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Companhias aéreas devem ter recorde de lucros por queda no preço do petróleo

Simeon Bennett e Andrea Rothman

10/12/2014 17h49

10 de dezembro (Bloomberg) - As companhias aéreas registrarão lucros recordes superiores aos esperados neste ano e é provável que colham outro ganho de 25% em 2015, ajudadas pelo crescimento econômico e pelo combustível barato, disse a Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA).

A renda líquida para o total do setor deveria alcançar US$ 19,9 bilhões nestes 12 meses, frente a uma projeção de US$ 18 bilhões feita em junho, e o somatório deveria aumentar para US$ 25 bilhões no ano que vem, prediz a IATA. No ano passado, os lucros foram de apenas US$ 10,6 bilhões.

O combustível para jatos, que no passado representava até 40 por cento do total de custos, responderá por uma proporção significativamente menor em 2015, o que encorajará um declínio de cerca de 5,1 por cento nas passagens de ia e volta, antes de impostos e sobretaxas, disse o grupo.

"A perspectiva do setor está melhorando", disse Tony Tyler, CEO da IATA, durante uma sessão informativa em Genebra, sede da associação. "A economia mundial continua se recuperando e a queda dos preços do petróleo deveria fortalecer o crescimento no ano que vem".

Agitações políticas, conflitos e economias regionais atrasadas continuam constituindo um obstáculo para o crescimento em alguns mercados, e Tyler advertiu que até mesmo a alta repentina dos lucros prevista para o ano que vem produziria uma margem líquida de somente 3,2 por cento.

Petróleo

O custo do petróleo bruto do tipo Brent declinou 40 por cento neste ano depois que a Organização de Países Exportadores de Petróleo concordou no mês passado em não diminuir a produção para forçar uma desaceleração da produção americana, que cresceu até seu máximo em três décadas.

O petróleo poderia recuar para US$ 40 por barril caso uma guerra de preços seja iniciada ou se emergirem divisões dentro da OPEP, disse um funcionário do Ministério do Petróleo do Irã hoje. Tyler predisse que o preço médio do Brent seja de US$ 85 por barril em 2015. Seria a primeira vez que o preço anual cai abaixo de US$ 100 desde 2010, disse ele.

As operadoras americanas deveriam ter o melhor desempenho nos lucros neste ano, com uma renda líquida de US$ 11,9 bilhões que deveria atingir US$ 13,2 bilhões em 2015, gerando uma margem de 6 por cento que ultrapassaria o pico registrado no final da década de 1990.

As companhias aéreas europeias "terão dificuldades", com lucros de US$ 2,7 bilhões em 2014 e de US$ 4 bilhões no ano que vem, contidas por altos custos regulatórios, pela infraestrutura ineficiente e por uma taxação "onerosa", do que resulta o nível de equilíbrio por ocupação de assentos mais alto do setor, de 64,7 por cento, segundo a IATA.

Ásia, América Latina

As operadoras da região Ásia-Pacífico deveriam incrementar seus lucros de US$ 3,5 bilhões em 2014 para US$ 5 bilhões em 2015, disse a IATA, e as companhias do Oriente Médio ganharão US$ 1,1 bilhão neste ano e US$ 1,6 no próximo.

As operadoras latino-americanas "enfrentam um ambiente misto", segundo a IATA, já que os benefícios da consolidação - como a formação da Latam Airlines Group SA - compensam somente de forma parcial a fraqueza dos mercados locais. Assim, o total de renda líquida poderia ser de apenas US$ 700 milhões neste ano e aumentar para US$ 1 bilhão em 2015.

O número total de passageiros alcançará 3,5 bilhões no ano que vem, produzindo US$ 623 bilhões em vendas, com um ganho projetado da capacidade de 7,3 por cento, superior a um aumento provável de 7 por cento no trânsito. Portanto, os fatores de carga ou ocupação diminuirão ligeiramente, disse a IATA.

A associação do setor, que representa a maioria das companhias aéreas do mundo, prediz que os custos de frete aéreo caiam 5,8 por cento, ainda que o setor de carga continue sendo "um negócio difícil". Serão transportadas 53,5 milhões de toneladas de bens, que produzirão uma receita de US$ 63 bilhões, ainda 5 por cento a menos do que em 2010.