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Dólar, peso mexicano e rublo deverão ser as moedas mais valorizadas em 2015

Ye Xie, Justina Lee e Andrea Wong

05/01/2015 14h05

5 de janeiro (Bloomberg) -- As divergências da economia internacional indicam que o dólar americano arrastará consigo o peso mexicano e o rublo, da Rússia, que terão os maiores ganhos entre as principais moedas neste ano, enquanto o dólar da Nova Zelândia e o peso argentino se transformaram nos maiores perdedores.

Essa é a conclusão de economistas, estrategistas e investidores ao redor do mundo consultados pela Bloomberg. Eles veem a taxa de câmbio do México subindo 10% até o fim de 2015, enquanto o dólar terá um incremento de 3% e o rublo, de 17%o. O peso argentino deverá sofrer uma desvalorização de 29%, enquanto o dólar da Nova Zelândia cairá 5%. O euro deverá cair 1%.

Com a previsão de que a economia americana terá o ritmo mais rápido de crescimento em uma década, as exportações do México para o vizinho do norte, seu maior parceiro comercial, poderão ser beneficiadas. Essa situação contrasta com a da zona do euro e a do Japão, onde o crescimento estagnado e a ameaça de deflação imperam. Na Nova Zelândia, os estrategistas pararam de aumentar as taxas de juros porque a taxa de inflação está em queda, colocando a moeda no nível mais baixo em dois anos e meio.

Os investidores deverão estar "muito focados nas divergências que teremos ao redor do globo", disse Scott Mather, codiretor de investimentos da Pacific Investment Management Co., que supervisiona US$ 1,9 trilhão, em entrevista à Bloomberg Television no dia 19 de dezembro. "A força do dólar será o tema durante 2015, em boa parte do ano que vem e talvez até por um tempo maior".

Alta do dólar

O dólar subiu no ano passado, valorizando-se em relação a todas as 31 moedas mais negociadas do mundo monitoradas pela Bloomberg. O U.S. Dollar Index, da Intercontinental Exchange Inc., que mede o desempenho da moeda em relação às seis moedas mais importantes do mundo, deu um salto de 13%, para 90,27, e chegou a 91,62 hoje. A previsão agora é que o indicador subirá para 94,6 até o fim do ano, segundo a previsão média de 27 analistas. Esse nível foi visto pela última vez em 2003.

O aumento dos empregos e os preços mais baixos da gasolina estão impulsionando o gasto dos consumidores nos EUA e dando forças para que a maior economia do mundo obtenha o crescimento mais rápido entre os países do Grupo dos 10. O PIB (Produto Interno Bruto) dos EUA terá uma expansão de 3% neste ano, a maior desde 2005, contra 1,1% da zona do euro e 1% do Japão, segundo economistas consultados pela Bloomberg.

O crescimento mais rápido dos EUA está se refletindo no México, compensando o impacto dos preços mais baixos do petróleo. A economia do país latino-americano deverá crescer 3,4% neste ano, contra uma estimativa de 2,2% em 2014, quase o dobro da taxa de crescimento médio projetada da região, mostram dados compilados pela Bloomberg.

O peso subirá para 13,48 por dólar até o fim do ano, mostra a previsão média de 40 estrategistas, após cair 12% em 2014 e atingir a mínima dos últimos cinco anos, de 14,9440.

As moedas dos países produtores de commodities, atingidos pela queda de 50% nos preços do petróleo desde junho, também poderão se tornar vencedoras. Os preços do petróleo Brent poderão se recuperar e atingir US$ 76 o barril, contra cerca de US$ 57 atualmente, segundo a estimativa média de uma pesquisa separada.

A divergência não durará muito porque a força do dólar prejudicará os exportadores americanos e limitará o crescimento, diminuindo o ritmo dos aumentos de taxa do Fed, o banco central norte-americano, previstos e, eventualmente, enfraquecendo o dólar, segundo Kathleen Brooks, diretora de pesquisa europeia do Forex.com.

O peso argentino se desvalorizará para 12,13 por dólar após perder 23% em 2014 para 8,465 por dólar, com base em consultas a analistas. O peso teve o segundo pior desempenho entre as principais moedas depois do rublo, com uma inflação estimada em 40% e a economia atolada em uma recessão.

Nova Zelândia

O dólar da Nova Zelândia terá o segundo pior desempenho, de acordo com as previsões dos analistas, caindo de 76,63 centavos para 73 centavos. Embora a economia esteja sendo impulsionada por uma imigração e uma construção recordes, a queda nos preços dos produtos lácteos, maior fonte de exportações do país, está travando o impulso de crescimento.

"É improvável que os dados econômicos e a perspectiva justifiquem um aperto da política monetária em 2015 e potencialmente em boa parte de 2016", escreveu Jarrod Kerr, diretor de estratégia de taxa de juros do Commonwealth Bank of Australia em Sydney, que prevê uma queda da moeda da Nova Zelândia para 68 centavos de dólar neste ano, em uma nota técnica do dia 22 de dezembro.