21 Jan 2016 (AFP) - O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, está determinado a fazer tudo o que for possível para estimular a economia da Zona do Euro, sem limites sobre os instrumentos utilizados, depois que a instituição anunciou que manteria seus juros inalterados.

"Temos a capacidade, a vontade e a determinação para atuar. Não há limites sobre o longe que podemos ir na hora de usar instrumentos de política (monetária)", disse Draghi em coletiva de imprensa posterior ao anúncio de que o emissor mantém a taxa básica da zona do euro.

O BCE decidiu manter a taxa em 0,05%. O indicador se mantém estável desde setembro de 2014 e é um medidor dos juros aos empréstimos.

A taxa para os depósitos se manteve em -0,3%, cota estipulada em dezembro, e taxa para empréstimos marginais ficou em 0,3%.

O BCE manteve estável a taxa de juros em sua primeira reunião de 2016 e os mercados europeus comemoraram, com as principais bolsas do continente em alta.

"O mercado reagiu positivamente no curto prazo, já que esperam medidas adicionais do BCE em março", destacou Alexandre Baradez, analista da IG France.

"Draghi abriu caminho para que haja novas ações em março", opinou o especialista, que acredita que essa estratégia seria uma forma de estabilizar progressivamente os mercados após a "tormenta" que atingiu as praças financeiras de todo o mundo no início do ano.

Os investidores, nervosos sobre qual seria a decisão do BCE, se retiraram dos mercados na quarta-feira e as bolsas fecharam com fortes perdas.

Após o anúncio Draghi, disse que será necessário revisar e até reconsiderar a política monetária no início de março, um indício de que o emissor europeu pode estar considerando uma estratégia monetária ainda mais expansiva.

"O BCE está determinado a atuar e não há limites sobre quão longe podemos ir com a política", disse Draghi, que garantiu que a instituição não vai se "render".

Uma tarefa complicadaA tarefa de Draghi parece complicada, já que o conselho de governadores está dividido entre os países que querem ações mais contundentes e os que buscam manter a política atual.

Em dezembro, os preços se mantiveram estáveis na zona do euro, com uma inflação de 0,2%, dado que decepcionou analistas e pressionou o BCE para que anuncie medidas adicionais de estímulo.

O emissor europeu mantém os juros no mínimo como mecanismo para estimular os preços na zona do euro, com o objetivo de aumentar a quantidade de dinheiro em circulação, barateando o crédito para as empresas e as famílias.

Como parte dessa estratégia, o Banco Central também coloca um interesse negativo aos depósitos, para penalizar os bancos que guardam dinheiro e estimular a circulação.

O BCE adota uma política monetária expansiva comprando dívida pública e privada em condições vantajosas para os bancos.

Na reunião de dezembro, o BCE decidiu cortar a taxa dos depósitos de -0,10% para -0,30%, e anunciou que estenderá o programa de alívio quantitativo para estimular a economia em mais seis meses, até março de 2017.

Essa decisão decepcionou os investidores, que esperavam um anúncio mais contundente.

Os especialistas disseram também que um anúncio de medidas que saiam do previsto pelos mercados e pelos investidores poderiam prejudicar a credibilidade da instituição.