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Crise do rublo repercute em mercado do trigo com avanço de apostas altistas

Joe Deaux

22/12/2014 12h34

22 de dezembro (Bloomberg) - A crise do rublo está repercutindo no mercado mundial de trigo.

Como a moeda da Rússia prolongou uma queda para seu mínimo em relação ao dólar na semana passada, o país desacelerou os envios de grãos para preservar seus estoques e manter os preços internos controlados. A Rússia é a quarta maior exportadora e as medidas levaram hedge funds a triplicarem suas apostas em uma alta dos preços.

Os futuros atingiram seu máximo desde maio na semana passada, quando uma associação de exportadores disse que a Rússia não outorgou certificados necessários para os vendedores e compradores de grãos. O presidente Vladimir Putin advertiu no dia 18 de dezembro que a crise econômica poderia se prolongar durante dois anos, em um momento em que o frio está ameaçando a safra de inverno nos EUA, o maior exportador de grãos.

"Se a proibição de exportações russas endurecer, isso poderá ser construtivo porque vai ser preciso comprar trigo de agricultores de outro lugar", disse Gillian Rutherford, que ajuda a supervisionar US$ 20 bilhões como gerente do portfólio de commodities da Pacific Investment Management Co. em Newport Beach, Califórnia, em entrevista por telefone no dia 18 de dezembro. "Se nós formos ter problemas com a safra de inverno dos EUA, isso poderia ser problemático".

O trigo a ser entregue em março aumentou 4,2 por cento na semana passada, para US$ 6,3225 por bushel na Chicago Board of Trade, seu quarto ganho consecutivo. O Bloomberg Commodity Index com 22 matérias-primas caiu 1,9 por cento e o MSCI All-Country World Index de ações aumentou 2,3 por cento. O Bloomberg Dollar Spot Index subiu 0,9 por cento.

Apostas de curto prazo

As posições líquidas longas no trigo aumentaram para 15.294 futuros e opções no dia 16 de dezembro, segundo dados da Comissão de Negociação de Futuros de Commodities (CFTC) publicados três dias depois. O valor se compara com 4.652 de uma semana antes. Os investidores reduziram suas apostas de curto prazo durante 12 semanas, a série mais prolongada desde que os dados começaram a ser compilados em 2006.

O preço do pão na Rússia aumentou até 10 por cento nos trinta dias até 11 de dezembro, segundo varejistas. A inflação dos alimentos no país se acelerou para 13 por cento em novembro, liderada por um ganho de 54 por cento do trigo sarraceno e uma alta de 34 por cento em tomates, mostram dados do governo.

A Rússia está negando a entrega de certificados para grãos destinados a outros países, exceto Egito, Turquia, Índia e Armênia, de acordo com uma carta escrita pela Associação Nacional de Exportadores de Produtos Agrícolas.

Oferta dos EUA

A valorização do dólar está reduzindo o atrativo das exportações americanas e poderia conter o rali dos futuros em Chicago, disse Shonda Warner, sócia-gerente da Chess Ag Full Harvest Partners em Clarksdale, Mississippi, que supervisiona cerca de US$ 150 milhões. O Bloomberg Dollar Spot Index aumentou para seu máximo em cinco anos na semana passada.

O crescimento da produção fora da Rússia também poderia frear o rali. A safra mundial baterá um recorde com 722,18 milhões de toneladas métricas, segundo projeções do Departamento de Agricultura dos EUA.

As posses altistas líquidas em 18 commodities negociadas nos EUA subiram 1,1 por cento para 816.719 contratos no dia 16 de dezembro, mostram dados da CFTC. Os investidores aumentaram as apostas no petróleo bruto e no milho e se tornaram menos baixistas em relação ao cobre.

Os ganhos do dólar e das ações americanas diminuíram o atrativo do lingote de ouro como ativo alternativo. Responsáveis pela política econômica da Reserva Federal indicaram na semana passada que eles se encaminham para aumentar as taxas de juros porque a economia está adquirindo impulso, reduzindo a demanda por metais preciosos como reserva de valor.

"Os dados econômicos continuam melhorando e ganhando o tipo de tração que vínhamos observando, em particular no que se refere ao emprego", disse Quincy Krosby, estrategista de mercados da Prudential Financial em Newark, Nova Jersey, que supervisiona US$ 1 trilhão em ativos, em entrevista por telefone no dia 18 de dezembro. "Mais empregos e salários mais altos seriam um fator baixista para o ouro".

Título em inglês: 'Ruble Crisis Ripples Through Wheat as Bulls Advance: Commodities'

Para entrar em contato com o repórter: Joe Deaux, em Nova York, jdeaux@bloomberg.net