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Argentina reúne empresários de todo mundo na busca por investimentos

13/09/2016 22h00

Buenos Aires, 14 Set 2016 (AFP) - Na Argentina, a empresa de mineração Pan American Silver prometeu nesta terça-feira (13) investir US$ 1 bilhão na maior reserva mundial de prata, e a Dow Chemical apostará na energia eólica, no ambicioso fórum apelidado pela imprensa argentina de "Mini Davos".

Aos empresários ainda cautelosos, o governo de Maurício Macri pediu "confiança e presença" de empresas neste país que protegeu sua economia "e se fechou ao mundo" nos últimos 12 anos sob os governos de Néstor e Cristina Kirchner (2003-2015). Participam do fórum 1.600 empresários de 67 países.

"Começamos a percorrer uma etapa, em que o país está novamente em marcha, em que nós, argentinos, olhamos para nós mesmos e para o mundo com otimismo. Uma etapa de regras do jogo claras, de sensatez", disse Macri no Centro Cultural Kirchner, no centro de Buenos Aires.

A terceira economia da América Latina, com 7% de déficit fiscal, está sedenta por capitais que a tirem da letargia. Desde que o presidente Macri assumiu, em dezembro do ano passado, os números não têm sido nada animadores.

"Estamos muito entusiasmados com as oportunidades da Argentina. Temos de resolver problemas como corrupção e déficit, para depois ter progresso. Esse país está pronto para ganhar, se mudar as regras do jogo", declarou presidente da Dow Chemical Company, Andrew Liveris.

Liveris anunciou a intenção da companhia de continuar com os investimentos no polo petroquímico de Bahía Blanca, no sul do país, e de abrir um polo de exploração de energia eólica na província de Río Negro, também ao sul, informou a Presidência em um comunicado.

O outro anúncio concreto dessa maratona de 48 horas com CEOs do mundo inteiro foi feito pelo titular da Pan American Silver, Ross Beaty, que prometeu um investimento de US$ 1 bilhão para o desenvolvimento de um projeto na província de Chubut (sul), onde se encontra a maior reserva de prata do mundo.

País em recessão

A economia argentina ainda atravessa, porém, um momento difícil.

"Recebemos um país em recessão, com altíssima inflação, e já começamos a ver os primeiros sinais de que a recessão está ficando para trás", garantiu Macri.

Voltar ao 'top ten'

O fórum, que conta com a presença 400 representantes do governo, pretende, sobretudo, "restabelecer a confiança com o mundo", segundo a carta de apresentação oficial.


O presidente da Fiat Chrysler, Cristiano Rattazzi, aposta em que todas as medidas do governo de Macri farão a Argentina "voltar a ser como há 90 anos, um dos dez primeiros países do mundo".

"Para isso, precisamos contar com regras normais, sérias, claras, estáveis e abertura ao mundo, uma inflação abaixo de 5% anual e não ter um déficit fiscal incontrolável", defendeu Ratazzi à AFP.

Até quinta-feira (15), serão apresentados projetos nas áreas de petróleo e gás, energias renováveis, indústria, mineração, agroindústria, transporte e telecomunicações, entre outras.

Entre os empresários que anunciaram sua participação, estão Robert Bob Dudley, da petroleira britânica BP; Joe Kaeser, da alemã Siemens; Muhtar Kent, da Coca-Cola; Andrew Liveris (Dow Chemical, EUA); Paolo Rocca (Techint, Argentina); e Martin Sorrell (WPP, Grã Bretanha).

"Este é um fórum que nos dá a oportunidade de mostrar quais são os projetos em jogo com o grande plano de infraestrutura que foi lançado. Serve para irmos do macro ao microeconômico, ir em direção a projetos concretos", declarou a chanceler Susana Malcorra.

A ministra das Relações Exteriores não espera, porém, anúncios bombásticos.

"Essas não são coisas que acontecem de um dia para o outro. Não vai haver assinaturas de contratos, mas uma descrição de tudo o que se pode concretizar", explicou Susana à imprensa ao chegar ao Teatro Colón na noite de segunda-feira, em uma recepção de gala para os participantes.

Malcorra disse que o governo "deu um primeiro passo, que foi o de construir confiança".

Apesar do ceticismo da chanceler, o governo respira um clima de otimismo.

"Esse fórum é um sucesso antes de começar", se aventurou na segunda-feira o chefe de Gabinete da Presidência, Marcos Peña, em diálogo com correspondentes estrangeiros.

Peña afirmou que esse encontro de banqueiros e de empresários "é um acontecimento histórico, porque nunca houve algo assim na Argentina, que conta com tanto interesse de empresários globais".