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Inflação na zona do euro desacelera e pressiona BCE em debate sobre flexibilização quantitativa

Alessandro Speciale

28/11/2014 16h27

28 de novembro (Bloomberg) - A inflação na zona do euro se reduziu em novembro e igualou seu mínimo em cinco anos, aproximando o Banco Central Europeu de uma expansão do seu programa de estímulo sem precedentes.

Os preços ao consumidor aumentaram 0,3 por cento em relação a um ano atrás, disse a secretaria de estatísticas da União Europeia em Luxemburgo hoje. A cifra está alinhada à mediana de previsões de 41 economistas em uma pesquisa da Bloomberg News. O desemprego se manteve em 11,5 por cento em outubro, disse a Eurostat em outro relatório.

A prolongada inflação baixa continua a pressão sobre o BCE para que expanda seu pacote de medidas no intuito de reviver a economia. Embora a desaceleração esteja ligada em parte a uma queda nos preços do petróleo, o presidente Mario Draghi, quem poderia revelar mais prognósticos pessimistas após uma reunião de responsáveis pela política econômica em 4 de dezembro, diz que ele quer elevar a inflação "tão rápido quanto for possível".

"A magnitude do problema da desinflação enfrentado pelo BCE é uma preocupação cada vez maior à medida que o tempo passa", disse Colin Bermingham, economista do BNP Paribas SA em Londres. "As revisões descendentes das suas previsões de inflação e crescimento serão fundamentais para justificar uma expansão dos seus programas de aquisição de ativos".

O relatório da Eurostat mostrou que os preços da energia caíram 2,5 por cento em novembro frente a um ano atrás. O petróleo bruto despencou mais de 30 por cento nos últimos três meses. Os preços dos alimentos, das bebidas alcoólicas e do tabaco aumentaram 0,5 por cento.

Pequeno conforto

A inflação básica, que desconsidera itens voláteis como a energia, os alimentos, o tabaco e as bebidas alcoólicas, se manteve em 0,7 por cento em novembro, segundo a Eurostat.

"A única migalha de conforto para o BCE ? e não é grande coisa ? é que o fato de a inflação voltar a cair em novembro se deveu exclusivamente a um maior recuo dos preços da energia em relação ao ano anterior", disse Howard Archer, economista-chefe da IHS Global Insight para a Europa em Londres. Os dados são "uma notícia preocupante" para o banco central, disse ele.

Os dados de ontem mostraram que os preços ao consumidor na Espanha caíram 0,5 por cento neste mês em relação a um ano atrás, igualando a maior taxa de deflação desde 2009. Na Alemanha, a maior economia da Europa, a inflação desacelerou para seu mínimo desde fevereiro de 2010.

A inflação na zona do euro é de menos de metade da meta do BCE, de pouco menos de 2 por cento, há mais de um ano. A instituição prognosticou em setembro que a média de inflação seja de 1,1 por cento em 2015 e de 1,4 por cento em 2016.

"Temos que ter muito cuidado para que a inflação baixa não comece a se filtrar pela economia", disse Draghi em Frankfurt em 21 de novembro.

O momento certo

Alguns responsáveis pela política econômica indicaram que a reunião da semana que vem talvez não seja o momento certo para empilhar novos estímulos. O vice-presidente do BCE, Vítor Constâncio, disse nesta semana que o melhor momento para considerar ferramentas novas é no próximo trimestre, quando o impacto das atuais medidas puder ser medido.

O BCE, com sede em Frankfurt, já está comprando bonds com garantias hipotecárias e títulos garantidos por ativos porque espera levar seu balanço de volta para o nível que tinha no começo de 2012. Estas compras seguem reduções das taxas de juros para mínimos recordes feitas pelo banco, que também ofereceu empréstimos de longo prazo aos bancos para alimentar o crédito.

Apesar de que Draghi disse que os responsáveis pela política econômica estão unidos no seu compromisso a fazer mais se for necessário, ele também indicou que talvez não haja necessidade de se apressar.

"É preciso tempo para que os 'efeitos positivos' do atual estímulo sejam sentidos", disse ele ontem. "Contudo, caso seja necessário enfrentar mais energicamente os riscos de um período de inflação baixa prolongado demais, o Conselho do BCE se mostra unânime no seu compromisso a empregar instrumentos não convencionais adicionais dentro dos limites estabelecidos pelo seu mandato", disse ele.

Título em inglês: 'Euro-Area Inflation Slows as Draghi Tees Up QE Debate: Economy'

Para entrar em contato com o repórter: Alessandro Speciale, em Frankfurt, aspeciale@bloomberg.net