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Cronologia da pior crise econômica na Argentina desde 2001

25/10/2019 16h19

Buenos Aires, 25 Out 2019 (AFP) - A Argentina vai realizar eleições presidenciais neste domingo (27), em meio à pior crise econômica que o país já sofreu desde 2001, quando declarou moratória de sua dívida de 100 bilhões de dólares - à época, o maior default da história.

Terceira maior economia da América Latina e integrante do G20, a Argentina recorreu ao Fundo Monetário Internacional (FMI) no ano passado e recebeu um empréstimo de 57 bilhões de dólares em troca de um duro plano de austeridade.

A Argentina vai fechar 2019 com um déficit fiscal primário de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB), mas a pobreza aumentou a 35,4%; o desemprego, a 10,6%; e a inflação acumula 37,7% de janeiro a setembro.

Veja a seguir uma cronologia da mais recente crise econômica argentina:

- Queda da moeda -Em um intervalo de 45 dias, entre abril e maio de 2018, o peso argentino perdeu 20% de seu valor, apesar de várias intervenções do Banco Central, que elevou a taxa de juros a 40% ao ano, vendeu reservas internacionais e injetou mais de 10 bilhões de dólares na economia.

- Auxílio do FMI -Em 20 de junho de 2018, o FMI aprovou um empréstimo de 50 bilhões de dólares para resolver a inflação, o déficit fiscal e a queda da moeda. Em troca, o governo de Mauricio Macri se comprometeu com um severo programa de austeridade.

Dois dias depois, o FMI desembolsou a primeira parcela de 15 bilhões de dólares.

- Greve e manifestações -Em 25 de junho de 2018, ocorre uma greve geral em recusa ao acordo com o FMI - organismo ao qual os argentinos atribuem suas piores crises.

Entre julho e agosto, as manifestações e protestos em Buenos Aires e em outras cidades se multiplicam.

- Austeridade -Em 3 de setembro de 2018, Macri anuncia um plano de austeridade que inclui a eliminação de vários ministérios e o restabelecimento dos tributos sobre exportações agrícolas, o setor que gera mais divisas.

Em 25 de setembro, quando as autoridades se encontram em Washington reunidas com os funcionários do FMI, há uma nova greve geral. O presidente do Banco Central, Luis Caputo, renuncia.

- Mais fundos -Em 26 de setembro, o FMI aceita aumentar o pacote de ajuda a um total de 57 bilhões. O Banco Mundial concede outro empréstimo de 950 milhões de dólares.

A Argentina fecha 2018 com uma inflação de 47,6%, a mais alta desde 1991. O peso perdeu metade de seu valor ao longo do ano.

- Congelamento de preços -Em 4 de abril de 2019, milhares de pessoas protestam em Buenos Aires contra as medidas de austeridade.

Em 17 de abril, para aliviar o peso da inflação, o governo ordena congelar os preços de alimentos básicos e as tarifas dos serviços públicos, dos quais tinha retirado os subsídios da época do governo de Cristina Kirchner (2007-15).

Em 29 de maio, a quinta greve geral contra o governo Macri paralisa o país.

- Golpe em Macri nas primárias -Em 11 de agosto de 2019, são realizadas as eleições primárias, nas quais o peronista de centro-esquerda Alberto Fernández recebe 48% dos votos e se torna franco favorito para as eleições presidenciais deste domingo.

Em 14 de agosto, Macri anuncia um aumento no salário mínimo, a redução do imposto sobre vendas (IVA) para alimentos e do imposto de renda, além de congelar o preço dos combustíveis.

Dois dias depois, as agências de classificação de risco Fitch e S&P diminuem o rating da Argentina, devido à incerteza e ao risco de moratória.

Durante a semana, o peso argentino desvaloriza 20%, e a taxa de juros chega a 80% ao ano.

Em 17 de agosto, o ministro das Finanças, Nicolás Dujovne, renuncia.

Em 28 de agosto, a Argentina apresentou ao FMI um reperfilamento que permitiria adiar o vencimento da dívida.

- Emergência alimentar -Em 1º de setembro de 2019, é estabelecido um controle cambial, que limita a aquisição de divisas para pessoas físicas a 10.000 dólares por mês e restringe as transferências de empresas para o exterior.

Em 19 de setembro, em meio a manifestações de movimentos sociais, o Parlamento aprova uma lei de emergência alimentar que permite aumentar os fundos destinados aos programas de ajuda aos mais desfavorecidos.

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