IPCA
0,83 Abr.2024
Topo

Negociadores farão novo texto para facilitar acordo global sobre clima

04/09/2015 16h51

Bona, 4 Set 2015 (AFP) - Os negociadores da ONU sobre o clima decidiram nesta sexta-feira, em Bonn, acelerar as negociações e elaborar um rascunho "coerente" e "conciso" que abra caminho para a adoção, em dezembro, de um acordo global capaz de frear o aquecimento do planeta.

Os dois copresidentes, o norte-americano Daniel Reifsnyder e o argelino Ahmed Djoghlaf, se disseram "dispostos" a produzir este novo documento ao longo da última rodada de negociações, de 19 a 23 de outubro.

Os representantes de 195 países devem se encontrar de 30 de novembro a 11 de dezembro em Paris, com o objetivo de selar um acordo mundial para limitar o aquecimento climático a dois graus com relação à era pré-industrial.

Os países terão em outubro "a base de negociação que não tiveram até agora", garantiu Djoghlaf. "Baseado nas posições que foram expressas aqui", em Bonn, ele será "coerente, conciso e completo", prometeu.

Reifsnyder foi mais longe: "espero que consigamos fazer alguma coisa que será uma base melhor" de negociação, permitindo aos países "ir mais longe" e "negociar a fundo".

Eles também anunciaram que um "comitê de redação" reunindo representantes de todos os países será criado e se reuniria desde o primeiro dia da próxima sessão.

Desde segunda-feira, inúmeros delegados haviam manifestado frustração diante da lentidão das discussões. Alguns criticaram também o texto negociado, ainda longe de se parecer com um projeto de resolução para a conferência de Paris.

O documento atual se contenta em reunir as questões em suspenso e fazer uma lista de opções, muitas delas contraditórias, propostas pelos países.

- Mudar radicalmente de ritmo -Djoglhlaf admitiu que se tratava de uma "compilação melhorada" das posições de cada um e se disse "partidário de uma política em pequenos passos" que, disse, "mostrou que ela segundo ele, se mostrou eficaz.

"Continuamos a caminho de um acordo em Paris", afirmou a responsável pelo clima da ONU, Christiana Figueres.

Ela informou que o déficit de 1,2 milhão de euros para financiar a participação dos negociadores de países em desenvolvimento nas próximas reuniões estaria a partir de agora quitado.

Para a negociadora francesa Laurence Tubiana, a sessão foi "muito importante", permitindo que cada país conhecesse a posição dos outros. "Agora, a partir daqui, nós devemos reunir todas as peças deste quebra-cabeças" para termos uma "visão global clara" em outubro.

As divergências continuam profundas em diversos assuntos, especialmente a repartição dos esforços para limitar as emissões de gases de efeito estufa entre países ricos, emissores históricos, e os países pobres e emergentes.

"Nós vimos esta semana um número crescente de zonas de convergência, mas é claro que uma mudança radical de ritmo é necessária agora", ressaltou a negociadora da União Europeia Elina Bardram.

Para Jennifer Morgan, do World Resources Institute, "os países fizeram progressos importantes na definição da arquitetura do acordo" de Paris.

"Os negociadores tiveram discussões importantes sobre elementos-chave" com um eventual mecanismo prevendo rever regularmente para cima os compromissos dos países em matéria de gases de efeito estufa, explicou.

Agora eles "devem fazer as coisas andarem ao longo de reuniões de ministros e chefes de Estado" previstas para antes de outubro.

Na sequência da sessão de Bonn, uma nova reunião ministerial informal que reunirá representantes de quarenta países será realizada em Paris no domingo e na segunda-feira.

"Estas discussões informais são muito úteis", ressaltou Reifsnyder.

Seguirão outras reuniões internacionais, incluindo uma reunião entre Ban Ki-moon e chefes de Estado em 27 de setembro em Nova York, as assembleias do Banco Mundial e do FMI em outubro, em Lima, e reuniões bilaterais entre líderes de primeiro plano.

Um estudo publicado na última quarta-feira lembrou a urgência de intensificar esforços. Os objetivos de redução das emissões de gases de efeito estufa anunciados até agora pelos países deixam o aquecimento em um caminho "bem acima" de dois graus.