IPCA
0,83 Mar.2024
Topo

Itália corre atrás da Espanha enquanto o mercado de bonds espera o programa de aquisições do BCE

Angeline Benoit e Max Julius

28/11/2014 16h56

28 de novembro (Bloomberg) ? A mudança na sorte dos países do sul da Europa está se refletindo no mercado de bonds.

A Espanha está começando a perder seu atrativo em comparação com a Itália, pois os responsáveis pela política econômica estão pensando em injetar dinheiro na economia da zona do euro. Os bonds espanhóis e italianos retornaram cerca de 14 por cento neste ano, segundo índices compilados pela Bloomberg. Contudo, o prêmio por preferir títulos italianos aos espanhóis diminuiu para 15 pontos-base hoje, menos de metade do que há um mês.

"Pode-se esperar que a Itália supere em rendimento a Espanha no final do ano", disse Sandra Holdsworth, gerente de fundos da Kames Capital, com sede em Edimburgo, que administra 52 bilhões de libras esterlinas (US$ 82 bilhões). A forma mais fácil de aumentar a exposição aos mercados periféricos da zona do euro no curto prazo é comprar dívida italiana, que se beneficia com a liquidez maior, disse ela.

A terceira maior economia da zona do euro está se tornando mais atraente à medida que o Banco Central Europeu avança para as aquisições de bonds soberanos. O BCE vai analisar a compra de dívida de acordo com o tamanho de cada economia da zona do euro, disse o vice-presidente Vítor Constâncio nesta semana. A Itália é maior do que a Espanha e possui menos necessidades de financiamento líquido.

Déficits orçamentários

A Itália reduziu seu déficit orçamentário para abaixo do limite de 3 por cento do PIB imposto pela União Europeia, embora sua economia não se expanda há mais de um ano. No ano que vem, o déficit diminuirá para 2,7 por cento do PIB e permitirá que o endividamento da Itália chegue a cerca de 134 por cento do PIB, prognosticou a Comissão Europeia neste mês.

Em contraste, a Comissão previu que o déficit da Espanha vai chegar a 5,6 por cento do PIB neste ano, ao passo que a economia do país cresceu nos últimos cinco trimestres. O déficit totalizará 4,6 por cento no próximo ano, o que aumentará a carga de dívida do país para 102 por cento do seu PIB em 2016, disse a Comissão.

A Espanha tinha uma vantagem sobre a Itália porque a economia do país crescia mais rapidamente, seu ambiente político parecia mais estável e o governo estava reduzindo gastos.

Mínimos recordes

Os custos de tomar empréstimos para a Espanha com base nos bonds a dez anos são menores do que os da Itália desde 10 de abril, mostram dados compilados pela Bloomberg. Os títulos renderam 1,90 por cento para Espanha e 2,07 por cento para a Itália ontem. Ambas as cifras representam mínimos recordes.

A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico prognosticou nesta semana que a economia da Espanha vai se expandir 1,7 por cento no ano que vem, previsão inferior à do governo, de 2 por cento. O desemprego no país continuará alto, e a capacidade excedente fará com que o crescimento dos salários continue baixo, disse a OCDE.

O apoio ao primeiro-ministro Mariano Rajoy caiu em meio à taxa de desemprego de 24 por cento, a mais alta da UE depois daquela da Grécia. Uma pesquisa publicada nesta semana pelo jornal El Mundo colocou o partido antiausteridade Podemos à frente do Partido Popular de Rajoy e dos socialistas, seus predecessores. O mandato de quatro anos de Rajoy terminará no ano que vem.

A ascensão de Podemos aumenta o risco político criado pelo movimento independentista na região da Catalunha, que é responsável por cerca de um quinto da economia da Espanha, disse Michael Leister, analista do Commerzbank AG em Frankfurt.

O banco alemão prevê que a brecha entre os yields dos bonds a dez anos dos governos espanhol e italiano vai diminuir até quase zerar até o segundo semestre do próximo ano.

"É um risco significativo que os investidores deveriam levar em conta", disse ele. "É mais difícil determinar quando agir, pois é provável que a perspectiva da flexibilização quantitativa eclipse isso por um tempo, reduzindo a brecha com os custos de tomar empréstimos para a Alemanha".

Título em inglês: 'Italy Chases Spain as Bond Market Awaits ECB Buying: Euro Credit'

Para entrar em contato com os repórteres: Angeline Benoit, em Paris, abenoit4@bloomberg.net; Max Julius, em Londres, mjulius4@bloomberg.net