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Presidente da Fosun reaparece na China após "colaborar" com investigação

Bobby Yip/Files/Reuters
Imagem: Bobby Yip/Files/Reuters

14/12/2015 08h06

Xangai, 14 dez 2015 (AFP) - O presidente do conglomerado chinês Fosun, proprietário do Club Med, reapareceu nesta segunda-feira (14) em um encontro de acionistas após vários dias de um "desaparecimento" enigmático, durante o qual cooperou em uma investigação das autoridades, informa a imprensa.

Guo Guangchang, magnata de 48 anos e figura emblemática do empresariado chinês, presidiu nesta segunda-feira a assembleia anual de acionistas da Fosun, de acordo com fotos publicadas pela revista financeira chinesa Caijing.

Diante dos acionistas, que o receberam com aplausos, o executivo disse estar "convencido de que a Fosun será ainda mais florescente no próximo ano", sem mencionar o que aconteceu nos últimos dias, informa a Caijing.

Outra revista, a Caixin, anunciou na quinta-feira que Guo "não podia ser contactado" pela empresa desde a tarde daquele dia, o que alimentou especulações sobre uma possível investigação contra o executivo.

A notícia caiu como uma bomba. A suspensão, na sexta-feira e sem explicações, das cotações das empresas da Fosun nas Bolsas de Hong Kong e Xangai aumentou ainda mais a preocupação.

A Fosun divulgou no sábado um comunicado tardio que afirmava apenas que Guo Guandchang estava "ajudando em algumas investigações das autoridades judiciais".

Mercado preocupado

A Caijing indica, citando "múltiplas fontes" não identificadas, que o magnata "concluiu a cooperação" com as autoridades e "retornou para casa são e salvo". Um eufemismo para sugerir que não está envolvido diretamente nas investigações.

Contactada pela AFP, Valentina Wu, porta-voz da Fosun, não confirmou se Guo concluiu de maneira definitiva a "cooperação" com as autoridades.

Na China é habitual tomar conhecimento do "desaparecimento" de uma autoridade pública ou executivo de empresa antes do anúncio formal de uma investigação da polícia, das entidades reguladoras ou da poderosa autoridade anticorrupção do Partido Comunista.

O retorno ao trabalho do magnata, no entanto, não foi suficiente para tranquilizar os investidores. As filiais do conglomerado voltaram a registrar cotações nas Bolsas de Hong Kong e Xangai, com fortes quedas.

Em Hong Kong, a Fosun International, empresa de investimentos do conglomerado, fechou em baixa de 9,45%, enquanto a Fosun Pharmaceutical perdeu 12,05%, assim como 3,77% em Xangai.

O portal de informações Sohu indicou na sexta-feira que o magnata estava sendo interrogado como parte de uma investigação anticorrupção contra Ai Baojun, vice-prefeito de Xangai e diretor da zona franca da cidade.

A "cooperação" de Guo Guangchang também pode ter relação com as múltiplas investigações abertas atualmente contra o setor financeiro (reguladores e empresas de corretagem), poucos meses depois de uma baixa expressiva das Bolsas locais.

A Fosun é uma das maiores empresas privadas da China. Guo Guangchang é a 17ª pessoa mais rica do país, com uma fortuna de US$ 5,6 bilhões, segundo a agência Bloomberg.

Presente em vários setores, da construção até os seguros, passando pelo lazer e a siderurgia, o conglomerado também é conhecido por suas aquisições no exterior.

Depois de dois anos de dura batalha, conseguiu assumir o controle do Club Med no início de 2015.

Também adquiriu 5% da operadora britânica de turismo Thomas Cook, uma participação no "Cirque du Soleil" canadense, além de ter comprado empresas de seguros nos Estados Unidos e em Portugal.