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Como doenças graves inspiraram a criação de empresas de sucesso

Anikka Burton criou extensa linha de produtos para pacientes de câncer e suas famílias - BBC
Anikka Burton criou extensa linha de produtos para pacientes de câncer e suas famílias Imagem: BBC

Julie Griffiths

17/05/2016 08h52

A remoção de parte de seu intestino inspirou Nicola Dames a criar uma linha de roupas íntimas há 10 anos.

Quando tentava se adaptar à vida com uma bolsa de colostomia, a ex-enfermeira percebeu que não conseguia mais vestir as calcinhas de que tanto gostava.

"Sempre podia ver a bolsa aparecendo. Um dia percebi que o problema não era comigo, mas com as calcinhas", conta Dames, de 39 anos.

Dames (terceira à direita) queria alternativa de roupa de baixo para pessoas usando bolsas de colostomia - Sarah Deragon/ BBC - Sarah Deragon/ BBC
Dames (terceira à direita) queria alternativa de roupa de baixo para pessoas usando bolsas de colostomia
Imagem: Sarah Deragon/ BBC

Incomodada com a ausência de opções para mulheres em sua condição, Dames pensou em uma alternativa unindo o útil ao fashion. E, em 2008, surgiu a grife Vanilla Blush.

Ela e o marido começaram o negócio na mesa da cozinha de seu apartamento, que usaram como garantia para um empréstimo de cerca de R$ 55 mil.

Inicialmente, criaram 12 produtos para mulheres, mas hoje a linha de produtos passa de 200 modelos, também voltados para o mercado masculino, e que variam de roupas de banho a artigos esportivos. 

A Vanilla Blush faz produtos para homens e mulheres - BBC - BBC
A Vanilla Blush faz produtos para homens e mulheres
Imagem: BBC

Diversificação

Além de uma loja em Glasgow, na Escócia, a companhia vende pela internet e o negócio está prestes a atingir a marca de mais de US$ 5 milhões movimentados por ano.

Mas a história de Dames é apenas uma entre empreendedores ao redor do mundo que se inspiraram na experiência com doenças ou impedimentos graves para criar negócios de sucesso.

O americano Joe Loew, de 44 anos, estava enfrentando a morte quando idealizou o serviço KeepTree, uma ferramente que permite o armazenamento de mensagens online que podem ser agendadas para divulgação após a morte dos usuários.

O serviço Keeptree permite armazenamento de mensagens de vídeo - BBC - BBC
O serviço Keeptree permite armazenamento de mensagens de vídeo
Imagem: BBC
Uma reação ao uso de um antibiótico fez com que em apenas um mês ele deixasse de ser um adulto saudável para ver seu corpo basicamente se desligando. Os médicos estavam estupefatos e Loew achava que estava às portas da morte.

Ele temia que seus filhos, então com oito e cinco anos, crescessem com poucas memórias dele.

Investidores

"Eu seria um cara de quem eles lembrariam muito pouco, então comecei a gravar vídeos e os indexando com datas em que gostaria de ver minha mulher mostrando-os para nossas crianças, pois queria que os vídeos fossem apropriados para momentos de suas vidas", conta o novaiorquino.

Quando os médicos conseguiram estabilizar sua saúde, a ideia de usar vídeos como o meio de comunicação post-mortem não foi abandonada.

Em uma viagem de negócios em 2011, Loew falou sobre o projeto com seu sócio, Hiroshi Nakata, que levantou centenas de milhares de dólares em um curto espaço de tempo. KeepTree já conseguiu mais de US$ 5 milhões de investidores e conta com escritórios em Nova York e Tóquio.

Mas o serviço não é apenas usado para pessoas em estado terminal. Usuários o acessam para gravar mensagens de aniversário ou mesmo para gravar histórias de ninar que serão transmitidas para as crianças durante viagens de negócios, por exemplo.

Presentes para pacientes

Há cinco anos, Anikka Burton, teve câncer de mama, mas a doença lhe trouxe também inspiração. Em 2013, criou uma loja virtual de presentes, ironicamente batizada de Not Another Bunch of Flowers (Não Apenas Outro Punhado de Flores, em tradução livre), ao perceber que havia espaço no mercado para presentes específicos para pacientes com câncer.

Empresa vende cartões celebrando fim de sessões de quimioterapia - Sarah Deragon/ BBC - Sarah Deragon/ BBC
Empresa vende cartões celebrando fim de sessões de quimioterapia
Imagem: Sarah Deragon/ BBC
'Flores foram banidas de hospitais por causa do risco de infecção, então quando cheguei em casa encontrei um bando de flores mortas', explica Burton, que vive em Sussex, no sul da Inglaterra.

Ao final de seu tratamento, ela conversou com vários fornecedores e decidiu investir cerca de US$ 8 mil em produtos que ela viu serem úteis tanto para pacientes quanto parentes. Seu site agora vende mais de 530 tipos diferentes de presentes, de cartões a produtos de beleza sem aditivos químicos, que pacientes de câncer são aconselhados a evitar.

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