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Plebiscito grego: voto jovem aproxima país de "não" a credores

05/07/2015 15h34

Com cerca de um terço dos votos apurados, o "não" parece ter vencido o plebiscito deste domingo na Grécia, com a população rejeitando a adoção de mais medidas de austeridade como forma de obter mais ajuda econômica de credores como a União Européia e o Fundo Monetário Internacional (FMI).

As urnas fecharam às 13h (de Brasília) e a contagem ainda está em andamento, mas apesar de todas das pesquisas de opinião terem mostrado uma disputa mais apertada, o "não" se mantinha na cada dos 60%, indicando que a maioria dos gregos optou por desafiar a pressão da comunidade internacional.

No entanto, o resultado ainda assim mostra um país dividido e temeroso das consequências de mais impasses com os credores.

Saída

Segundo o canal de TV grego ANT, o índice de comparecimento às urnas foi de 65% dos 9,9 milhões de gregos habilitados a votar. Segindo analistas, muitos jovens, parcela da população mais afetada pelo desemprego e pelas medidas de austeridade no país atualmente, compareceram em peso à votação e ajudaram a causa do "não"

A vitória poderia resultar na saída da Grécia do grupo de países que adota o euro como moeda, a chamada Zona Do Euro. Nos últimos dias, diversos líderes continentais, como a chanceler alemã, Angela Merkel, afirmaram que o plebiscito grego era também uma decisão sobre permanecer ou não no sistema de moeda única.

A Grécia deve mais de R$ 1 trilhão e, na semana passada, não fez o pagamento de uma parcela de 1,6 bilhão de euros ao FMI, o que oficialmente bloqueou o acesso do país a mais fundos. O sistema bancário do país está à beira de um colapso e o governo impôs um regime de controle de capitais, que vai de retiradas bancárias ao envio de dinheiro para o exterior.

O primeiro-ministro grego, Alex Tsipras, convocou o referendo na semana passada e fez campanha abertamente pelo "não", sugerindo até que poderia renunciar caso o "sim" vencesse - ele assumiu o cargo em janeiro, quando seu partido, a coalizão de legendas de esquerda Syriza, venceu de forma categórica as eleições parlamentares.

Tsipras viu no referendo a chance de fazer pressão junto à União Europeia para condições mais favoráveis de negociação. Os credores querem que Atenas de comprometa com uma série de medidas de redução nos gastos públicos e de aumento da arrecadação fiscal, mas o atual governo grego chegou ao poder com a promessa de não fazer mais concessões em um país cuja economia encolheu 25% entre 2008 e 2013.

"Podemos mostrar nossa determinação em continuar parte da Europa, mas de que queremos viver com dignidade. E isso inclui dar voz ao povo", disse o premiê no domingo, pouco depois de votar.

Durante a semana, Tsipras acusou os credores de intimidar e chantagear os gregos.

No início da noite deste domingo, um dos principais integrantes do governo grego, o ministo das Finanças, Yanis Varoufakis, disse acreditar que a vitória do "não" terá um efeito apaziguador na situação e poderá por fim a cinco meses de cabo de guerra entre Atenas e os credores. Ele deu uma entrevista para o canal CNBC, dizendo que um acordo poderia até ser "costurado" em 24 horas.

Na prática, uma solução não poderá ser obtida tão rapidamente. Na noite de segunda-feira, por exemplo, Merkel e o presidente da França, François Hollande, terão um reunião de emergência em Paris para discutir a situação.

A mídia grega relatou que negociadores do governo grego estavam prontos para viajar para Bruxelas para negociações extraordinárias.