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Jorge Paulo Lemann, o discreto brasileiro que domina o mercado de alimentos

27/03/2015 19h56



Rio de Janeiro, 27 Mar 2015 (AFP) - Ex-banqueiro e ex-jogador de tênis profissional, considerado um dos melhores empresários do mundo pelo milionário Warren Buffet, o discreto e inflexível Jorge Paulo Lemann domina o setor mundial de alimentos, com ativos de 260 bilhões de dólares.

Depois de ter criado o fundo de investimento 3G Capital com seus sócios Marcel Telles e Alberto Sicupira em 2004, o brasileiro adquiriu as cervejas Budweiser e Stella Artois, a rede de fast-food Burger King e a marca Heinz.

O fundo 3G Capital é dono de forma parcial e total da AB InBev, maior fabricante de cerveja do mundo, da rede de cafés canadense Tim Hortons e das Lojas Americanas.

A companhia Kraft Foods, a última a ser incorporada pelo 3G, deve enfrentar a exigente cultura dos negócios do empresário, onde prevalecem a meritocracia e o corte impiedoso de gastos supérfluos.

Na procura por marcas estáveis, de produtos tradicionais, "sua estratégia consiste em reduzir os custos da companhia e utilizar as economias para reinvesti-los na atividade, através do marketing e da inovação", disse um porta-voz da empresa.

Os "cost killers" do 3G Capital, funcionários formados dentro da companhia e motivados por bônus generosos, perseguem qualquer gasto considerado não produtivo a fim de eliminá-lo. A Heinz despediu 7.000 funcionários desde a sua compra em 2013. Na rede Burger King, os brasileiros proibiram as xerox coloridas e intervieram até na organização das cozinhas.



Meritocracia e competição Esses métodos conferiram aos três milionários a fama de agressivos.

"Jorge Lemann não é mal educado mas tem seus objetivos. É um empresário que busca o lucro e a eficiência", analisou a economista Maria de Albuquerque David, professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

O pragmatismo também se aplica à gerência interna. "Eles são discretos mas são extremamente motivadores para suas equipes. Acreditam na meritocracia, no desafio, todos praticam esporte e estimulam o espírito competitivo", descreve o economista Gilberto Braga.

Apesar de seus 65 anos bem conservados, o ex-jogador da Copa Davis continua praticando a pesca submarina.

"Se concentrar em seus objetivos é uma coisa que ele (Lemann) sempre perseguiu com obstinação (como quando renunciou à sua carreira de jogador de tênis profissional depois de perceber que nunca estaria entre os dez melhores do mundo)", escreveu a jornalista Cristiane Correa em seu livro "Sonho grande", publicado em 2013.





Um punhado de investidores riquíssimos Brasileiro filho de pais suíços, Lemann, que estudou em Havard, investiu em primeiro lugar em um pequeno banco, o Garantia, em 1971. Em 1998, o revendeu por 675 milhões de dólares ao Crédit Suisse, após fortes prejuízos na época da crise asiática.

"Na realidade, somos copiadores. Grande parte do trabalho nós pegamos do Jack Welch, da General Electric e do Wal-Mart. Fizemos isso de forma coerente, de alguna forma", disse Jorge Paulo Lemann em uma rara entrevista, em 2013, à revista Fortune.

Para concluir as compras desejadas, os sócios observam seus alvos por meses e depois se dirigem a investidores riquíssimos.

Lemann é admirado por Warren Buffett, que o conheceu no conselho de administração da Gillette, em 1998, e o acompanha na maioria de suas aquisições. "Eu sabia que eram formidáveis desde a compra da Heinz. Em todos as áreas de concorrência, mas também na integridade, o 3G é um sócio perfeito", assegurou na quarta-feira o milionário americano à rede CNBC.

Questionado sobre o futuro, o economista Gilberto Braga opina: "Acho que ele não vai parar nunca. É a sua razão de viver".

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