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Rio Tinto planeja aumento nos retornos com cortes em projeto e adiamento para aprovar mina

David Stringer

28/11/2014 14h42

28 de novembro (Bloomberg) -- A Rio Tinto Group, segunda maior mineradora do mundo, sinalizou um aumento nos retornos de dinheiro para investidores após unir-se à sua maior rival no corte de gastos e de custos operacionais.

A empresa com sede em Londres adiou os planos para aprovar uma nova mina de minério de ferro australiana de US$ 1 bilhão e reduziu sua estimativa de despesa em 2014 para menos de US$ 8,5 bilhões, o menor valor desde 2010, abaixo da projeção de agosto, de US$ 9 bilhões.

"Sem cortes na despesa de capital eles teriam que ir consumindo capital para manter seus dividendos no ano que vem, por isso é muito importante que eles tenham decidido isso", disse Michael McCarthy, estrategista-chefe da CMC Markets em Sydney, por telefone. "É uma abordagem sensível no ambiente atual".

Com a queda nos preços da commodity, entregar mais dinheiro aos investidores é algo visto como parte da estratégia da Rio para reforçar o apoio dos titulares depois de rejeitar uma oferta de fusão da Glencore Plc. O CEO Sam Walsh prometeu em agosto que a empresa se tornaria uma "máquina de dinheiro" para os acionistas.

"Há um foco claro por trás de tudo o que fazemos", disse Walsh a investidores hoje em um seminário em Sydney. "Nossa meta é entregar retornos fortes e sustentáveis ao acionista".

Os investidores têm se concentrado na perspectiva de que a Rio entregue retornos maiores em dinheiro "em face do que parece ser uma ausência de caixa excedente", disseram analistas do JPMorgan Chase Co. liderados por Lyndon Fagan em uma nota, em 26 de novembro.

Retornos de dinheiro

A produtora, que elevou seu dividendo do primeiro semestre em 15 por cento, para 96 centavos por ação, anunciará novos aumentos aos retornos de dinheiro em fevereiro, disse hoje o diretor financeiro Chris Lynch. A "quantidade e a forma" serão determinadas pelo conselho, disse ele.

A BHP Billiton Ltd., maior mineradora do mundo, anunciou nesta semana que as despesas de capital cairão para US$ 13 bilhões no ano fiscal 2016, uma queda de mais de 40 por cento em relação a 2012.

Os acionistas da Rio e da BHP estão buscando garantias de que as empresas estão posicionadas para cumprir os pagamentos de dividendos após uma queda de 48 por cento do minério de ferro neste ano, sua maior fonte.

A decisão de aprovar o desenvolvimento da mina Silvergrass, planejada pela Rio na região rica em minério de Pilbara, na Austrália Ocidental, e que pode produzir cerca de 21 milhões de toneladas ao ano, não será tomada antes de julho de 2015, disse a empresa.

Preços das commodities

Em 25 de novembro, o minério de ferro caiu para menos de US$ 70 a tonelada seca pela primeira vez em cinco anos porque os maiores fornecedores aumentaram o excedente global.

A queda nos preços de tudo, do minério de ferro ao petróleo, está pressionando os maiores produtores de commodities, o que significa que podem ser exigidos cortes de gastos para atender as promessas relacionadas aos retornos, segundo o UBS AG.

A expansão subterrânea na mina de Oyu Tolgoi, na Mongólia, que a transformaria na terceira maior mina de cobre do mundo, pode não começar a produção antes de 2019, disse a Rio hoje em uma apresentação.

Os compromissos dos bancos pelos US$ 4,2 bilhões necessários para ajudar a financiar o empreendimento expiraram depois que o prazo de 30 de setembro para que se chegasse a um acordo não foi cumprido, disse a Turquoise Hill Resources Ltd., unidade controlada pela Rio, no mês passado, em um comunicado.

"No projeto subterrâneo Oyu Tolgoi, nós temos o que é potencialmente o próximo grande projeto do cobre", disse Walsh a investidores. "Na hora certa e sob os termos corretos, nós entregaremos uma mina com um valor excepcional para todos os stakeholders".

A Rio Tinto depreciou o valor da mina em US$ 4,7 bilhões em março e disse que ela pode precisar de uma redução de mais US$ 800 milhões no projeto se a expansão for atrasada além de março de 2015.

Título em inglês: Rio Tinto Plans Returns Boost on Project Cuts, Mine Delay

Para entrar em contato com o repórter: David Stringer, em Melbourne, dstringer3@bloomberg.net.