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Oito dias na crise da dívida grega

05/07/2015 21h06

Atenas, 6 Jul 2015 (AFP) - A vitória do "Não" no referendo celebrado neste domingo pôs um fim a uma semana frenética da crise grega. Atenas e seus credores (UE e FMI) agora terão que analisar os passos a seguir.

Sábado, 27 de junho:

O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, anuncia, na madrugada de sábado a convocação de um referendo a ser realizado em 5 de julho a respeito das últimas medidas de austeridade propostas pelos credores da Grécia e que o governo repudia.

"O povo deve decidir sem chantagens". As propostas dos credores "têm como objetivo humilhar todo um povo", sustenta o dirigente grego.

O presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, que considera que a Grécia rompeu as negociações, diz que o plano de ajuda financeira terminará em 30 de julho, sem prorrogação.

Domingo, 28 de junho:

Alexis Tsipras anuncia o fechamento dos bancos durante uma semana e a instauração de um controle de saques. A retirada de dinheiro em caixas automáticos se limita a 60 euros diários por pessoa.

O Banco Central Europeu (BCE) dá um refresco a Atenas, ao manter inalterado o nível de fornecimento de liquidez com caráter de urgência para os bancos gregos.

Durante o fim de semana, as sucursais bancárias têm longas filas de espera dos gregos, que tentam tirar o máximo de dinheiro vivo possível.

Segunda-feira, 29 de junho:

Os bancos gregos permanecem fechados neste primeiro dia de controle de capitais, decretado até 6 de julho. Esta decisão desestabiliza os mercados financeiros mundiais, mas sem causar pânico.

O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, se lança na campanha pelo "Sim" no referendo. Um "Não" representaria "dizer não à Europa", disse o político europeu, um argumento retomado posteriormente por todos os partidários do "Sim".

Terça-feira, 30 de junho:

A Grécia propõe pedir uma nova ajuda europeia para cobrir suas necessidades de financiamento durante dois anos, ou seja, 30 bilhões de euros, uma proposta que incluiria também uma reestruturação da dívida.

Com escassez de recursos e sem conseguir um acordo com seus credores, a Grécia entra em default de sua dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI), ao não conseguir honrar com o pagamento de 1,5 bilhão de euros (1,7 bilhão de dólares).

Quarta-feira, 1º de julho:

Durante a noite, o governo grego envia aos seus credores uma carta no qual se diz disposto a aceitar as reformas exigidas a Atenas, mas com uma série de modificações e novas condições.

O ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble, exige que Atenas "esclareça suas posições", ao avaliar que no momento não existe uma "base para debater medidas sérias". A chanceler alemã, Angela Merkel, acrescenta que não se trata de buscar "um compromisso a qualquer preço".

Alexis Tsipras confirma a celebração do referendo e exige que os gregos votem no "Não", cuja vitória representaria, em sua opinião, um "passo decisivo para um acordo melhor".

Quinta-feira, 2 de julho:

O ministro grego das Finanças, Yanis Varoufakis, diz que se demitirá se o "Sim" vencer o referendo.

O FMI publica um informe no qual reduz de 2,5% para 0% suas previsões de crescimento da economia grega este ano, enquanto prevê que a Grécia vai precisar de 36 bilhões de euros em ajuda europeia nos próximos três anos, mesmo se não aceitar a proposta de acordo dos credores, e uma forte reestruturação de sua dívida.

Sexta-feira, 3 de julho:

A posição da Grécia para negociar sua sobrevivência financeira "será consideravelmente frágil" se o "Não" vencer, diz Juncker, que desmente manter negociações com Atenas.

O Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) declara oficialmente a Grécia em situação de falta de pagamento, mas sem consequências financeiras imediatas.

Em discurso pela televisão, Alexis Tsipras pede, com base no relatório do FMI, um perdão de 30% da dívida grega e um período de carência de 20 anos para garantir "a viabilidade da dívida".

À noite, a menos de um quilômetro de distância, 25.000 partidários do "Não" e 22.000 partidários do "Sim" se manifestam nas ruas de Atenas.

Sábado, 4 de julho:

Dia de reflexão. As pesquisas de opinião mostram um resultado muito apertado no referendo.

Domingo, 5 de julho:

O "Não" às exigências dos credores da Grécia vence o referendo com 61,31% dos votos contra quase 39% para o "Sim".

Após divulgados os primeiros resultados, Tsipras garante que a decisão dos gregos "não é uma ruptura com a Europa", mas "reforça" o "poder de negociação" do governo grego.

No entanto, o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, considera o resultado "muito lamentável para o futuro da Grécia".