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Bonds sem pagamento experimentam rali por crescimento de reservas em moeda estrangeira da Argentina

Katia Porzecanski

27/11/2014 13h21

27 de novembro (Bloomberg) ? A recuperação das reservas em moeda estrangeira da Argentina está impulsionando o otimismo em relação a que o país conte com os meios para realizar pagamentos de bonds quando chegar a um acordo com credores de títulos não reestruturados do seu calote em 2001 (holdouts).

As notas do país no exterior, que a Argentina não pode pagar desde que a decisão de um tribunal americano bloqueou os pagamentos enquanto o país não alcançar uma solução com os holdouts, ganharam 2,7 por cento neste mês, o maior ganho entre 62 países em desenvolvimento acompanhados pela JPMorgan Chase Co. depois do Egito.

As reservas da Argentina aumentaram US$ 1,5 bilhão nos últimos trinta dias, o maior crescimento desde 2008, desafiando as expectativas dos analistas de que despencariam depois que o fracasso do país em fechar um acordo com os holdouts, liderados pela Elliott Management Corp., de Paul Singer, causou seu segundo calote em 13 anos em 30 de julho. O aumento se dá porque uma cláusula crucial nos bonds, responsabilizada pela Argentina por impedir um acordo, expirará no fim do ano.

"Este calote claramente não tem a ver com a capacidade de pagamento, e o fato de que as reservas se mantenham estáveis e uma crise esteja sendo evitada mostra que não haverá problemas com a capacidade de pagamento no futuro próximo", disse Daniel Chodos, estrategista do Credit Suisse Group AG, por e-mail.

As reservas da Argentina subiram até US$ 28,9 bilhões depois que o país recebeu US$ 500 milhões da China em 17 de novembro como parte de um acordo com swaps de moedas a três anos assinado em julho, conforme o qual o país sul-americano poderia receber 11 bilhões de yuan em troca por pesos argentinos. O país realizou seu primeiro swap em 30 de outubro, recebendo US$ 814 milhões em yuan.

Venda de bonds

Para ajudar a diminuir a demanda por dólares no mercado cambial paralelo do país, o governo vendeu cerca de US$ 650 milhões de bonds atrelados ao dólar em 13 de novembro. Desde então, o peso no chamado mercado de ações de primeira linha ("blue") se fortaleceu 2,5 por cento para 11,8774 por dólar.

Depois que a Argentina parou de realizar pagamentos de US$ 95 bilhões em bonds em 2001, os detentores de cerca de 92 por cento da dívida concordaram em tomar novos títulos com uma perda de cerca de 70 por cento. Em vez disso, algumas pessoas físicas e hedge funds, entre estes a Elliott, processaram o país e obtiveram uma decisão favorável de pagamento total dos bonds. Um juiz americano disse que a Argentina não pode realizar pagamentos dos bonds reestruturados enquanto os holdouts não forem pagos ou as partes negociarem uma solução.

Funcionários argentinos, entre eles a presidente Cristina Kirchner, disseram que o país não pode negociar até 31 de dezembro, data de expiração de uma provisão nos seus bonds reestruturados que proíbe o país de oferecer melhores termos aos credores que recusaram ofertas anteriores.

Os bonds de referência do país em dólares com vencimento em 2033 subiram 3,4 centavos de dólar neste mês para 91,8 centavos por dólar. Os títulos alcançaram 92,9, seu máximo em quatro meses, em 14 de novembro.

Excesso de otimismo

Os preços atuais dos bonds sugerem que os investidores estão "otimistas demais" em relação a uma resolução do calote no curto prazo, segundo Siobhan Morden, diretora de estratégia de renda fixa do Jefferies Group LLC para a América Latina.

"É difícil racionalizar esses máximos nos preços", disse Morden por e-mail de Nova York. "Todos esperam que Cristina 'faça a coisa certa' quando ela surpreende constantemente pelo contrário".

Não obstante, mesmo se a Argentina chegar a um acordo no começo de 2016, depois da eleição presidencial, os bonds de referência com vencimento em 2033 poderiam subir a até 112 centavos por dólar e os investidores deveriam cobrar 16 centavos por dólar em juros vencidos, segundo Chodos do Credit Suisse.

"É por isso que continuamos observando interesse e demanda na Argentina", disse ele.

Título em inglês: 'Defaulted Bonds Rally as Foreign Reserves Jump: Argentina Credit'

Para entrar em contato com a repórter: Katia Porzecanski, em Nova York, kporzecansk1@bloomberg.net