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Gigantes de Wall Street avançam com ceticismo no mundo do bitcoin

Bancos e corretoras buscam, agora, satisfazer alguns clientes que sentem que perderam uma oportunidade - Brendan McDermid/Reuters
Bancos e corretoras buscam, agora, satisfazer alguns clientes que sentem que perderam uma oportunidade Imagem: Brendan McDermid/Reuters

Em Nova York (EUA)

14/06/2021 10h40Atualizada em 14/06/2021 10h43

Apostar no bitcoin e outras moedas virtuais é arriscado, legalmente incerto, mas potencialmente muito lucrativo. Diante deste dilema, os gigantes de Wall Street avançam entre o entusiasmo e o ceticismo.

O presidente do maior banco dos Estados Unidos, JPMorgan Chase, tem uma visão definida sobre o assunto.

"Se pedem meu conselho, diria para não se aproximarem", afirmou Jamie Dimon no final de maio em uma audiência parlamentar.

Mas "não é meu papel dizer às pessoas como gastar seu dinheiro", acrescentou. Seu banco analisa atualmente como ajudar seus clientes a entrarem no campo das criptomoedas.

Impulsionadas durante a pandemia por alguns investidores pequenos com tempo e dinheiro, as moedas virtuais dispararam em 2020 e início de 2021.

Bancos, corretoras e empresas de investimento buscam, agora, satisfazer alguns clientes que sentem que perderam uma oportunidade.

A tradicional gerente de serviços financeiros State Street anunciou na última quinta-feira (10) a criação de uma divisão dedicada aos ativos digitais.

Na última quarta-feira (9), o presidente da corretora online Interactive Brokers afirmou que seus clientes poderão trocar criptomoedas em seu site no final do verão boreal.

Robinhood

Como seus concorrentes Charles Schwab e Fidelity, a Interactive não permite atualmente comprar moedas virtuais como o bitcoin e o ethereum, mas oferece produtos financeiros vinculados a esses valores que evitam que o investidor os tenha diretamente em sua carteira.

Já a corretora Robinhood e a plataforma Coinbase permitem comprá-las.

A empresa ForUsAll, que administra fundos de aposentadoria de cerca de 70 mil empregados, fez um acordo hoje com a Coinbase para permitir que seus clientes incluam 5% de criptomoedas em seus fundos.

O banco de negócios Morgan Stanley afirmou em março que permitirá que seus clientes mais ricos invistam em fundos com bitcoin. E a Goldman Sachs lançou recentemente uma equipe dedicada à corretagem de criptomoedas.

Fidelity Investment, um dos maiores gestores de ativos do mundo, propõe desde 2018 serviços de corretagem e depósito para esses ativos reservados aos grandes investidores como os "hedge funds", e se prepara para lançar novos produtos associados ao bitcoin.

Este tipo de produto poderia facilitar o acesso de pessoas físicas para investir em criptomoedas.

Apesar de uma abertura progressiva, esses tipos de ativos ainda são arriscados.

Hackers

A regulamentação não é clara e os roubos por parte de hackers são frequentes. Além disso, sua volatilidade é enorme: o bitcoin passou de cerca de US$ 30 mil (cerca de R$ 158,1 mil) no início do ano para US$ 63 mil (R$ 354,2 mil) em meados de abril, e ficou em US$ 34 mil (R$ 172,2 mil) no início de junho.

"Os especuladores e quem teme perder uma boa oportunidade continuarão se voltando para as criptomoedas esperando ganhar muito dinheiro", destacou Ian Gendler, da consultora Value Line.

Este especialista desencoraja seus clientes a investirem em criptomoedas pelos riscos muito altos e pela impossibilidade de estimar seu valor: ao contrário de uma empresa ou de uma matéria-prima, as criptomoedas não são garantidas por nenhum ativo tangível e, diferentemente das moedas, não são garantidas por um governo.

As criptomoedas "valem o que o próximo investidor está disposto a pagar", definiu Gendler.

Para Chris Kuiper da consultora CFRA, esses ativos emergentes vieram para ficar. Seu uso vai aumentar "à medida que o marco legal e regulatório for construído", estima.