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Com lucro menor, Petrobras se afasta das gigantes de petróleo em valor de mercado

07/02/2013 12h26

Após sofrer fortes perdas com a defasagem dos preços dos combustíveis e com a valorização do dólar, que culminaram em um lucro 30% menor em 2012, o pior dos últimos oito anos, a Petrobras vêm cada vez mais se distanciando, em valor de mercado, das maiores petrolíferas do mundo.

Segundo dados compilados nesta quinta-feira pela BBC Brasil, a brasileira possui atualmente valor de mercado inferior a Exxon Mobil (US$ 404 bilhões), PetroChina (US$ 252 bilhões), Chevron (US$ 227 bilhões), Royal Dutch Shell (US$ 220 bilhões), BP (US$ 140 bilhões) e Total (US$ 120 bilhões).

Avaliada em US$ 108 bilhões (R$ 215 bilhões) pelo mercado, a Petrobras está atrás até mesmo da colombiana Ecopetrol, que, apesar de ser a maior empresa do setor na Colômbia, possui operações menores do que a estatal sediada no Rio de Janeiro.

O quadro é bem diferente do de março de 2011, quando as ações da petrolífera atingiram seu pico histórico. Naquela ocasião, a estatal valia quase duas vezes mais, ou R$ 413,3 bilhões, segundo dados da consultoria Economatica.

O cenário também se contrapõe ao de setembro de 2010, quando a Petrobras fez a maior oferta pública de ações da história das bolsas e tornou-se a quarta maior empresa do mundo em valor de mercado.

Desde então, no entanto, a estatal brasileira vem perdendo a posição que havia consolidado entre as maiores companhias do globo e, mais especificamente, do setor de petróleo.

BP

Na última segunda-feira, a Petrobras anunciou ter obtido, em 2012, seu pior lucro em oito anos, R$ 21,18 bilhões, o que representou uma queda de 36% em relação ao ano anterior.

Também no ano passado, de abril a junho, a estatal registrou prejuízo de R$ 1,346 bilhão, algo que não acontecia desde o primeiro trimestre de 1999.

O lucro da Petrobras, de R$ 21,18 bilhões, também foi inferior ao da BP, mesmo depois de a gigante britânica ter sofrido uma forte sangria devido a um vazamento em uma plataforma de petróleo no Golfo do México em 2010 e visto seus lucros se reduzirem à metade no ano passado.

No Brasil, a estatal também deixou de ser a maior empresa do país em valor de mercado, posição que ocupava há anos, sendo substituída pela Ambev, do setor de bebidas.

Motivos

Segundo a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, os resultados da companhia refletem o impacto principalmente da defasagem nos preços dos combustíveis no Brasil e da desvalorização do real.

Isso porque, para atender à crescente demanda interna por gasolina e diesel, a gigante brasileira compra os combustíveis no exterior a preços de mercado e depois vende mais barato no país.

Esse desequilíbrio foi prejudicado ainda mais com a valorização do dólar frente à moeda brasileira, que elevou os custos de importação.

Segundo dados da Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie), consultoria especializada no setor, de janeiro a outubro de 2012, a Petrobras perdeu estimados R$ 3,9 bilhões, devido ao descompasso entre a importação e a receita obtida com a gasolina e o óleo diesel.

A decisão de não repassar aos consumidores a diferença entre o preço dos derivados do petróleo no mercado internacional e o preço no mercado doméstico, ainda que nociva às contas da estatal, segue uma determinação do governo, que quer evitar a todo custo o aumento da inflação.

Os dois últimos reajustes nos combustíveis também não foram suficientes para eliminar a defasagem dos preços, acrescentou Foster na última segunda-feira.

GNL

Além disso, o temor de uma possível crise energética fez com que o governo acionasse as termelétricas em outubro do ano passado, acrescentando um novo prejuízo à empresa, uma vez que a Petrobras teve de importar gás natural liquefeito (GNL) e vendê-lo mais barato para manter a operação dessas usinas.

Se as termelétricas forem mantidas a 100% durante todo o ano, a empresa será impactada por uma perda de cerca de R$ 4 bilhões, ainda de acordo com o Cbie.

Na avaliação dos especialistas, a perda em valor de mercado da companhia brasileira reflete também a desconfiança dos investidores sobre a real capacidade da empresa de entregar melhores resultados.

Parte desse pessimismo também advém da lentidão no processo de exploração das novas reservas do pré-sal, cuja primeira rodada de licitação deve acontecer apenas em novembro deste ano.