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Turistas russos não conseguem trocar rublos em Berlim ou Londres

Gregory Viscusi, Patrick Donahue e Robert Hutton

18/12/2014 15h31

18 de dezembro (Bloomberg) - A russa Anastasia Nagornaya, de 24 anos, que está viajando de férias pela França e pela Alemanha, queria trocar seus últimos 5.000 rublos por euros. Tarde demais.

O guichê do ReiseBank, na estação ferroviária de Friedrichstrasse, em Berlim, rejeitou o dinheiro da engenheira de Rostov-on-Don, assim como outras casas de câmbio da capital da Alemanha.

Em Londres, no guichê do ChangeGroup situado entre o Ritz Hotel e a Fortnum Mason, na Piccadilly, o caixa Amir Azam disse que todas as negociações em rublos estavam suspensas "porque a moeda está se comportando como um ioiô". Outros estabelecimentos também deixaram de aceitar-la.

O rublo se desvalorizou em mais de 50 por cento desde junho, mesmo depois de o banco central aumentar sua taxa de referência em 6,5 pontos porcentuais nesta semana e gastar US$ 10 bilhões de suas reservas tentando deter o declínio. No início de outubro, 40 rublos compravam US$ 1. Agora, são necessários mais de 60.

"Devido à queda extrema do rublo russo não estamos comprando nenhum rublo por enquanto", disse a ChangeGroup, que tem 120 filiais em 11 países, em seu site finlandês. "Pedimos desculpas por qualquer inconveniente que isso possa causar".

O primeiro cliente do guichê perto da Praça Trafalgar na manhã de ontem foi uma mulher que queria trocar 600 rublos.

"Ela não gostou", disse Angela Semedo, a funcionária que teve que dizer a ela que a empresa com sede em Londres havia deixado de negociar a moeda na véspera.

Venda de estoque

Quem quiser trocar rublos em Londres terá dificuldades, disse Sakthi Ariaratnam, diretor da Thomas Exchange Global Ltd., do lado oposto do Hotel Savoy, em Strand, Londres. "O que nós tivermos em estoque nós vamos vender", disse ele. "Mas vamos deixar de comprar. Essa moeda está muito volátil".

Embora a falta de compradores de rublos tenha deixado os turistas russos a ver navios, não há tantos assim nessa situação, disseram empresas de câmbio de Paris, onde os rublos ainda podem ser vendidos, mas apenas em quantidades pequenas e com amplas margens.

Os turistas russos em Paris começaram a evaporar há três semanas, disse um gerente da MultiChange, que tem 10 guichês na capital francesa e pediu para não ser identificado.

Taxas de Paris

Uma das maiores casas de câmbio de Paris, a alguns minutos da loja de departamentos Galeries Lafayette, ainda estava comprando rublos em pequenas quantidades, mas a uma taxa de 140 por euro, muito além da taxa interbancária do mercado à vista, de cerca de 81.

Eles negociariam rublos a 72 por euro, mas não havia a quem vender, porque os turistas russos desapareceram, disse o funcionário, que pediu para não ser identificado.

Em comparação, o spread do dólar americano era de compra a US$ 1,28 por euro e venda a US$ 1,21.

Nagornaya, a turista russa que estava em Berlim, se surpreendeu com tanta confusão. A economia piorou desde o envolvimento da Rússia na Ucrânia, mas não muito e, além disso, ela confia em Vladimir Putin.

"Na Rússia, a atmosfera não está essa loucura que está sendo mostrada na mídia por aqui", disse ela. "Nosso presidente diz que está tudo bem. As coisas pioraram um pouco com as sanções, mas não estão tão ruins quanto se mostra no Ocidente".

Título em inglês: Russian Tourists Get Stuck Holding Rubles From Berlin to London

Para entrar em contato com os repórteres: Gregory Viscusi, em Paris, gviscusi@bloomberg.net; Patrick Donahue, em Berlim, pdonahue1@bloomberg.net; Robert Hutton, em Londres, rhutton1@bloomberg.net.