Gigantes de Wall Street avançam com ceticismo no mundo do bitcoin
Apostar no bitcoin e outras moedas virtuais é arriscado, legalmente incerto, mas potencialmente muito lucrativo. Diante deste dilema, os gigantes de Wall Street avançam entre o entusiasmo e o ceticismo.
O presidente do maior banco dos Estados Unidos, JPMorgan Chase, tem uma visão definida sobre o assunto.
"Se pedem meu conselho, diria para não se aproximarem", afirmou Jamie Dimon no final de maio em uma audiência parlamentar.
Mas "não é meu papel dizer às pessoas como gastar seu dinheiro", acrescentou. Seu banco analisa atualmente como ajudar seus clientes a entrarem no campo das criptomoedas.
Impulsionadas durante a pandemia por alguns investidores pequenos com tempo e dinheiro, as moedas virtuais dispararam em 2020 e início de 2021.
Bancos, corretoras e empresas de investimento buscam, agora, satisfazer alguns clientes que sentem que perderam uma oportunidade.
A tradicional gerente de serviços financeiros State Street anunciou na última quinta-feira (10) a criação de uma divisão dedicada aos ativos digitais.
Na última quarta-feira (9), o presidente da corretora online Interactive Brokers afirmou que seus clientes poderão trocar criptomoedas em seu site no final do verão boreal.
Robinhood
Como seus concorrentes Charles Schwab e Fidelity, a Interactive não permite atualmente comprar moedas virtuais como o bitcoin e o ethereum, mas oferece produtos financeiros vinculados a esses valores que evitam que o investidor os tenha diretamente em sua carteira.
Já a corretora Robinhood e a plataforma Coinbase permitem comprá-las.
A empresa ForUsAll, que administra fundos de aposentadoria de cerca de 70 mil empregados, fez um acordo hoje com a Coinbase para permitir que seus clientes incluam 5% de criptomoedas em seus fundos.
O banco de negócios Morgan Stanley afirmou em março que permitirá que seus clientes mais ricos invistam em fundos com bitcoin. E a Goldman Sachs lançou recentemente uma equipe dedicada à corretagem de criptomoedas.
Fidelity Investment, um dos maiores gestores de ativos do mundo, propõe desde 2018 serviços de corretagem e depósito para esses ativos reservados aos grandes investidores como os "hedge funds", e se prepara para lançar novos produtos associados ao bitcoin.
Este tipo de produto poderia facilitar o acesso de pessoas físicas para investir em criptomoedas.
Apesar de uma abertura progressiva, esses tipos de ativos ainda são arriscados.
Hackers
A regulamentação não é clara e os roubos por parte de hackers são frequentes. Além disso, sua volatilidade é enorme: o bitcoin passou de cerca de US$ 30 mil (cerca de R$ 158,1 mil) no início do ano para US$ 63 mil (R$ 354,2 mil) em meados de abril, e ficou em US$ 34 mil (R$ 172,2 mil) no início de junho.
"Os especuladores e quem teme perder uma boa oportunidade continuarão se voltando para as criptomoedas esperando ganhar muito dinheiro", destacou Ian Gendler, da consultora Value Line.
Este especialista desencoraja seus clientes a investirem em criptomoedas pelos riscos muito altos e pela impossibilidade de estimar seu valor: ao contrário de uma empresa ou de uma matéria-prima, as criptomoedas não são garantidas por nenhum ativo tangível e, diferentemente das moedas, não são garantidas por um governo.
As criptomoedas "valem o que o próximo investidor está disposto a pagar", definiu Gendler.
Para Chris Kuiper da consultora CFRA, esses ativos emergentes vieram para ficar. Seu uso vai aumentar "à medida que o marco legal e regulatório for construído", estima.
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