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De olho nos EUA, Brics se dizem preocupados com câmbio

05/09/2013 15h36

A forte desvalorização sofrida pelas moedas da maioria dos países em desenvolvimento nos últimos meses levou o grupo Brics, que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, a manifestar nesta quinta-feira preocupação com as políticas monetárias de países desenvolvidos que tenham como efeito colateral a pressão sobre a taxa de câmbio das economias em desenvolvimento.

O QUE É E QUEM FAZ PARTE DO G20

O G20 foi criado em 1999, após crises financeiras na Ásia, na Rússia e na América Latina. Reúne os países ricos do G7 -EUA, Japão e Alemanha, entre eles- mas também países emergentes, como Brasil, China e Índia
África do SulAlemanhaArábia SauditaArgentina
AustráliaBrasilCanadáChina
CoreiaEUAFrançaÍndia
IndonésiaItáliaJapãoMéxico
Reino UnidoRússiaTurquiaUnião Europeia

Em um encontro informal antes do início da reunião de cúpula do G20 (o grupo das 20 maiores economias mundiais), entre quinta-feira e sexta-feira em São Petersburgo, na Rússia, o grupo expressou preocupação quanto aos "efeitos colaterais negativos não intencionais de políticas monetárias não convencionais de certas economias desenvolvidas".

Os Brics também disseram que "a eventual normalização das políticas monetárias precisa ser efetivamente e cuidadosamente calibrada e claramente comunicada".

Apesar de não citar textualmente os Estados Unidos, o texto é claramente um recado ao governo americano, cuja política de injetar centenas de bilhões de dólares na economia desde 2010, como forma de estimular o crescimento, teria tido o efeito de desvalorizar o dólar.

Com o anúncio feito pelo presidente do Banco Central americano, em maio, de que esse programa de estímulo pode estar chegando ao fim, houve o efeito inverso: a fuga de capitais das economias emergentes e a valorização do dólar em relação às moedas desses países, como o real.


Sem acordo

Ainda assim, a reunião entre os líderes dos Brics não chegou a um acordo sobre uma possível ação coordenada entre os países emergentes para combater os efeitos do fim da política de estímulo americana sobre o câmbio, como haviam sugerido alguns integrantes do grupo.

Na semana passada, o principal assessor econômico do Banco Central indiano havia afirmado que a Índia discutia com outros emergentes um plano para realizar intervenções coordenadas em mercados cambiais no exterior como maneira de conter a pressão sobre as moedas dos países em desenvolvimento.

Os Brics esperam que o tema esteja presente no comunicado final do G20, a ser divulgado ao final da cúpula, nesta sexta-feira.

Mas um representante do governo americano, o vice-assessor de segurança para comunicações estratégicas da Casa Branca, Ben Rhodes, adiantou que os países em desenvolvimento terão que fazer sua parte, ajustando suas próprias políticas após a recuperação econômica.


Os Brics também citaram "progressos" na formação do fundo emergencial de reservas do grupo, no valor de US$ 100 bilhões, explicitando pela primeira vez a divisão da contribuição de cada membro para o fundo: a China, maior economia do grupo, entrará com US$ 41 bilhões; Brasil, Índia e Rússia darão US$ 18 bilhões e a África do Sul garantirá US$ 5 bilhões.

O grupo anunciou ainda que houve avanços nas negociações para a formação de um banco de desenvolvimento do bloco, com capital inicial de US$ 50 bilhões.

Os líderes dos cinco países disseram esperar "resultados tangíveis" nas negociações para a formação do banco e do fundo até a próxima reunião de cúpula do grupo, que acontece em março do ano que vem em Fortaleza.