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Ações da Embraer caem 7,5% após rompimento de acordo com a Boeing

Avião E190, da Embraer - Divulgação
Avião E190, da Embraer Imagem: Divulgação

27/04/2020 19h40

As ações da fabricante brasileira de aeronaves Embraer sofreram perdas de 7,5% na Bolsa de Valores de São Paulo nesta segunda-feira (27), após o anúncio no final de semana do término de seu processo de fusão com a Boeing, com sede nos Estados Unidos.

As ações da terceira maior fabricante do mundo, que caíram mais de 15% durante o dia, recuperaram terreno durante a sessão e terminaram com uma perda de 7,5%, enquanto o índice Ibovespa das principais ações ganhou 3,86% .

A Boeing anunciou no sábado que desistiu de adquirir a divisão de aviões comerciais da Embraer. Em resposta, a empresa brasileira acusou o grupo com sede em Seattle de romper "indevidamente" o acordo e de apresentar "falsas alegações" para não cumprir o compromisso, anunciado em 2018, de pagar 4,2 bilhões de dólares.

Tanto Boeing quanto a Embraer enfrentam a crise do setor aéreo provocada pela pandemia do novo coronavírus. Desde o início do ano, as ações da Embraer perderam 65%.

- Arbitragem -A Embraer informou seus acionistas e o mercado na segunda-feira que iniciou "processos de arbitragem" contra a Boeing, embora sem especificar em qual órgão.

A empresa procura amortecer as perdas que sofrerá com a rescisão do contrato, já que a fabricante precisou fazer investimentos significativos previstos no contrato com a Boeing.

Segundo a agência Bloomberg, o grupo norte-americano pode ser obrigado a pagar até US$ 100 milhões em taxas de cancelamento.

A Boeing argumentou que sua contraparte brasileira "não atendeu às condições necessárias" para prosseguir com a compra, uma reivindicação rejeitada pela Embraer, mas que, se comprovada, a deixaria sem a compensação financeira.

A Boeing e a fabricante brasileira estavam apostando nessa aliança para enfrentar a união celebrada entre a European Airbus e o canadense Bombardier.

O presidente Jair Bolsonaro indicou nesta segunda-feira que a Embraer, uma empresa privatizada em 1994 mas na qual o Estado conserva uma "golden share" (que permite intervir em questões estratégicas), pode buscar outros sócios.

"Estamos avaliando. Tem 'golden share', é minha, eu que assino. Se o negócio for realmente desfeito, talvez recomece uma nova negociação com outra empresa", declarou o presidente, que deseja reforçar a aproximação econômica e diplomática com os Estados unidos.