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Navio afunda na China e mais de 400 pessoas estão desaparecidas

02/06/2015 22h24

Jianli, China, 3 Jun 2015 (AFP) - Um navio com mais de 450 pessoas a bordo afundou no rio Yangtsé, centro da China, na segunda-feira e as equipes de emergência resgataram até o momento apenas 14 sobreviventes e recuperaram sete corpos.

Os socorristas lutam contra o tempo a procura de mais de 400 pessoas que permanecem desaparecidas, possivelmente presas no casco virado do navio.

A embarcação, denominada Dongfangzhixing, ou Estrela do Oriente, que zarpou de Nanquim (leste) com destino a Chongqing (centro), naufragou durante a passagem pelo distrito de Jianli na província de Hubei, indicou nesta terça-feira a agência oficial Xinhua.

As autoridades temem que o naufrágio se torne a pior tragédia da história recente de transporte fluvial da China.

Até o momento, as equipes de emergência resgataram 14 pessoas, incluindo o capitão e o engenheiro-chefe, que afirmaram que a embarcação foi surpreendida por um tornado.

Os socorristas que subiram no casco deram marteladas e conseguiram ouvir batidas em resposta do interior da embarcação, da qual apenas uma pequena parte está fora d'água.

Nas imagens divulgadas pela televisão pública, homens com roupas laranjas e maçaricos se preparavam para abrir um buraco no casco da embarcação.

Um grupo de 140 mergulhadores também trabalha contra o tempo para tentar entrar no navio, mas os fortes ventos e a chuva intensa complicam os trabalhos, segundo os meios de comunicação oficiais.

No momento do naufrágio, às 13h28 GMT de segunda-feira (10h28 de Brasília), viajavam 458 pessoas: 406 passageiros chineses, cinco trabalhadores de uma agência de viagem e 47 membros da tripulação, declarou a CCTV, dando a entender que não havia cidadãos estrangeiros a bordo.

A causa do naufrágio ainda é desconhecida, mas a televisão afirma que se tratou de um acidente.

Os jornalistas estrangeiros não podem ter acesso ao local do ocorrido, constatou a AFP.



- Travessias turísticas -

A polícia já ouviu os depoimentos do capitão e do engenheiro-chefe, segundo a Xinhua. Ambos afirmaram que o barco se inclinou subitamente e afundou em "menos de um minuto".

Um dos sobreviventes, Zhang Hui, narrou que a tragédia ocorreu de maneira rápida. Pouco antes do barco virar, "a chuva batia no flanco direito e entrava em muitas cabines", explicou esta testemunha.

Segundo a imprensa oficial, sete pessoas que conseguiram chegar a nado à margem deram o alerta.

Mais de 100 passageiros reservaram as passagens em uma agência de turismo de Nankin, enquanto as demais reservas ocorreram em Suzhou e em outras cidades, declarou Yao Wenge, oficial encarregado do transporte fluvial, citado pela agência Xinhua.

Um número importante de turistas tinha entre 50 e 80 anos, informou o jornal Hubei Ribao, citando fontes oficiais.

De acordo com a CCTV, a embarcação - que media 76,5 metros de comprimento - era capaz de transportar até 534 pessoas, e pertencia a uma empresa que operava passeios na região da represa das Três Gargantas.

Segundo a imprensa estatal, o presidente Xi Jinping ordenou o emprego de "todos os esforços possíveis" nas tarefas de resgate.

O primeiro-ministro, Li Keqiang, chegou ao local do naufrágio para coordenar pessoalmente os trabalhos.

Nas redes sociais, os internautas chineses lamentaram a falta de cobertura da mídia: "quando o ferry (Sewol) afundou (no ano passado) na Coreia do Sul, a televisão sul-coreana informou 24 horas".

Em janeiro, 22 pessoas morreram - incluindo oito estrangeiros - quando um rebocador afundou no Yangtsé entre as cidades orientais de Jingjiang e Zhangjiagan.

Após o acidente, o governo provincial disse que o barco estava em fase de testes sem completar adequadamente os procedimentos necessários e sem fornecer informações sobre a condição do navio, tal como exigido pelos regulamentos.

O Yangtsé é o rio mais longo da Ásia, com 6.300 km, e tem registrado várias tragédias fluviais.