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UE planeja fundo de 21 bilhões de euros para compartilhar riscos em investimentos

Rebecca Christie

24/11/2014 13h04

24 de novembro (Bloomberg) ? A União Europeia pretende criar um fundo de 21 bilhões de euros (US$ 26 bilhões) para compartilhar os riscos de novos projetos com investidores privados, disseram dois funcionários da UE.

A nova entidade tem o objetivo de gerar um impacto de cerca de quinze vezes seu tamanho, o que faz com que ela seja a âncora do programa de investimentos da UE, de 300 bilhões de euros, disseram as fontes, que solicitaram o anonimato porque os planos não são definitivos. O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, deve anunciar nesta semana a iniciativa de três anos.

A comissão comprometerá até 16 bilhões de euros em garantias para o instrumento, que também incluirá 5 bilhões de euros do Banco Europeu de Investimento (BEI), disseram as fontes. Empréstimos, garantias de crédito e participações em ações e dívida farão parte do conjunto de ferramentas, a fim de dar o impulso inicial à tomada de riscos do setor privado para que os projetos estagnados possam decolar.

O plano de investimentos de Juncker visa combinar os recursos da UE e mudanças regulatórias "para reunir mais investimentos privados a fim de concretizar investimentos reais", disse o vice-presidente da UE, Jyrki Katainen, no dia 14 de novembro em Bratislava. O plano é só um elemento da estratégia econômica da UE e não "uma varinha de condão que podemos usar para investir em nós mesmos e sair milagrosamente de um clima econômico difícil", disse ele.

A Europa está lutando para incentivar o crescimento econômico enquanto emerge lentamente de ondas de crise. Projeta-se que a zona do euro, de 18 países, cresça somente 0,8 por cento neste ano, segundo previsões da UE. A taxa de desemprego da região, de 11,5 por cento, oculta taxas de quase 25 por cento na Grécia e na Espanha.

Virar o jogo?

Embora a proposta de Juncker envolva a realização de investimentos iniciais em infraestrutura e em outras áreas, o somatório de 21 bilhões de euros com uma taxa proposta de alavancagem de 15 vezes corre o risco de decepcionar os mercados.

Mesmo com fundos adicionais de 30 bilhões de euros e uma taxa de alavancagem mais modesta, de 10 vezes, "talvez o plano não seja verossímil como um começo", disseram analistas do Royal Bank of Scotland Plc, entre eles Alberto Gallo, no dia 18 de novembro. Ainda assim, se o Banco Central Europeu se envolver em ações conjuntas com o BEI, "isso poderia virar o jogo para a Europa", disseram eles.

O fundo foi projetado para empregar recursos existentes e não exigir novas injeções de dinheiro dos países-membros, disseram as fontes. O BEI alojará o fundo, que terá gestão própria e poderá assumir várias funções. Ele poderá operar com menos restrições do que iniciativas anteriores, como um projeto de programa com bonds que somente está disponível para empreendimentos transfronteiriços.

A UE está preparando em paralelo uma lista de projetos que poderiam ganhar forma rapidamente. Como o fundo poderá assumir parte do risco de projetos que começam, talvez ele possa oferecer um modo de contornar as restrições dos orçamentos nacionais e superar a relutância do setor privado em assumir novos riscos, disseram as fontes.

"Precisamos realmente mudar de atitude nos esforços para enfrentar os obstáculos que dificultam os investimentos privados e aperfeiçoar a utilização do investimento público na Europa", disse Emma Marcegaglia, presidente da federação de grupos de empregadores BusinessEurope, em 21 de novembro. O grupo publicou um relatório sobre investimentos na Europa, em que pediu que a UE reduzisse as barreiras nacionais, melhorasse a regulamentação e diminuísse os custos de fazer negócios no bloco de 28 países.

Título em inglês: 'EU Said to Plan 21 Billion-Euro Risk-Sharing Fund for Investment'

Para entrar em contato com a repórter: Rebecca Christie, em Bruxelas, rchristie4@bloomberg.net