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Dólar recebe ajuda do BCE em meio a apostas por ajuste do Fed

Andrea Wong

27/01/2015 13h54

(Bloomberg) - Os altistas do dólar dizem que o plano de compras de bonds de 1,1 trilhão de euros (US$ 1,24 trilhão) da Europa deixará a Reserva Federal um pouco mais perto de aumentar as taxas de juros antes do fim do ano.

Ao injetar dinheiro nos mercados mundiais, o Banco Central Europeu talvez abra caminho para que os EUA enrijeçam sua própria oferta de dinheiro sem incrementar a volatilidade, segundo o Citigroup Inc. e o Bank of America Corp. Enquanto as autoridades do Fed estão dando início a uma reunião de dois dias sobre política econômica, a verdinha está prolongando um rali que a levou para seu valor máximo em mais de uma década frente a uma cesta de moedas, embora os investidores em bonds estejam expressando menos convicção em relação ao momento que o Banco Central dos EUA escolherá para realizar o primeiro aumento de taxas desde 2006.

"Estávamos esperando o fortalecimento do dólar, e ele está chegando mais rápido do que pensávamos", disse Steven Englander, diretor de estratégia cambial de países do G10 do Citigroup em Nova York, em entrevista por telefone no dia 23 de janeiro. As autoridades do Fed "talvez sintam que realmente têm que levar o primeiro ajuste adiante, ao invés de adiá-lo".

Grandes quantidades de dinheiro têm fluído para ativos em dólares nos últimos meses, pois a maior economia do mundo está tendo um desempenho superior ao dos outros países desenvolvidos e o Fed está se preparando para elevar sua principal taxa de juros da faixa de zero a 0,25 por cento em que está desde 2008. Isto aumenta o valor do dólar para os investidores, especialmente no momento em que diversos bancos centrais, do Japão ao Canadá e à Europa, estão desvalorizando suas moedas com o relaxamento das políticas monetárias.

Aumento em outubro?

O momento previsto para que o Fed faça o primeiro aumento foi um pouco adiantado devido ao lançamento do programa de compras de bonds de governos do BCE. Agora, os investidores esperam que o Banco Central dos EUA eleve em outubro os custos de tomar empréstimos, que estão quase zerados, depois de apostarem em um aumento em dezembro há apenas um mês, segundo preços de futuros compilados pela Bloomberg.

Quando o BCE finalmente apresentou seus planos em 22 de janeiro, surpreendendo os investidores com o escopo das aquisições, o euro respondeu despencando para seu menor valor em onze anos. A moeda chegou a US$ 1,1098 na segunda-feira, o nível mais fraco desde setembro de 2003, depois que o partido Syriza, contrário à austeridade, ganhou as eleições na Grécia. Segundo as especulações dos investidores, esse resultado poderia levar o país a abandonar o euro. A moeda caiu 6,7 por cento neste ano.

O U.S. Dollar Index da Intercontinental Exchange Inc. - que acompanha a moeda frente a outras seis de importância -caminha para o sétimo avanço mensal consecutivo. O dólar aumentou 19 por cento desde o final de junho e subiu a um a um nível de 95,527 pontos ontem, o maior valor desde setembro de 2003.

Precaução

O lento crescimento dos salários e dos preços ao consumidor faz com que o Banco Central dos EUA se mostre cauteloso em relação ao momento de começar a voltar para uma política econômica mais rígida. A presidente do Fed, Janet Yellen, expressou sua preocupação com uma potencial turbulência dos mercados. Ela disse em novembro que "a normalização pode causar certo aumento da volatilidade financeira".

O Group of Seven Volatility Index do JPMorgan Chase Co., que mede as oscilações cambiais, subiu do seu valor mínimo histórico de 5,11 por cento, registrado em julho, para 11,08 por cento quando o dólar começou seu último rali.

Enquanto o Fed avalia o endurecimento de sua política, o Banco do Japão continua procurando novas formas de injetar estímulos na sua economia para complementar um programa recorde de compras de bonds. Na semana passada, o Canadá e a Dinamarca reduziram inesperadamente as taxas de juros para impulsionar o crescimento e eliminar os efeitos paralisantes da deflação.

As políticas monetárias mais relaxadas na Europa e no Japão acalmam a preocupação de que os aumentos do Fed "criem um vácuo na liquidez global", disse David Woo, diretor de taxas e moedas mundiais do Bank of America em Nova York, em entrevista por telefone no dia 23 de janeiro. "Se tudo o mais continuar igual, o Fed vai adotar uma linha mais dura do que liberal".

Título em inglês: 'Dollar Gets Gift From Draghi on Bets for Tighter Fed: Currencies'

Para entrar em contato com o repórter: Andrea Wong, em Nova York, awong268@bloomberg.net