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A commodity abundante que está cada vez mais difícil de ser encontrada

Yoga Rusmana

27/11/2014 14h07

27 de novembro (Bloomberg) ? A bauxita, um dos minérios mais comuns na crosta da Terra, está se tornando cada vez mais escassa.

Passaram dez meses desde que a Indonésia proibiu as exportações de bauxita, utilizada para extrair alumínio, em um esforço por transformar seu setor de mineração, e o mercado mundial ainda tem dificuldades para substituir a oferta perdida. Os preços da bauxita subiram cerca de 15 por cento e o alumínio está tendo seu maior rali desde 2009, impulsionando os custos para os importadores, entre eles a maior compradora do mundo, a China. Um superávit global no ano passado se transformou em uma insuficiência em 2014 que segundo o Citigroup Inc. durará três anos.

A Indonésia, a terceira maior fornecedora do mundo, parou os envios de minério bruto, entre eles os de níquel e cobre, apostando que a perda de empregos no curto prazo incentivaria os investimentos em exportações com maior valor e mais lucros. Há seis projetos em andamento para converter a bauxita em alumina, que é utilizada para fazer alumínio. Entre eles há um empreendimento de US$ 1,2 bilhão no litoral de Bornéu com a China Hongqiao Group Ltd. Muitos deles não começarão a produção até 2017, obrigando os compradores do alumínio utilizado em todo tipo de produtos, de latas até aviões, a usar uma maior parte dos inventários.

"Definitivamente estamos altistas em relação à bauxita para 2015", disse Ivan Szpakowski, analista do Citigroup em Hong Kong, em entrevista por telefone em 11 de novembro. "O principal fator no mercado de bauxita e alumina é a proibição da Indonésia. A chegada de oferta de substituição levará um tempo".

Perspectiva para a bauxita

A bauxita enviada à província chinesa de Shandong, a maior região importadora, poderia subir de US$ 60 para US$ 80 por tonelada até o fim de 2015, disse o Goldman Sachs Group Inc. em um relatório em 5 de novembro. O Citigroup estimou que os preços fossem de cerca de US$ 52 antes da proibição, que causou o fechamento de minas e a demissão de 40.000 trabalhadores. O Goldman Sachs diz que a alumina pode avançar 12 por cento no ano que vem, e o Morgan Stanley o listou como um dos metais que mais crescerá.

A Indonésia é um arquipélago com mais de 17.000 ilhas. A maioria das suas reservas de bauxita se encontra em Bornéu. Antes da proibição, o país representava entre 10 por cento e 15 por cento da oferta mundial e respondia por cerca de metade do consumido na China, a maior produtora de alumínio, estima o Goldman Sachs.

Apesar de que o presidente Joko Widodo reafirmou seu compromisso com a proibição total sobre o minério indonésio neste mês, o impacto dos empregos perdidos na mineração e a desaceleração do crescimento poderiam obrigar o governo a relaxar seus limites sobre o comércio. Widodo, quem tomou posse em 20 de outubro, herdou a política do seu predecessor, Susilo Bambang Yudhoyono. Andrew Wood, executivo do grupo de estratégia e desenvolvimento da produtora Alumina Ltd., disse em uma conferência do setor na Cidade da Cingapura no mês passado que o relaxamento da proibição continua sendo uma possibilidade.

Projetos

No litoral de Bornéu, a PT Well Harvest Winning Alumina Refinery, uma joint venture que inclui a China Hongqiao Group, a Harita Group da Indonésia e dois parceiros, está transformando um pantanal em um complexo que empregará cerca de 3.000 pessoas quando começar a operar em 2016.

Outros projetos vão tomando forma. No norte de Kalimantan, a PT Aneka Tambang começará a produção comercial em uma refinaria de alumina de grau químico de 300.000 toneladas em Tayan até o fim do ano, disse o secretário Tri Hartono em entrevista por telefone em 11 de novembro. Incluindo a Well Harvest e a Aneka Tambang, espera-se que seis empreendimentos com alumina sejam construídos até 2017, estimou o Ministério de Energia neste mês.

Enquanto essas refinarias não começarem a operar, talvez as minas dormentes de bauxita da Indonésia continuem mantendo a oferta apertada para o restante do mundo.

Título em inglês: 'Indonesia Squeezing China as Bauxite Prices Climb: Commodities'

Para entrar em contato com o repórter: Yoga Rusmana, em Jacarta, yrusmana@bloomberg.net