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Grécia aceita fazer concessões para alcançar acordo com credores

20/02/2017 17h42

Bruxelas, 20 Fev 2017 (AFP) - Atenas aceitou nesta segunda-feira adotar novas medidas para avançar no desbloqueio de mais recursos do atual programa de resgate, antes de que uma série de eleições cruciais na Europa dificultem uma solução rápida e tragam à tona temores de um eventual 'Grexit'.

O 'sim' grego permite avançar neste plano de ajuda, apesar das diferenças entre seus credores, os países da zona do euro e o Fundo Monetário Internacional, cujos encarregados da missão viajarão à Grécia em breve para definir os detalhes do acordo.

Eles trabalharão "com as autoridades gregas em um pacote adicional de reformas estruturais do sistema tributário, do sistema de pensões e de regulamentação do mercado de trabalho", informou o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, ao final de uma reunião dos ministros das Finanças dos 19 países do euro.

Uma fonte do governo grego assegurou que este acordo, que "inclui a condição inviolável para os gregos de que não haverá 'nem um só euro a mais de austeridade'", prevê medidas como "uma redução do limiar de isenção fiscal", que serão votadas "até meados de março", antes do próximo Eurogrupo.

Embora o FMI tenha comemorado na segunda-feira estas concessões realizadas pela Grécia, o fundo advertiu, em um comunicado, que se deve "avançar mais" para superar as diferenças sobre importantes temas, ao mesmo tempo em que considerou ser "cedo demais para especular" sobre um acordo durante esta missão.

Em Atenas, os chefes de missão dos credores deverão fechar o acordo completo e definitivo que permita o desembolso de uma nova parcela dos 86 bilhões de euros do terceiro plano de ajuda acordado para a Grécia em 2015.

O tempo urge já que, sem novos recursos do programa de resgate vigente, Atenas não poderá devolver os 7 bilhões de euros a seus credores, previstos para julho. Os mercados, além disso, "estão começando a reagir", advertiu um encarregado da zona do euro.

Evitar um 'Grexit' em ano eleitoralOs países da zona do euro e o FMI não conseguiram entrar em acordo nos últimos meses sobre a elevada dívida grega, que após seis anos de resgates financeiros atinge 176,9% do PIB, e sobre os objetivos econômicos para a Grécia, bloqueando qualquer avanço no plano de ajuda.

A instituição monetária, sediada em Washington, mostra-se reticente a participar economicamente do programa vigente porque considera inalcançáveis seus objetivos orçamentários, a não ser que se intensifiquem as reformas previstas ou que os europeus aprovem um perdão da dívida grega.

A Alemanha, primeira economia da zona do euro e principal credora da Grécia, não quer nem ouvir falar desta segunda possibilidade, mas quer a participação do FMI no resgate aprovado em 2015, como já fez nos dois anteriores, em 2010 e 2012.

Sem um perdão da dívida, o FMI considera, ainda, muito ambicioso o objetivo imposto à Grécia pelos europeus de alcançar um superávit orçamentário privado, sem contar o pagamento de juros da dívida de 3,5% do PIB em 2018, defendendo em seu caso 1,5%.

Para alcançar os 3,5% nesse contexto, a instituição monetária, que tem um papel técnico no momento, avalia que Atenas deveria aprovar já medidas equivalentes a 2% do PIB, a aplicar em caso de descumprimento com esse compromisso.

Para tentar arrumar o círculo e avançar para o desbloqueio da nova parcela da ajuda, no fim de semana passado se sucederam os telefonemas para Dijsselbloem, o comissário europeu Pierre Moscovici, o ministro grego das Finanças, Euclides Tsakalotos, e outros ministros.

Na quarta-feira, os olhares se voltarão para o encontro, em Berlim, entre a chefe do governo alemão, Angela Merkel, e a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde; seguido de outro com o presidente do Executivo comunitário, Jean-Claude Juncker.

Os europeus querem evitar um cenário similar ao aberto após a eleição do primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, em 2015, que quase implica na expulsão da Grécia da zona do euro, especialmente em um contexto atual de eleições na Holanda (março), na França (abril-maio) e na Alemanha (setembro), onde os partidos antieuropeus lideram as pesquisas.

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