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'Viver com dívida': conselho de especialistas do FMI aos países ricos

02/06/2015 17h24

Washington, 2 Jun 2015 (AFP) - Alguns países ricos podem se permitir "viver com sua dívida" e devem evitar reembolsar adiantado seus credores com programas de austeridade "nefastos", diz um estudo publicado nesta terça-feira por especialistas do FMI.

Difundido em plena negociação entre Grécia e seus credores internacionais, entre eles o FMI, esta recomendação se refere apenas a uma certa categoria de países, os que dispõem de uma margem de manobra orçamentária e que se financiam com um baixo custo nos mercados, afirmou o estudo.

Países como Grécia, Itália, Japão e Chipre, que apresentam "fortes riscos" vinculados ao peso de sua dívida, têm "poucas opções" e "devem-se concentrar" nas formas de redução de seu endividamento, afirmam os autores.

Em troca, aos países com saldo positivo no orçamento, onde uma crise é mais improvável, recomenda que não embarquem em políticas drásticas de redução de seu endividamento, indica o estudo, que estimula o debate sobre as medidas de austeridade.

"O custo de medidas que buscam deliberadamente reduzir o montante da dívida pode exceder os benefícios de uma dívida mais frágil em termos de segurança contra a crise", assegurou o estudo, validado pelo economista-chefe do Fundo Olivier Blanchard, mas que não representa a posição oficial da instituição.

Para reduzir sua dívida, esses países podem se ver obrigados a impor impostos ou cortes de gastos com o risco de gerar um efeito "nocivo e permanente" sobre o consumo e a produção, disseram dois autores em um blog.

Esses países devem portanto "simplesmente viver com sua dívida" e deixar que seu peso em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) se reduza com o aumento do crescimento, completaram.

Segundo sua classificação, a lista de países que podem evitar esse choque de austeridade inclui os principais países industrializados, como o Reino Unido.