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Desemprego de jovens no Brasil deve superar média mundial, diz OIT

Daniela Fernandes

De Paris para a BBC Brasil

08/10/2015 17h30Atualizada em 08/10/2015 19h40

A taxa de desemprego de jovens no Brasil neste ano deve ficar bem acima da média mundial, com tendência de agravamento por causa da piora do cenário econômico do país, afirma a Organização Internacional do Trabalho (OIT) em um estudo divulgado nesta quinta-feira.

Nas previsões da OIT, o desemprego de jovens no Brasil com idade entre 15 e 24 anos deve atingir 15,5% em 2015.

A taxa média mundial nessa mesma faixa etária é estimada em 13,1% neste ano, segundo o estudo "Tendências Mundiais do Emprego de Jovens 2015".

A organização ressaltou à BBC Brasil que suas estimativas em relação ao Brasil foram feitas antes das recentes projeções realizadas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), que piorou suas expectativas para a economia brasileira.

No mais recente relatório "Perspectivas da Economia Global" do FMI, lançado na terça-feira, o fundo disse prever que o PIB do Brasil terá retração de 3% em 2015, o dobro da estimativa anterior.

"Com as perspectivas mais sombrias de crescimento econômico no Brasil, podemos supor que a taxa de desemprego de jovens seja superior aos 15,5% estimados neste ano", disse à BBC Brasil Sara Elder, consultora técnica chefe do projeto Trabalho para a Juventude, da OIT.

Ela ressalta, no entanto, que mesmo no apogeu da crise econômica mundial, o índice brasileiro de desemprego de jovens jamais ultrapassou 17%, indicando que o número não deve atingir essa faixa.

'Trabalho perigoso'

No ano passado, a taxa de desemprego de jovens de 15 a 24 anos no Brasil, de 13,4%, já havia ficado pouco acima da média mundial, de 13%, de acordo com o estudo.

Na América Latina e Caribe, o desemprego de jovens foi igual ao do Brasil em 2014. Neste ano, a taxa da região, estimada em 13,9% pela OIT, deverá aumentar, mas ficará abaixo dos índice previsto ao Brasil.

No documento divulgado nesta quinta-feira, a OIT também alerta para o número de adolescentes entre 15 e 17 anos no Brasil que realizam trabalhos considerados perigosos ou insalubres, com risco de morte ou de enfermidades.

A organização afirma que os números são "preocupantes" em países como o Brasil, Bangladesh, Togo, Uganda e Vietnã.

No Brasil, 12,5% dos jovens entre 15 e 17 anos realizam trabalhos considerados perigosos, diz o estudo. Esse número é acima do registrado por Uganda. Na Rússia, o índice de adolescentes nessas condições é de 6,3%, de acordo com a OIT.

Tendências mundiais

A OIT afirma que, após um período de aumento entre 2007 e 2010, decorrente da crise financeira mundial, o desemprego de jovens de 15 a 24 anos se estabilizou em 13%, na média mundial, nos anos de 2012 a 2014, índice que deve se manter estável até 2017, diz o relatório.

O número de jovens desempregados diminuiu em 3,3 milhões em relação ao ápice da crise, passando de 76,6 milhões em 2009 para 73,3 milhões em 2014.

A organização alerta que essa retomada não é global e que inúmeros jovens permanecem desestabilizados pelas mutações no mundo do trabalho.

A taxa de desemprego de jovens aumentou entre 2012 e 2014 na Ásia, no Oriente Médio e na África, mas foi reduzida nas economias desenvolvidas, apesar de ter ultrapassado 20% no ano passado em dois terços dos países europeus, onde mais de um terço dos jovens (35,5%) procurava emprego havia mais de um ano, diz o estudo.

A OIT prevê que o desemprego de jovens nas economias desenvolvidas deverá atingir 16,2% em 2015, abaixo dos 16,6% em 2014.

Segundo o relatório, neste ano deverá haver 201,6 milhões de desempregados no mundo, pouco mais de 2 milhões a mais do que em 2014. Deste total, 73,4 milhões são jovens com até 24 anos.

No documento, a OIT alerta para a necessidade de mais investimentos para criar empregos decentes para os jovens.