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Analistas da OPEP nunca estiveram tão divididos antes de uma reunião

Grant Smith

21/11/2014 12h25

21 de novembro (Bloomberg) ? Para ter uma ideia do nível de controvérsia que haverá na reunião da OPEP da próxima semana, observe a confusão que ela gerou entre os profissionais que se dedicam a prever o resultado.

Os vinte analistas consultados nesta semana pela Bloomberg estão perfeitamente divididos: metade antecipa que a Organização de Países Exportadores de Petróleo reduza a oferta no dia 27 de novembro em Viena para deter o desmoronamento dos preços, ao passo que a outra metade não espera mudanças. Nos sete anos desde o começo das pesquisas, é a primeira vez que os participantes se dividiram em metades iguais. O único episódio que gerou um debate semelhante foi a reunião da OPEP no final de 2007, quando o petróleo estava quebrando recordes.

A atual divisão reflete a difícil escolha enfrentada pelos países da OPEP. Eles poderiam diminuir a produção para revigorar os preços do petróleo bruto, que estão no menor patamar em quatro anos, e correr o risco de perder participação no mercado para fornecedores rivais, como os perfuradores de xisto dos EUA. Ou eles poderiam não fazer nada e permitir que os preços caiam o suficiente para impedir o crescimento da produção americana, uma medida que também apertaria as finanças dos membros mais pobres, como a Venezuela e a Nigéria. Com a metade dos analistas do mercado prestes a se surpreender, os preços serão voláteis após a reunião, segundo o BNP Paribas SA.

"Será um dia fundamental", disse Doug King, diretor de investimentos do Merchant Commodity Fund, de US$ 200 milhões, em entrevista por telefone de Londres no dia 14 de novembro. "Se não forem tomadas medidas na reunião, que é uma das mais importantes da OPEP nos últimos dez ou quinze anos, o mercado vai colocar à prova o ponto fraco dos países-membros. Se eles diminuírem a produção em 1,5 milhão de barris por dia, seria possível recuperar o mercado do petróleo do tipo Brent para a faixa de US$ 80 a US$ 90".

Decisão de produção

O petróleo mergulhou em um mercado baixista no mês passado porque os perfuradores americanos extraíram o produto no ritmo mais acelerado em mais de três décadas e o crescimento da demanda mundial diminuiu. A OPEP, responsável por cerca de 40 por cento da produção mundial de petróleo, precisa reduzir sua produção em entre 1 milhão e 1,5 milhão de barris por dia para equilibrar melhor a oferta e a demanda, disse Harry Tchilinguirian, diretor de estratégia de mercados de commodities do BNP Paribas, em e-mail de Londres em 11 de novembro.

"Se a OPEP não fizer nada, acho que o mercado vai realmente desabar, mais US$ 10 em relação ao ponto atual", disse Hakan Kocayusufpa?ao?lu, CEO da Archbridge Capital AG, um hedge fund com sede em Zug, Suíça, em entrevista por telefone no dia 14 de novembro. Os futuros do petróleo bruto Brent para liquidação em janeiro fecharam ontem a US$ 79,33 por barril na bolsa ICE Futures Europe em Londres.

A produção de petróleo bruto dos EUA aumentará 800.000 barris diários até chegar a 9,4 milhões, o máximo em 43 anos, em 2015, somando-se ao 1,1 milhão de barris diários de crescimento projetado para este ano, disse a Secretaria de Informações sobre Energia dos EUA no dia 12 de novembro.

'Possibilidade remota'

Há apenas uma "possibilidade remota" de que a OPEP decida fazer um ajuste em Viena, disse Seth Kleinman, diretor de pesquisa sobre energia do Citigroup Inc. para a Europa, em um relatório em 10 de novembro. Membros como a Argélia, a Nigéria e a Venezuela não estão dispostos a reduzir sua própria produção, ao passo que a Arábia Saudita, o maior produtor do grupo, se recusará a fazer isso sozinha, disse ele.

Dos dez analistas que não preveem mudanças formais da OPEP no dia 27 de novembro, três disseram que a organização se comprometeria a alinhar a produção com a meta atual de 30 milhões de barris por dia. O grupo teria que eliminar cerca de 250.000 barris dos 30,25 milhões extraídos diariamente em outubro, de acordo com dados da organização.

"Ou a OPEP vai deixar o mercado decepcionado por não reduzir (a produção) e pela queda dos preços, ou vai realizar um ajuste decisivo que possibilitaria que os preços se recuperem", disse Tchilinguirian. "A reunião da OPEP terá um efeito binário sobre os preços do petróleo. Em outras palavras, o preço não pode continuar no patamar atual".

Título em inglês: 'OPEC Watchers Are More Divided Than Ever Before Meeting: Energy'

Para entrar em contato com o repórter: Grant Smith, em Londres, gsmith52@bloomberg.net