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Exposição Universal em Milão começa em meio a protestos

01/05/2015 17h21

Milão, 1 Mai 2015 (AFP) - A Exposição Universal de Milão abriu as portas nesta sexta-feira a seus primeiros visitantes em meio a manifestantes ecologistas e anti-globalização que foram às ruas da cidade denunciar a realização do evento.

Após meses de um canteiro de obras frenético, sob um céu cinzento e chuvoso, os primeiros visitantes entraram às 5h (horário de Brasília) para descobrir os 80 pavilhões concorrentes de inventividade arquitetônica sobre o tema da agricultura e da alimentação.

Mas na parte da tarde, dezenas de manifestantes contra a exposição denunciando o desperdício de dinheiro público e o uso de trabalhadores temporários estragaram a festa saqueando dezenas de lojas e carros e atirando pedras e coquetéis Molotov contra a polícia, que revidou com bombas de gás lacrimogêneo.

Uma jornalista da AFP contou ter visto uma agência bancária em chamas, com a seguinte frase pichada nas paredes: "Vocês nos tiraram, hoje você pagam".

"Hoje a Exposição é uma realidade. Ainda não é uma jogada certa, temos seis meses para vencê-la, mas é um desafio que nós podemos cumprir", afirmou o chefe do governo italiano, Matteo Renzi, durante a inauguração oficial.

"Nos próximos meses, o mundo será capaz de provar a Itália. Saborear suas especialidades, seus produtos típicos, mas especialmente o profundo desejo que nosso país tem de escrever uma página de esperança", insistiu Renzi diante de uma plateia de dignitários internacionais.

Prejudicado por escândalos de corrupção retumbantes, o canteiro de obras da Exposição tem acumulado atrasos - mesmo assim, na manhã desta sexta, as passarelas e todos os pavilhões dos países apareceram completos.

No entanto, eles não estão necessariamente prontos. O de Bangladesh permaneceu fechado porque a Itália não concedeu vistos para a equipe bengalesa, enquanto que o material para a exposição do Sudão ainda não saiu do país por falta de aprovação das autoridades italianas.

Expositores de artesanato indiano também manifestaram sua insatisfação: seu pedido de acreditação ainda não foi processado, e eles têm que comprar um bilhete diário para chegar ao estande que lhes custou 200.000 euros.

Mesmo assim, os visitantes pareciam encantados. "Esta é uma experiência totalmente nova, eu escolhi vir aqui logo no início", contou à AFP o cingalês Hiran, de 34 anos.

Até 31 de outubro, os organizadores esperam 20 milhões de visitantes - e afirmam que 10 milhões de ingressos já foram vendidos - para este evento do qual a Itália espera tirar um impulso econômico e prático de 10 bilhões, dos quais 5 bilhões de euros para o turismo.

O evento tem quase 80 pavilhões, sendo 54 administrados diretamente por países, nove dedicados a produtos concretos como café ou arroz e outros que abrigam empresas ou organizações da sociedade civil.

A implementação do projeto tem dado origem a muitas controvérsias. Além dos escândalos e atrasos, a presença marcante de grandes multinacionais de alimentos entre os patrocinadores e parceiros tem sido alvo de muitas críticas.

Em uma mensagem de vídeo exibida durante a inauguração, o Papa Francisco defendeu que a Exposição é uma oportunidade para acabar com um "paradoxo da abundância", que leva mais ao desperdício do que à solidariedade.

O movimento cidadão 'No Expo' e outras organizações ativistas começaram a se reunir em um ambiente festivo para desfilar pelas ruas de Milão. Os organizadores da manifestação esperam reunir 30.000 pessoas.



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