Grécia dá calote no FMI e analisa suspender referendo
Atenas, 1 Jul 2015 (AFP) - A Grécia entrou em moratória com o Fundo Monetário Internacional nesta terça-feira, depois de não pagar a dívida de 1,5 bilhão de euros (1,7 bilhão de dólares), mas admite suspender o referendo do próximo domingo, em prol da retomada das negociações com a União Europeia.
"Confirmo que os 1,2 bilhão de SDR [unidade monetária dos ativos de reserva do FMI] do pagamento devido pela Grécia ao FMI hoje não foi recebido. Nós informamos à Assembleia de Governadores que a Grécia agora está em atraso e só poderá receber financiamento do FMI quando for resolvido", disse o porta-voz Gerry Rice.
A Grécia torna-se, assim, o primeiro país desenvolvido a dar calote no Fundo, que enfrenta a maior moratória da sua história.
Nesta terça-feira, a Grécia havia informado que não pagaria ao FMI, que participou com a União Europeia nos dois planos de salvamento, que contavam com uma dura receita de austeridade.
No fim do dia, Atenas fez um pedido de última hora para estender o prazo de pagamento, previsto para meia-noite do horário local (22H00 GMT) desta terça-feira.
Rice confirmou o pedido, mas a Assembleia de Governadores ainda não tomou qualquer decisão.
"O pedido da Grécia irá para a Assembleia dos Governadores no tempo devido", afirmou o porta-voz.
O incidente com a Grécia trata-se de um sério revés para a credibilidade do FMI, que não sofria um calote desde 2001, com o Zimbábue, e que acordou com a Grécia o maior empréstimo de sua história.
Até recentemente, o FMI parecia acreditar que Atenas honoraria seus compromissos financeiros. No início de junho, a diretora-gerente do organismo dizia acreditar nas promessas do primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras.
Os problemas do FMI com a Grécia não acabaram aí. O país europeu deve pagar um total de 5,4 bilhões de euros ao Fundo neste ano, sobre uma dívida total de 21 bilhões.
O próximo pagamento, de 284 milhões de euros, está marcado para 1º de agosto.
Nesta terça-feira, as bolsas europeias, preocupadas pelo futuro imediato da Grécia, continuaram caindo, embora menos do que na véspera. Paris recuou 1,63%, Frankfurt 1,25%, Londres 1,5%, e Madri 0,78%.
A agência de classificação de risco Standard and Poor's declarou o 'default parcial' dos quatro grandes bancos gregos - NBG (Banco Nacional da Grécia), Pireo, Eurobank e Alpha -, após a implementação do controle de capitais a fim de evitar a fuga massiva de divisas.
A agência de classificação de risco Fitch também anunciou o rebaixamento da nota da Grécia para "CC" após o fracasso das negociações e o anúncio de um referendo sobre a última oferta dos credores.
Para a Fitch, o fim das negociações com os credores "aumentou significativamente o risco de que a Grécia não possa enfrentar suas dívidas nos próximos meses".
Referendo pode ser suspensoA Grécia não descarta suspender o referendo previsto para domingo sobre as propostas de seus credores, se as negociações com a União Europeia forem retomadas, afirmou nesta terça-feira à noite em Bruxelas uma fonte europeia próxima às negociações.
Durante a teleconferência do Eurogrupo realizada nesta tarde, os outros ministros da Economia da zona do euro questionaram a Grécia sobre qual seria o vínculo entre o novo pedido de ajuda e o referendo, explicou esta fonte.
"A resposta foi de que o referendo pode ser suspenso", acrescentou.
O Eurogrupo rejeitou, durante esta reunião, a extensão de dois anos do programa europeu de assistência financeira, que expirou nesta terça-feira às 22H00 GMT (19H00 de Brasília). A teleconferência deve ser retomada na quarta-feira às 09H30 GMT (06H30 de Brasília) para analisar as petições gregas.
Concretamente, o governo de Atenas propôs um acordo de dois anos com o Mecanismo Europeu de Estabilidade Financeira (Mede), o fundo permanente de resgate da Eurozona, a fim de garantir a cobertura plena de suas necessidades de financiamento durante esse período, e ao mesmo tempo uma reestruturação da dívida pública.
O governo criou neste terça-feira uma página na internet específica sobre o referendo: http://www.referendum2015gov.gr/
Rajoy se posicionaVários líderes europeus tentaram nesses dias apresentar o referendo sobre a permanência ou não da Grécia na Eurozona como uma chantagem de Atenas.
O governo grego rejeita esse argumento, em um país em que o apoio ao euro é claramente majoritário, e afirma que o objetivo dessa estratégia é enfraquecer o movimento oposto à doutrina de austeridade.
Os líderes da UE "têm medo do avanço de forças como [o partido espanhol de esquerda] Podemos, e querem detê-los", afirmou o ministro grego de Trabalho, Panos Skourletis, em uma entrevista publicada pelo jornal El Mundo.
Nesta terça-feira, o presidente do governo espanhol, o conservador Mariano Rajoy, foi o primeiro mandatário europeu a defender abertamente uma mudança de governo na Grécia.
