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iPhone mais caro pode desencadear outros aumentos de preço na Rússia

Ilya Khrennikov

27/11/2014 16h38

27 de novembro (Bloomberg) ? A decisão da Apple Inc. de subir o preço do iPhone na Rússia mostra que as marcas que vêm evitando aumentar tarifas podem não conseguir manter essa política por muito mais tempo.

Ontem, a Apple aumentou em 25 por cento o custo do iPhone na Rússia, o que acabou com a resistência da empresa à queda do rublo em relação ao dólar, que já dura quatro meses. A maioria das empresas que até o momento mantiveram os preços baixos para que os consumidores seguissem gastando provavelmente darão o mesmo passo depois do feriado de ano-novo, segundo Ivan Fedyakov, diretor-geral da empresa de pesquisas INFOLine, com sede em São Petersburgo.

"É possível que outras marcas internacionais também aumentem seus preços quando esgotarem os estoques anteriores, mas provavelmente em menor medida, sacrificando parte de suas margens em prol do volume", disse Fedyakov.

A Rússia tem sido um mercado sensível para as marcas internacionais de bens de consumo neste ano, situação que pesa sobre as projeções de empresas como a Adidas AG e a Carlsberg A/S, cervejaria que arrecada cerca de um terço de seus lucro no país. A queda do rublo desde o início de agosto só aumentou as dificuldades, dando às marcas a alternativa de manter os preços baixos, à custa da lucratividade, ou aumentar as tarifas, sob o risco de perder vendas.

"Em grande medida, as empresas estão sacrificando a lucratividade para alcançar volumes de vendas", disse Anastasia Goncharova, analista da empresa de pesquisas Euromonitor International, por e-mail.

A Adidas, que obtém 13 por cento de suas vendas na Rússia e na região circundante, não aumentou os preços no país neste quarto trimestre, ao passo que o custo dos conjuntos Lego não é elevado desde que o rublo começou a despencar, em agosto. Os televisores da Samsung Electronics Co. também continuam custando o mesmo, embora a empresa sul-coreana, em uma iniciativa para aumentar as vendas de fim de ano, tenha reduzido nesta semana em 11 por cento o preço do smartphone S5 Galaxy, para 24.990 rublos, segundo a assessoria de imprensa da companhia em Moscou.

Preço do iPhone

Até ontem, a Apple também vinha evitando elevar os preços, o que fez com que o preço do iPhone na Rússia, cerca de US$ 700, fosse o menor da Europa e levou turistas de outros países a comprarem os aparelhos em Moscou.

Um iPhone 6 com 16 gigabytes de espaço de armazenamento agora custa 39.990 rublos (US$ 859), contra 31.990 rublos antes, segundo a loja on-line da Apple no país.

Em um país onde as taxas de juros altas e a inflação mais acelerada desde julho de 2011 fizeram com que o crescimento das vendas do varejo ficasse estagnado no mês passado, isso pode não ser recebido com alegria pelos consumidores.

"Existe uma inquietação em relação ao amanhã", disse Svetlana Alekseeva, 28, uma dona de casa que mora no subúrbio de Moscou. "O que vai acontecer? Os alimentos, as roupas e os eletrônicos ficarão mais caros? Ninguém está reajustando nossos salários para isso".

Aumentos em janeiro?

Margarita Zobnina, uma professora de colégio de Moscou que gasta cerca de 2.400 rublos por mês em lentes de contato importadas, disse que decidiu comprar um estoque que dure um ano porque espera que os preços subam 30 por cento devido à desvalorização do rublo. Ela comprou um aspirador alemão Kärcher pelo mesmo motivo.

A decisão dela pode ter sido sábia.

Os preços dos produtos eletrônicos provavelmente subirão entre 5 por cento e 15 por cento a partir de janeiro, segundo um porta-voz da M.video, a maior rede varejista de produtos eletrônicos da Rússia.

"É evidente que a situação vai mudar em janeiro", disse Julia Marueva, analista da empresa de pesquisas Nielsen Russia, por e-mail. "As fabricantes precisarão comprar equipamentos e matérias-primas a preços mais altos por causa da desvalorização do rublo, o que resultará em preços maiores no varejo".

Título em inglês: Apple's Higher iPhone Tariff May Spur More Russian Price Rises

Para entrar em contato com o repórter: Ilya Khrennikov, em Moscou, ikhrennikov@bloomberg.net.