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Os países em que CEOs já ganharam em 2019 mais do que você receberá o ano todo

08/01/2019 13h18Atualizada em 08/01/2019 14h59

Na virada do ano, é possível que você tenha vestido amarelo ou definido metas para incrementar seus rendimentos nos próximos 12 meses. Pois saiba que, dependendo do país em que você vive, o chefe de sua empresa já pode ter feito, neste ano, mais dinheiro que você fará no ano inteiro.

Em lugares como Estados Unidos e Reino Unido, poucos dias de janeiro já são suficientes para que os CEOs (diretor executivo) superem o rendimento anual de um trabalhador médio. Isso pode ser visto no levantamento da diferença salarial de CEOs e trabalhadores em 22 países feito pela Bloomberg, empresa do ramo financeiro e midiático.

Nos Estados Unidos, por exemplo, estes executivos precisam de menos de dois dias (1,52) para superar a renda média anual dos trabalhadores. Na Índia, é preciso ainda menos: um terço de dia (0,35).

De forma geral, parece que uma semana é mais do que suficiente para um alto executivo chegar ao salário anual do trabalhador em diferentes partes do mundo. Por exemplo, na África do Sul, são necessários quase três dias (2,99), enquanto na China são necessários 2,11 dias.

O Brasil não faz parte do levantamento da Bloomberg, mas, segundo dados da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), CEOs levam para casa por ano, em média, US$ 322 mil (cerca de R$ 1,2 milhão). Assim, estes executivos precisam, no Brasil, de cerca de oito dias para superar o ganho médio anual de trabalhadores brasileiros.

"Nos Estados Unidos, a diferença entre o salário de um trabalhador e de um CEO foi oito vezes maior em 2016 do que em 1980", escreve o jornalista americano Sam Pizzigati, autor de "O caso por um salário máximo", livro lançado em maio do ano passado em que apresenta argumentos para que seja colocado um teto nos salários de executivos.

"Na maior parte das grandes corporações, os trabalhadores típicos teriam que trabalhar mais de três séculos para chegar ao que seu CEO faz em um ano. No McDonald's, um trabalhador típico teria que trabalhar por 3.101 anos".

Nem todo lugar é igual...

Alguns fatores fazem variar os salários de executivos ao redor do mundo.

Várias das maiores corporações do planeta, que tendem a premiar mais seus executivos, estão sediadas nos EUA --onde o salário anual médio dos principais executivos é de mais de US$ 14 milhões (aproximadamente R$ 52 milhões).

Fatores como custo de vida também desempenham um papel.

Países desenvolvidos tendem a pagar salários mais altos para a população com um todo. Mas mesmo as nações com padrões de vida mais altos podem registrar discrepâncias consideráveis entre o salário de um CEO e o de um trabalhador.

Na Suécia, que tem fama de ter uma sociedade mais igualitária do que no resto mundo, a proporção é de 60 para 1, ou seja, os rendimentos de um CEO são 60 vezes maiores que os de um trabalhador médio.

Os executivos do país superam os rendimentos anuais do trabalhador médio em apenas 5,5 dias.

Na Noruega, as coisas estão mais equilibradas, mas, ainda assim, os CEOs superam o salário médio em cerca de 15 dias (14,6).

Eles ganham em média 20 vezes mais do que o salário médio nacional, de US$ 51.212 (cerca de R$ 191 mil).

Já a Rússia é desses países em que CEOs superaram o rendimento anual dos trabalhadores no primeiro dia do ano.

De acordo com o ranking da "Forbes" de 2016 dos 25 CEOs russos mais bem pagos, a remuneração anual foi, em média, de US$ 6,1 milhões (em torno de R$ 22,8 milhões).

Se comparado com o salário médio anual do país, de US$ 8.040 (próximo de R$ 30 mil), o rendimento dos executivos chega a esse valor na metade de um dia (0,46).

No México, onde os principais executivos recebem, em média, US$ 1,29 milhão (algo como R$ 4,8 milhões) por ano, segundo o site SalaryExpert, este período é de pouco mais de quatro dias.

Tamanha disparidade é aceitável?

Mas essa disparidade é justificada? O assunto é polêmico.

Em um artigo publicado no site da Harvard Business School no início do ano passado, Ethan Rouen, professor assistente de administração de empresas, defendeu que as disparidades sejam explicadas ao público e aos trabalhadores.

"Quando você escuta a quantia recebida por um CEO, isso vai soar ultrajante. As pessoas vão reagir com paixão", disse Rouen. "Portanto, toda empresa que for obrigada a revelar esses dados terá que dar alguma explicação e uma resposta que justifique a disparidade salarial".

Ele também citou uma pesquisa de 2014 em que entrevistados em vários países avaliaram que os CEOs não deveriam ganhar mais do que quatro vezes o rendimento de um trabalhador médio.

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