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Salários nos EUA se encaminham para crescimento diante de sinais de melhoria no mercado de trabalho

Richard Clough, Victoria Stilwell e Jennifer Kaplan

19/11/2014 16h38

19 de novembro (Bloomberg) ? Após mais de cinco anos de expansão econômica, os sinais que os economistas procuram para anunciar a alta dos salários que vem evitando os trabalhadores americanos há tempos estão começando a emergir.

Os salários aumentaram no trimestre passado no maior ritmo desde 2008, já que um número decrescente de desempregados por vaga de emprego se aproximou de um momento decisivo. Em meio à alta dos lucros e das vendas por funcionário, algumas empresas contam com uma contenção para o aumento da compensação.

A evidência de uma recuperação nos ganhos dos funcionários está aparecendo em certos setores e regiões, entre elas o Texas e Dakota do Norte, que estão desfrutando do boom da energia e do fortalecimento do mercado de construção de casas no sudeste dos EUA. Ainda que continue havendo suficiente inatividade na economia, é provável que os aumentos se filtrem para outras áreas à medida que a criação de empregos provoca redução no desemprego nos EUA.

"O crescimento dos salários está começando a borbulhar", disse Mark Zandi, economista-chefe da Moody's Capital Markets Group em Nova York. "Ainda é nascente, está nas etapas iniciais, mas o mercado de trabalho agora está se ajustando a tal ponto que começamos a observar alguns ganhos salariais mais fortes. Este é o começo de uma aceleração mais definitiva".

Na Camden Property Trust, uma das maiores proprietárias de apartamentos nos EUA, com sede em Houston, metade dos 14 projetos em construção ou sendo alugados pela primeira vez estão até seis meses atrasados porque "não temos suficientes trabalhadores", disse o CEO Ric Campo. A concorrência é tão descarada que os recrutadores são capazes de entrarem nos locais de trabalho da Camden, disse ele.

"Temos passado por situações onde pessoas apareceram e disseram: 'Ei, eu te pago US$ 100 à vista agora mesmo se você vier para meu emprego'", disse Campo. Ele estimou que os custos da mão de obra estejam ajudando a elevar os custos da construção entre 5 e 15 por cento.

Mistério

A escassez de aumentos salariais desde o começo da recuperação tem intrigado os economistas e apareceu como problema nas eleições legislativas e estaduais deste ano. Apesar de que o desemprego caiu e a economia criou empregos, a compensação por hora ajustada pela inflação cresceu somente 0,7 por cento nos últimos cinco anos, a alta mais fraca para qualquer expansão de duração comparável desde a Segunda Guerra Mundial, segundo dados da Secretaria de Estatísticas de Trabalho compilados pela Bloomberg.

O responsável mais provável, disseram muitos economistas, foi a carga constante de milhões de desempregados de longo prazo, bem como daqueles que trabalham meio período. Assim, as empresas conseguiram contratar pessoal sem ter que oferecer salários maiores.

Agora, o fortalecimento da economia está começando a ajustar o mercado de trabalho, pressionando algumas empresas para que ofereçam mais aumentos a fim de reterem e recrutarem trabalhadores.

Menos desemprego

A taxa de desemprego caiu 1,4 ponto porcentual nos últimos doze meses e alcançou 5,8 por cento, seu mínimo em seis anos, em outubro. O número de vagas ainda não preenchidas em agosto e setembro foi o maior desde o começo de 2001.

À medida que a taxa de desemprego se aproxima do patamar entre 5,2 por cento e 5,5 por cento, considerado pelos responsáveis pela política econômica da Reserva Federal como equivalente ao pleno emprego, provavelmente mais empresas comecem a se animar com a ideia de que os salários terão que aumentar. Isto já é a realidade em setores como o transporte por caminhão.

No curto prazo, poucos economistas esperam uma avalanche de aumentos salariais enquanto a falta de firmeza do mercado de trabalho vai sendo eliminada.

Outros, como Neil Dutta, diretor de economia da Renaissance Macro Research LLC para os EUA em Nova York, antecipam maiores salários à frente.

"O crescimento dos salários é moderado, mas está crescendo, não está estagnado como se acredita normalmente", disse Dutta.

Título em inglês: 'Wages Poised to Rise as Signs Emerge of Improved U.S. Job Market'

Para entrar em contato com os repórteres: Richard Clough, em Nova York, rclough9@bloomberg.net;

Victoria Stilwell, em Washington, vstilwell1@bloomberg.net;

Jennifer Kaplan, em Nova York, jkaplan84@bloomberg.net