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Economia sul-africana teme as consequências da violência xenófoba

24/04/2015 17h27

Joanesburgo, 24 Abr 2015 (AFP) - Autoridades e meios econômicos sul-africanos temem as consequências da onda de violência xenófoba que atinge a África do Sul, assim como as possíveis represálias financeiras dos países africanos.

Os pedidos de boicote aos produtos sul-africanos se multiplicaram, como no Malauí e em Zâmbia, já que as agressões contra os estrangeiros dirigiram-se, na maior parte, contra os africanos.

As imagens das agressões circularam por todo o continente, em canais de televisão e redes sociais.

Embora o embaixador da República Democrática do Congo (RDC), Bene M'Poko, tenha pedido aos países africanos que "evitem qualquer represália", o presidente da União nacional de estudantes do Zimbábue (Zinasu), Gilbert Mutubuki, convocou -segundo a imprensa- os nacionais a atacarem os interesses sul-africanos no país.

A imprensa sul-africana chegou a informar que o APC, partido que chegará ao poder na Nigéria, ameaçou Pretória com o boicote aos negócios africanos no país mais povoado do continente. Essa informação foi desmentida pelo presidente eleito Muhammadu Buhari.

Grupos sul-africanos como o MTN, de telecomunicações, o distribuidor Shoprite, a cervejaria SABMiller, os bancos Standard Bank e Nedbank, a seguradora Old Mutual, são alguns dos que podem ser afetados no continente.

O grupo petroquímico Sasol já teve que retirar seus funcionários de centro em Moçambique. Alguns veículos com placa da África do Sul também foram apedrejados no país, embora tenham sido casos isolados.

Entretanto, a situação é considerada muito séria pela África do Sul, pois a balança comercial muito deficitária do país tem apenas um superávit com o restante da África.

"Desde o início dos de ataques, nosso país perdeu bilhões de de rands (a moeda sul-africana) em receitas de exportação", disse o vice-ministro de Comércio e Indústria, Mzwandile Masina.



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"Vendemos 260 bilhões (20 bilhões de euros) em mercadorias a outros países africanos. Isso cria mais de 160.000 empregos na África do Sul", lembrou o ministro de Desenvolvimento Econômico, Ebrahim Patel.

"Vários sul-africanos perderão seus empregos e os vínculos econômicos que unem a África do Sul ao resto do continente", insistiu na quarta-feira o ministro diante um grupo de operários.

Dennis Dykes, analista do Nedbank, assegura que o retorno de imigrantes a seus países, se isso se amplificar, pode afetar a economia sul-africana, já que muitos deles são qualificados.

O setor do turismo também teme sérias consequências, embora até o momento não tenha havido muitos cancelamentos de viagens.

A empresa do setor Local Onne Vegter quis esclarecer qualquer dúvida e lembrou em um comunicado em seu site especializado (tourismeupdate.co.za): "As violências xenófobas não são contra os turistas e não afetam as zonas turísticas".

Os potenciais turistas podem acreditar que todos os estrangeiros são atacados, lamenta o comunicado. "Para nós, é um desastre em termos de relações públicas, já que mais uma vez nosso país ocupa as primeiras páginas dos jornais por maus motivos".

É certo que os turistas ocidentais não têm nada a temer, mas um terço dos visitantes na África do Sul são procedentes de países do continente africano.

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