"Se o referendo for realizado e se Tsipras o perder, isso será bom para a Grécia, porque os gregos terão dito 'sim, queremos permanecer no euro', e se poderá negociar com outro governo", afirmou Rajoy em uma entrevista.
burs-avl/eg/mvv/cc/lr
"Confirmo que os 1,2 bilhão de SDR [unidade monetária dos ativos de reserva do FMI] do pagamento devido pela Grécia ao FMI hoje não foi recebido. Nós informamos à Assembleia de Governadores que a Grécia agora está em atraso e só poderá receber financiamento do FMI quando for resolvido", disse o porta-voz Gerry Rice.
A Grécia torna-se, assim, o primeiro país desenvolvido a dar calote no Fundo, que enfrenta a maior moratória da sua história.
Nesta terça-feira, a Grécia havia informado que não pagaria ao FMI, que participou com a União Europeia nos dois planos de salvamento, que contavam com uma dura receita de austeridade.
No fim do dia, Atenas fez um pedido de última hora para estender o prazo de pagamento, previsto para meia-noite do horário local (22H00 GMT) desta terça-feira.
Rice confirmou o pedido, mas a Assembleia de Governadores ainda não tomou qualquer decisão.
"O pedido da Grécia irá para a Assembleia dos Governadores no tempo devido", afirmou o porta-voz.
O incidente com a Grécia trata-se de um sério revés para a credibilidade do FMI, que não sofria um calote desde 2001, com o Zimbábue, e que acordou com a Grécia o maior empréstimo de sua história.
Até recentemente, o FMI parecia acreditar que Atenas honoraria seus compromissos financeiros. No início de junho, a diretora-gerente do organismo dizia acreditar nas promessas do primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras.
Os problemas do FMI com a Grécia não acabaram aí. O país europeu deve pagar um total de 5,4 bilhões de euros ao Fundo neste ano, sobre uma dívida total de 21 bilhões.
O próximo pagamento, de 284 milhões de euros, está marcado para 1º de agosto.
Nesta terça-feira, as bolsas europeias, preocupadas pelo futuro imediato da Grécia, continuaram caindo, embora menos do que na véspera. Paris recuou 1,63%, Frankfurt 1,25%, Londres 1,5%, e Madri 0,78%.
A agência de classificação de risco Standard and Poor's declarou o 'default parcial' dos quatro grandes bancos gregos - NBG (Banco Nacional da Grécia), Pireo, Eurobank e Alpha -, após a implementação do controle de capitais a fim de evitar a fuga massiva de divisas.
A agência de classificação de risco Fitch também anunciou o rebaixamento da nota da Grécia para "CC" após o fracasso das negociações e o anúncio de um referendo sobre a última oferta dos credores.
Para a Fitch, o fim das negociações com os credores "aumentou significativamente o risco de que a Grécia não possa enfrentar suas dívidas nos próximos meses".
Referendo pode ser suspensoA Grécia não descarta suspender o referendo previsto para domingo sobre as propostas de seus credores, se as negociações com a União Europeia forem retomadas, afirmou nesta terça-feira à noite em Bruxelas uma fonte europeia próxima às negociações.
Durante a teleconferência do Eurogrupo realizada nesta tarde, os outros ministros da Economia da zona do euro questionaram a Grécia sobre qual seria o vínculo entre o novo pedido de ajuda e o referendo, explicou esta fonte.
"A resposta foi de que o referendo pode ser suspenso", acrescentou.
O Eurogrupo rejeitou, durante esta reunião, a extensão de dois anos do programa europeu de assistência financeira, que expirou nesta terça-feira às 22H00 GMT (19H00 de Brasília). A teleconferência deve ser retomada na quarta-feira às 09H30 GMT (06H30 de Brasília) para analisar as petições gregas.
Concretamente, o governo de Atenas propôs um acordo de dois anos com o Mecanismo Europeu de Estabilidade Financeira (Mede), o fundo permanente de resgate da Eurozona, a fim de garantir a cobertura plena de suas necessidades de financiamento durante esse período, e ao mesmo tempo uma reestruturação da dívida pública.
O governo criou neste terça-feira uma página na internet específica sobre o referendo: http://www.referendum2015gov.gr/
Rajoy se posicionaVários líderes europeus tentaram nesses dias apresentar o referendo sobre a permanência ou não da Grécia na Eurozona como uma chantagem de Atenas.
O governo grego rejeita esse argumento, em um país em que o apoio ao euro é claramente majoritário, e afirma que o objetivo dessa estratégia é enfraquecer o movimento oposto à doutrina de austeridade.
Os líderes da UE "têm medo do avanço de forças como [o partido espanhol de esquerda] Podemos, e querem detê-los", afirmou o ministro grego de Trabalho, Panos Skourletis, em uma entrevista publicada pelo jornal El Mundo.
Nesta terça-feira, o presidente do governo espanhol, o conservador Mariano Rajoy, foi o primeiro mandatário europeu a defender abertamente uma mudança de governo na Grécia.
"Se o referendo for realizado e se Tsipras o perder, isso será bom para a Grécia, porque os gregos terão dito 'sim, queremos permanecer no euro', e se poderá negociar com outro governo", afirmou Rajoy em uma entrevista.
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