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Samarco rejeita relatório da ONU sobre 'lama tóxica' em Mariana

26/11/2015 13h56

Rio de Janeiro, 26 Nov 2015 (AFP) - A mineradora Samarco, propriedade da também brasileira Vale e da anglo-australiana BHP Billiton, rejeitou nesta quinta-feira um relatório da ONU que denuncia a toxidade da lama que sepultou o distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, e poluiu a bacia do Rio Doce.

"O material proveniente das barragens não apresenta perigo à saúde humana, conforme atestados oficiais anteriores à ocorrência. Esse material, proveniente do processo de beneficiamento do minério de ferro, é composto basicamente de água, partículas de óxidos de ferro e sílica (ou quartzo" e não é tóxico, afirma a Samarco em um comunicado.

Novas análises realizadas nos locais mais próximos à área da tragédia "confirmam que os dejestos provenientes da barragem de Fundão não representam perigo para as pessoas", enfatiza a Samarco.

Em um comunicado à parte, a BHP Billiton assegura, da mesma forma, que a concentração de metais na água, analisada pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB), não difere de maneira significativa de outras análises realizadas em 2010. O estudo conclui que "não há indicadores de que a lama seja tóxica em relação a metais pesados".

Especialistas da ONU afirmaram na quarta-feira que a lama de dejetos de minério liberada no rio pelo rompimento da barreira é tóxica.

"Novos testes provam que o colapso de uma barreira de dejetos pertencente à joint-venture entre Vale y BHP Billiton (Samarco), que lançou 50 milhões de toneladas de resíduos de minério de ferro, jogou altos níveis de metais pesados tóxicos e outros produtos químicos tóxicos no rio Doce", afirmou o Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU em um comunicado.

O texto - no qual aparecem citados o relator especial para direitos humanos y medio ambiente, John Knox, e o especialista independente de direitos humanos e substâncias e resíduos perigosos da ONU, Baskut Tuncak -, não especifica de que novas evidências se trata.

Além disso, a ONU recrimina a atitude do governo brasileiro.

"Não é aceitável que se tenha demorado três semanas para que as informações sobre os riscos tóxicos da catástrofe tenham sido divulgadas", afirmam os especialistsa.

"As medidas tomadas pelo governo brasilieor, a Vale e a BHP Billiton para evitar danos foram claramente insuficientes. O governo e as empresas devem fazer de tudo a seu alcance para evitar mais danos, incluindo a exposição a metais pesados e outras substâncias químicas tóxicas", alertaram Knox e Tuncak.

"O rio (Doce) agora é considerado morto pelos cientistas,m e o lodo tóxico segue lentamente seu caminho rio abaixo na direção do Parque Nacional Marinho de Abrolhos, onde ameaça a vegetação protegida", acrescentou Knox.