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Banco Central prepara novo aumento da Selic para conter inflação

Taxa Selic deve subir 0,75 ponto percentual segundo estimativa  - Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Taxa Selic deve subir 0,75 ponto percentual segundo estimativa Imagem: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

15/06/2021 17h11

Rio de Janeiro, 15 Jun 2021 (AFP) - O Banco Central do Brasil (BCB) aumentará sua taxa básica pela terceira vez consecutiva na quarta-feira, em ao menos 0,75 ponto percentual, para 4,25%, considerando que a economia já está se recuperando apesar da pandemia e que agora a sua principal tarefa é conter o alto nível da inflação, segundo analistas.

O BC fez dois aumentos desde março de 0,75 ponto na taxa Selic, que estava desde agosto em seu mínimo histórico de 2%, buscando estimular a atividade econômica durante a primeira onda do coronavírus.

Em maio, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central alertou que faria "mais um ajuste da mesma magnitude" em junho, para controlar a disparada inflacionária.

Mas a inflação continuou crescendo: no acumulado de doze meses até maio atingiu 8,06%, seu maior nível desde setembro de 2016, bem acima do centro da meta anual de 3,75% e do seu teto, de 5,25%.

As projeções para 2021 atualmente são de 5,82%, frente a 3,34% em janeiro, de acordo com o Boletim Focus, que mostra as expectativas de mercado. A projeção para 2022 também supera o centro da meta de 3,50% fixada para o próximo ano.

Com isso, um número crescente de analistas considera que o Copom pode elevar a Selic em um ponto, para 4,50%. Esse seria o seu nível de janeiro de 2020, antes do início da pandemia, que já deixou quase meio milhão de mortos no país.

A consultoria A.C Pastore prevê um aumento de 0,75 ponto percentual, acompanhado do alerta de que o Copom "não está mais comprometido com um ajustamento parcial, e sim com o ajustamento que for necessário para trazer a inflação para a meta".

De acordo com o Boletim Focus, a Selic chegará a 6,25% em dezembro, seu maior nível desde agosto de 2019.

Mercado focado no pós-pandemia

O Copom pode se sentir livre para abandonar sua política "estimulativa", já que o PIB brasileiro surpreendeu no primeiro trimestre com crescimento de 1,2% frente ao trimestre anterior, apesar da virulência da segunda onda da pandemia.

A expectativa de crescimento da maior economia latino-americana, de 3% no início do ano, subiu para quase 5%, após retração de 4,1% em 2020.

O otimismo deve se consolidar com o avanço da vacinação, afirma Mauro Rochlin, professor de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Embora a pandemia continue matando cerca de 2.000 pessoas por dia, o mercado "já deu como passada a pandemia", acrescenta. A Bolsa de Valores de São Paulo está operando há vários dias em seus máximos históricos. E o aumento do desemprego é, por enquanto, parcialmente compensado pela reativação das ajudas emergenciais.

A recuperação, argumenta Rochlin, deve continuar mesmo com a turbulência política da CPI sobre o fracasso do presidente Jair Bolsonaro em conter a pandemia.

"O país está voltado a crescer rapidamente", sem levar em conta "os discursos do governo", afirma.