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Rio-2016 aposta em chinelos e mascote para faturar R$ 1 bi

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Imagem: Shutterstock

Tariq Panja

14/10/2014 11h13Atualizada em 14/10/2014 12h57

14 de outubro (Bloomberg) -- Os organizadores dos Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro apostam na popularidade dos chinelos de dedo e de um mascote ainda a ser anunciado para atingir uma meta de R$ 1 bilhão (US$ 420 milhões) em vendas totais de merchandising.

A empresa organizadora da Rio 2016 está na metade do caminho para fechar 65 contratos de licenciamento com empresas que produzirão e venderão 12 mil produtos relacionados aos jogos, mais do que em qualquer Olimpíada anterior.

Cerca de 16% das vendas totais serão revertidas para levantar os R$ 7 bilhões necessários para a realização do evento.

"A empresa está esticando isso quase o máximo possível", disse a diretora de licenciamento da Rio 2016, Sylmara Multini, sobre a meta de vendas, durante uma entrevista, no Rio.

A Rio 2016 busca empresas, por exemplo, para fazer um bracelete que enviará um sinal aos celulares toda vez que um brasileiro ganhar uma medalha.

A organização do evento também vai vender licenças para a administração de 150 lojas temporárias.

Mascote da Olimpíada quer superar fracasso do Fuleco na Copa

Multini disse que a escolha do mascote certo para a primeira Olimpíada da América do Sul será de grande utilidade para determinar o sucesso da engrenagem de venda das Olimpíadas. A identidade do mascote dos Jogos Olímpicos será anunciada no mês que vem.

Multini disse que houve motivos específicos pelos quais o Fuleco, um tatu-bola usado pela Fifa, não conseguiu despertar interesse antes ou durante a Copa do Mundo deste ano. O Fuleco foi queimado por alguns manifestantes em alguns protestos antes da Copa do Mundo.

"Na minha opinião, o nome foi um desafio e eu acho que, por causa do momento político do Brasil, eles decidiram recuar com o mascote", disse Multini.

"Acho que estamos chegando em um momento diferente. Eu realmente acredito que as pessoas se envolverão com os nossos mascotes".

Meta do Brasil é arrecadar US$ 67,2 milhões

Multini citou o mascote como um provável campeão de vendas e disse que os organizadores estão em negociações com empresas locais de TV para a criação de uma série de desenhos animados.

A meta do Brasil é arrecadar US$ 67,2 milhões em receita revertida para a realização dos jogos, menos da metade do recorde de US$ 163 milhões que o licenciamento angariou para os Jogos de Pequim, em 2008, e dos US$ 129 milhões gerados pelos Jogos de Londres, em 2012.

Multini, que trabalhou em empresas americanas como a Walt Disney e a fabricante de brinquedos Mattel antes de ingressar na Rio 2016, disse que até 40% das vendas serão de produtos para crianças com idade entre quatro e oito anos.

"Acho que as compras para crianças são maiores no Brasil que em qualquer outro país que eu tenha visto na América Latina e, algumas vezes, maiores até que nos EUA", disse ela. As vendas para essa categoria "podem ser as maiores na história de todas as Olimpíadas".

Aposta em chinelos, toalhas e cangas

Cerca de 90% do merchandising dos jogos é focado no mercado doméstico. Como o Rio é banhado pelo mar, há bastante ênfase para produtos como chinelos de dedo, toalhas de praia e cangas.

"Acreditamos que podemos vender milhões de sandálias", disse Multini, que revelou estar próxima de um acordo com uma das maiores marcas de chinelo do Brasil. "Você toma como exemplo os Jogos de Londres e nenhum chinelo foi vendido. E aqui eles podem ser nosso produto número um".

As vendas deverão ser lentas até perto dos jogos, pois há pouco dinheiro atualmente sendo investido para a divulgação do evento, que começa no dia 5 de agosto de 2016.

"Historicamente, 80% das vendas acontecem no último ano", disse Multini. "Nos jogos anteriores, algumas categorias decidiram começar mais cedo, mas geralmente sem sucesso, porque o estímulo simplesmente não está lá".