China ameaça a difícil recuperação da economia japonesa
Tóquio, 28 Ago 2015 (AFP) - O Japão, cuja economia se contraiu no último trimestre, pode ver sua situação agravada pela desaceleração da China. As novas estatísticas publicadas nesta sexta-feira não dão muita margem de esperança.
Embora o governo e o Banco do Japão (BoJ) considerem que a contração do segundo trimestre é temporária, os japoneses voltaram a reduzir seus gastos no mês passado (-0,2% ao ano). Os analistas esperavam um aumento de 0,5%, após o recuo de 2% em junho.
Ao mesmo tempo, as esperanças de inflação se esvaem. Os preços ao consumo, sem contar os de bens não duráveis, estancaram-se neste período.
Já nula em fevereiro, a inflação evolui atualmente em torno de zero por efeito do preço da energia, embora o BoJ mantenha seu objetivo de alcançar a meta de 2% em 2016.
Excluindo alimentação e energia, os preços subiram 0,6%.
O presidente do banco central, Haruhiko Kuroda, reiterou na quinta-feira sua confiança em um discurso pronunciado em Nova York. "A tendência a superar a deflação chega ao fim? Não, não é o caso", disse.
E isso porque, o aumento do imposto sobre o consumo, o IVA, que provocou a recessão em 2014 e a queda dos preços do petróleo "só afetam a inflação temporariamente", avaliou.
Entre as mudanças destacam-se os "lucros recordes" das companhias japonesas e o "aumento salarial inédito em duas décadas", em um mercado de emprego exultante. A taxa de desemprego caiu em julho a 3,3% da população ativa com condições muito favoráveis para as pessoas que buscam trabalho.
Para cada 100 demandas de emprego existem 121 ofertas de trabalho, o que não é visto há 23 anos e meio.
Laços estreitosSegundo muitos economistas, parece inevitável que nos próximos meses haja uma nova expansão da política monetária.
"O índice de preços está a ponto de voltar ao terreno negativo pela primeira vez desde abril de 2013", alerta Junichi Makino, da SMBC Nikko Securities. "A queda dos preços do petróleo e a revalorização do iene podem levar o BoJ a atuar", analisa.
"O governo de Shinzo Abe pode anunciar um novo plano de reativação para apoiar uma economia cambaleante e evitar que a 'abenomics' saia dos trilhos pela segunda vez", pronosticam os analistas da Natixis, que alertam para o risco que se deriva da China.
Os dados de comércio exterior já mostram um impacto, pois a China é um parceiro importante. Em 2014, o Japão exportou 18,3% de seus bens ao mercado chinês. Para os Estados Unidos foram 18,6%.
Os 54% das exportações do arquipélago são destinadas à Ásia, região diretamente fragilizada pela desaceleração chinesa. "Dados os laços estreitos entre Pequim e outros países da Ásia, o Japão não pode deixar de ver-se afetado com as más notícias dadas pela China em termos de crescimento e/ou mercados financeiros", disse a Natixis.
Os investimentos diretos do Japão na China também são consideráveis (4,33 bilhões de dólares em 2014), e todas as grandes empresas operam no país, desde o setor automobilístico (Toyota, Nissan) passando pela eletrônica (Panasonic, Sony), e o comércio (Uniqlo, Aeon).
Diante do pânico nas bolsas, o governo japonês tentou acalmar os ânimos nesta semana. O ministro das Finanças Taro Aso se mostrou preocupado pela valorização "brutal" do iene em relação ao dólar.
anb/kap/mf/af/eg/cc/mvv
NATIXIS
TOYOTA MOTOR
NISSAN MOTOR
PANASONIC CORP.
SONY
FAST RETAILING
AEON
Embora o governo e o Banco do Japão (BoJ) considerem que a contração do segundo trimestre é temporária, os japoneses voltaram a reduzir seus gastos no mês passado (-0,2% ao ano). Os analistas esperavam um aumento de 0,5%, após o recuo de 2% em junho.
Ao mesmo tempo, as esperanças de inflação se esvaem. Os preços ao consumo, sem contar os de bens não duráveis, estancaram-se neste período.
Já nula em fevereiro, a inflação evolui atualmente em torno de zero por efeito do preço da energia, embora o BoJ mantenha seu objetivo de alcançar a meta de 2% em 2016.
Excluindo alimentação e energia, os preços subiram 0,6%.
O presidente do banco central, Haruhiko Kuroda, reiterou na quinta-feira sua confiança em um discurso pronunciado em Nova York. "A tendência a superar a deflação chega ao fim? Não, não é o caso", disse.
E isso porque, o aumento do imposto sobre o consumo, o IVA, que provocou a recessão em 2014 e a queda dos preços do petróleo "só afetam a inflação temporariamente", avaliou.
Entre as mudanças destacam-se os "lucros recordes" das companhias japonesas e o "aumento salarial inédito em duas décadas", em um mercado de emprego exultante. A taxa de desemprego caiu em julho a 3,3% da população ativa com condições muito favoráveis para as pessoas que buscam trabalho.
Para cada 100 demandas de emprego existem 121 ofertas de trabalho, o que não é visto há 23 anos e meio.
Laços estreitosSegundo muitos economistas, parece inevitável que nos próximos meses haja uma nova expansão da política monetária.
"O índice de preços está a ponto de voltar ao terreno negativo pela primeira vez desde abril de 2013", alerta Junichi Makino, da SMBC Nikko Securities. "A queda dos preços do petróleo e a revalorização do iene podem levar o BoJ a atuar", analisa.
"O governo de Shinzo Abe pode anunciar um novo plano de reativação para apoiar uma economia cambaleante e evitar que a 'abenomics' saia dos trilhos pela segunda vez", pronosticam os analistas da Natixis, que alertam para o risco que se deriva da China.
Os dados de comércio exterior já mostram um impacto, pois a China é um parceiro importante. Em 2014, o Japão exportou 18,3% de seus bens ao mercado chinês. Para os Estados Unidos foram 18,6%.
Os 54% das exportações do arquipélago são destinadas à Ásia, região diretamente fragilizada pela desaceleração chinesa. "Dados os laços estreitos entre Pequim e outros países da Ásia, o Japão não pode deixar de ver-se afetado com as más notícias dadas pela China em termos de crescimento e/ou mercados financeiros", disse a Natixis.
Os investimentos diretos do Japão na China também são consideráveis (4,33 bilhões de dólares em 2014), e todas as grandes empresas operam no país, desde o setor automobilístico (Toyota, Nissan) passando pela eletrônica (Panasonic, Sony), e o comércio (Uniqlo, Aeon).
Diante do pânico nas bolsas, o governo japonês tentou acalmar os ânimos nesta semana. O ministro das Finanças Taro Aso se mostrou preocupado pela valorização "brutal" do iene em relação ao dólar.
anb/kap/mf/af/eg/cc/mvv
NATIXIS
TOYOTA MOTOR
NISSAN MOTOR
PANASONIC CORP.
SONY
FAST RETAILING
AEON
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.