IPCA
0,83 Mar.2024
Topo

Por que um dólar forte significa margens mais gordas para o Jeep Renegade?

Mark Clothier

29/01/2015 17h48

(Bloomberg) -- O novo Jeep Renegade dificilmente poderia ter chegado em um momento melhor.

O crossover subcompacto da Fiat Chrysler irá à venda em março justamente em um momento em que a gasolina está dando um sinal positivo para que os americanos troquem seus carros por SUVs. Além disso, o Renegade é produzido na Itália, o que significa que a empresa pagará os trabalhadores em euros e venderá o carro nos EUA a um dólar comparativamente mais valorizado.

Se o Renegade der certo, ajudará a Fiat Chrysler a cumprir a meta para 2018 de quase duplicar as vendas da Jeep e quintuplicar os lucros. Com uma silhueta peculiar e ainda robusta, o Renegade conta com os ingredientes para ser um belo concorrente do Kia Soul e do Nissan Juke, que estão vendendo bastante e atraindo um público mais jovem.

"De certa forma, ele está perfeitamente posicionado no mercado", disse Karl Brauer, analista do KBB.com. "Os preços da gasolina estão baixos, trata-se de um SUV e é da marca Jeep, que é bem vista local e globalmente".

A Jeep pode levar a Fiat Chrysler Automobiles NV somente até certo ponto, é claro. Embora a empresa tenha reportado ontem que suas receitas deram um salto de 15 por cento no ano passado na América do Norte, os custos de recall prejudicaram as margens. A demanda fraca na América Latina também impactou os lucros de 2014, que não alcançaram as estimativas dos analistas. As ações caíram 2,2 por cento em Nova York, onde a empresa tem sua principal cotação.

Contudo, a fraqueza do euro é, definitivamente, uma vantagem a curto prazo. A Fiat Chrysler não apenas pode extrair margens mais gordas porque está pagando trabalhadores italianos na moeda europeia; a empresa com sede em Londres também tira proveito da conversão dos dólares dos veículos fabricados nos EUA em euros para fins de divulgação de resultados.

Impulso ao SUV

O euro caiu para US$ 1,1098 no dia 26 de janeiro, nível mais fraco em mais de uma década, depois que o Banco Central Europeu disse que injetará 1,1 trilhão de euros para ajudar a estimular a economia. O preço da gasolina nos EUA caiu 33 por cento nos últimos três meses, atingindo uma média nacional de US$ 2,04 o galão (medida equivalente a 3,78 litros), dando um impulso às vendas de SUVs.

O Renegade é a primeira adição à linha da Jeep desde o Compass, que surgiu em 2007 e era um veículo sem inspiração vendido a "pessoas que realmente queriam um carro barato", disse David Kelleher, um vendedor de Dodge-Jeep-Chrysler no subúrbio da Filadélfia. O novo SUV marca a estreia da Jeep no segmento de crossover subcompacto, que é de rápido crescimento e inclui Kia Soul, Nissan Juke, Honda HR-V e o Fiat 500X, este fabricado a partir da mesma plataforma do Renegade, na mesma fábrica no sul da Itália.

A versão esportiva é vendida a US$ 17.995 e os preços-base chegam a US$ 24.795, como é o caso do Trailhawk. Eficiência de combustível não é sua finalidade, mas a Jeep diz que a quilometragem chegará a 12,75 quilômetros por litro.

A Fiat também abrirá uma fábrica em Pernambuco, no Brasil, até o fim de março, e outra fábrica na China deverá estar produzindo Renegades até o fim do ano. Por enquanto, as fábricas do Brasil e da China produzirão carros para a América Latina e a Ásia.

O presidente da Jeep, Mike Manley, diz que as vendas do Renegade deverão se dividir de forma mais ou menos igual entre EUA, Europa e Ásia. A demanda precoce pelo SUV e por seu primo italiano é forte o suficiente para que a empresa planeje contratar mais de 1.000 trabalhadores na fábrica em operação.

"O Renegade é uma folha de papel completamente em branco", disse Manley em entrevista. "Mas eu espero que a gente também responda com credibilidade junto ao consumidor em termos de marca e do que somos capazes de fazer. Em última análise, o mercado é o juiz".

Título em inglês: Why a Strong Dollar Means Fatter Margins for Jeep Renegade: Cars

Para entrar em contato com o repórter: Mark Clothier, em Southfield, Michigan, mclothier@bloomberg.net.