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Em primeiro discurso ao Congresso, Biden celebra que os EUA estão "avançando novamente"

28/04/2021 23h40

Washington, 29 Abr 2021 (AFP) - O presidente Joe Biden comemorou nesta quarta-feira (28), em seu primeiro discurso ao Congresso, os avanços na luta contra a crise sem precedentes provocada pela pandemia, em uma mensagem para defender seu enorme plano de gastos para apoiar a classe média e os trabalhadores "esquecidos".

Na véspera do dia em que completará os primeiros e simbólicos 100 dias de mandato, Biden celebrou o sucesso da campanha de vacinação.

"Agora, depois de apenas 100 dias, posso relatar ao país, os Estados Unidos estão avançando novamente", declarou o democrata, antes de afirmar que herdou um país em crise, atingido pela pior pandemia da história e a pior recessão econômica desde a Grande Depressão.

Biden afirmou que o plano de vacinação conseguiu que mais da metade da população adulta do país tenha recebido pelo menos uma dose do imunizante e fazer com que as mortes por covid-19 diminuíssem em 80% desde janeiro.

"Graças a vocês, o povo americano, nosso progresso nesses 100 dias contra uma das piores pandemias da história é um dos maiores feitos logísticos que nosso país já realizou", afirmou.

Biden recebeu aplausos ao entrar na câmara, uma saudação longe da ovação que costuma acompanhar os líderes nesta cerimônia, muito diminuída neste ano pelas restrições da pandemia.

O presidente esteve acompanhado durante o discurso de sua vice-presidente, Kamala Harris, da líder da maioria democrata na Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, dois cargos nunca ocupados por mulheres simultaneamente, um feito que Biden elogiou.

"Já era hora", afirmou.

- "Pagar sua parte justa" -O principal pilar do tradicional discurso do presidente foi o projeto para as "famílias americanas", que contém um "investimento histórico" em educação e na infância.

O plano, que já despertou a ira dos republicanos, é ambicioso: prevê investimentos de um trilhão de dólares, principalmente em educação, e desoneração de 800 bilhões de impostos para a classe média.

Esse plano visa a geração de "milhões de empregos" e, de acordo com Biden, 90% das vagas em infraestrutura são voltados para pessoas sem curso superior.

"Sei que alguns de vocês em casa se perguntam se esses empregos são para vocês, se sentem deixados para trás e esquecidos em uma economia em rápida mudança", disse Biden.

Para financiá-lo, o democrata propôs o cancelamento dos cortes de impostos para os mais ricos aprovados no governo Donald Trump e aumentar os impostos sobre a renda do capital de 0,3% dos americanos que acumulam mais riquezas.

As empresas e os mais ricos devem pagar "sua parte justa".

E tudo por uma promessa: nenhum americano que ganhe menos de 400.000 por ano verá seus impostos aumentarem, disse um membro do governo que pediu para não ser identificado.

O discurso marca o início de um debate acirrado no Congresso, pois apesar de seu plano de alívio de 1,9 trilhão de dólares para uma economia muito abalada pela pandemia ter sido aprovado, o debate sobre seu gigantesco plano de infraestruturas e a reforma da educação gera mais divisões.

O plano vai exigir a aprovação de um Congresso muito dividido, com uma leve maioria democrata, mas que não garante a tramitação dos projetos.

"O presidente Biden se apresentou na campanha como moderado, mas, até o momento, custa-me encontrar a menor decisão que mostre um senso de moderação", ironizou nesta terça-feira o senador republicano Mitch McConnell.

Os discursos presidenciais no Capitólio são marcados pela pompa e solenidade, uma tradição muito importante na política americana, mas este ano o evento, que começou às 21h locais (22h de Brasília), aconteceu em um ambiente particular, devido à pandemia.

Em vez das 1.600 pessoas que normalmente acompanham o discurso, a capacidade foi limitada a 200. E os congressistas receberam o pedido para apresentar uma lista de convidados, mas "virtual".

O presidente da Suprema Corte, John Roberts, foi o único representante do tribunal. Também estiveram presentes o secretário de Estado, Antony Blinken, e o comandante do Pentágono, Lloyd Austin, mas os demais integrantes do governo tiveram que assistir ao discurso pela televisão.

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