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Desigualdade e salários baixos enfraquecem crescimento global, aponta FMI

25/09/2017 16h39

Washington, 25 Set 2017 (AFP) - Uma redução da classe média em economias avançadas, como os Estados Unidos, em contexto de fraco crescimento salarial e aumento da desigualdade, está prejudicando o crescimento global, disse um alto funcionário do FMI nesta segunda-feira.

Tao Zhang, vice-diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional, disse que as previsões de crescimento econômico do fundo a serem lançadas no próximo mês mostrarão poucas mudanças na recuperação global, que ainda é relativamente lenta.

"Quase uma década após a crise financeira, a economia global está melhorando", disse Zhang em uma reunião de economistas em Cleveland, Ohio.

Em julho, o FMI previu um crescimento econômico global de 3,5% este ano, ante 3,2% no ano passado, e acelerando para 3,6% em 2018.

Embora esta seja "boas notícias", uma taxa de crescimento global de 3,5% é fraca em termos históricos, explicou.

Como causas, Zhang apontou o fraco crescimento da produtividade, a desigualdade de renda, o baixo crescimento salarial e a inflação fraca.

O FMI prevê um crescimento dos EUA de 2,1% este ano e em 2018, acima de 1,6% em 2016. Embora esse seja a segunda maior expansão desde 1850, está bem abaixo da meta do presidente Donald Trump, de 3%.

Mais da metade das famílias dos EUA agora têm rendimentos mais baixos (corrigidos pela inflação) do que no ano 2000, disse Zhang.

E cerca de dois terços das famílias que saem da classe média estão caindo no segmento inferior da distribuição de renda, ganhando menos da metade da renda média dos EUA, acrescentou.

Essa desigualdade de renda está pesando sobre o consumo global, reduzindo-o em cerca de 3,5% nos últimos 15 anos, disse ele.

"Isso representa um importante obstáculo ao aumento da demanda", acrescentou Zhang, insinuando que esse cenário têm contribuído para o crescimento do protecionismo e no nacionalismo nos países ocidentais.

"Eu sei que todos nós estamos conscientes das ramificações sociais e políticas que acompanharam essas mudanças na distribuição da renda familiar".

Para combater a concentração de renda, Zhang pediu programas específicos de assistência social, aumento da educação e formação profissional, salário mínimo mais elevado, apoio à assistência à infância, bem como maior assistência previdenciária aos pobres.

A gerente-geral do FMI, Christine Lagarde, anunciou na semana passada que os Estados Unidos ficariam aquém de suas ambiciosas metas de crescimento econômico, a menos que o país consiga acelerar as mudanças políticas prometidas, incluindo a reforma tributária.