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Estrangeiros se unem a rebeldes da Colômbia na mineração ilegal de ouro para obter lucros superiores aos da cocaína

Andrew Willis

19/11/2014 16h01

19 de novembro (Bloomberg) ? O número de estrangeiros envolvidos na mineração ilegal na Colômbia está aumentando porque os lucros obtidos com metais, entre eles o ouro, superam os oferecidos pela cocaína, disse a polícia.

Cidadãos da Itália, do Brasil e da China foram presos na Colômbia neste ano enquanto as autoridades tentam deter os fluxos de dinheiro e a destruição ambiental surgidos da atividade ilegal.

"Esta é a maior fonte de financiamento para grupos armados ilegais no momento, superior à cocaína", disse o general Luis Martínez, chefe da polícia rural da Colômbia, em entrevista de Bogotá. "A economia que este fenômeno está gerando é extremamente preocupante. A economia criminal".

Um quilo de cocaína vale cerca de quatro milhões de pesos colombianos (US$ 1.860) na Colômbia e pode levar a uma pena de prisão. Não há nada ilegal quanto à posse de um quilo de ouro, que vale cerca de 90 milhões de pesos, disse Martínez.

Um italiano e três brasileiros foram presos em uma mina ilegal de ouro na província de Antioquia, no norte da Colômbia, em janeiro, e outro brasileiro foi preso na mesma área em março, disse a polícia.

Em setembro, dois brasileiros foram presos na província de Caquetá, no sul do país, e sete cidadãos chineses foram presos na província de Bolívar, no norte, no mesmo mês.

Transferência perversa

Normalmente, os estrangeiros envolvidos na prática são donos das operações ilegais de garimpo de ouro, organizando as comunidades locais para trabalhar nas minas, disse o coronel Wilson Chaparro, diretor da unidade de mineração ilegal da polícia rural.

"Essas pessoas também estão trazendo tecnologias não permitidas que estragam o meio ambiente", disse Chaparro durante a entrevista conjunta. "Eles estão ensinando os colombianos a extrair ouro. Trata-se de uma transferência de conhecimentos perversa e ilegal".

Com frequência, a mineração envolve grandes dragadores que absorvem a lama do leito dos rios, do qual se extrai ouro utilizando mercúrio e cianeto antes de devolver o sedimento poluído ao rio, disse Chaparro.

Platina, a série columbita-tantalita, carvão e materiais de construção também são extraídos ilegalmente por grupos armados, mostram dados da polícia. Entre os grupos envolvidos estão as guerrilhas das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) e organizações sem uma ideologia política.

Redes internacionais

Os estrangeiros que dirigem minas ilegais na Colômbia também estão envolvidos na exportação dos metais para o exterior, disse Chaparro.

"A mineração ilegal não acontece por acidente", disse ele. "É claramente planejada. Não podemos dizer ainda que haja redes sofisticadas no nível internacional, mas eles estão trabalhando na sua construção".

A polícia está colaborando com outras autoridades no plano doméstico para identificar as rotas de exportação e verificar a evidência que sugere que algumas companhias mineradoras legais com concessões na Colômbia poderiam estar comprando o ouro ilegal, disse Chaparro.

O ouro alcançou seu valor mínimo em quatro anos neste mês porque as expectativas de uma alta das taxas de juros para o ano que vem ajudaram a gerar um rali do dólar. O ouro a ser entregue em dezembro se valorizou 0,1 por cento para US$ 1.198,70 no Comex em Nova York.

A Colômbia produziu 56 toneladas de ouro em 2013, e as duas maiores produtoras legais, a Mineros SA e a Gran Colombia Gold Corp., produziram 6,7 toneladas juntas, segundo dados da agência de mineração e da associação de do setor.

"De onde vem o restante?", disse Chaparro. "Parte da produção vem da mineração ilegal, e parte vem do contrabando de ouro".

Título em inglês: 'Foreigners Join Colombia Rebels as Gold Tops Cocaine (1)'

Para entrar em contato com o repórter: Andrew Willis, em Bogotá, awillis21@bloomberg.net