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Rali inesperado do ouro atrai investidores apesar de Goldman ter advertido possível queda

Debarati Roy

30/01/2015 14h34

(Bloomberg) - O rali mais prolongado do ouro em dois anos está levando os investidores a voltar aos metais preciosos ao mesmo tempo em que surgem sinais de que os ganhos poderiam estar se desvanecendo.

Produtos negociados em bolsa (ETP) dos EUA com garantias de metais preciosos receberam US$ 1,9 bilhão neste mês até 28 de janeiro, o primeiro influxo desde julho e o maior desde setembro de 2012, mostram dados compilados pela Bloomberg. Os preços do ouro caíram 2,4 por cento em 29 de janeiro, reduzindo o rali deste mês para 6,5 por cento, e o Goldman Sachs Group disse nesta semana que espera que o metal caia durante os próximos doze meses.

Depois de evitarem o ouro durante dois anos consecutivos, os investidores estão voltando ao metal porque as autoridades na Europa e na Ásia estão combatendo a estagnação das economias com mais estímulos. Uma expansão mais fraca no exterior também fez com que se multiplicassem as apostas de que a Reserva Federal adiaria o aumento das taxas de juros. Um comunicado divulgado nesta semana pelos responsáveis pela política econômica que mencionava o "sólido" crescimento dos EUA diminuiu essa especulação, e ontem o lingote superou seu maior declínio desde 2013.

"Embora o mercado do ouro considere que o comunicado do Fed seja negativo e a economia americana esteja se fortalecendo, as dificuldades econômicas na Europa e na China não podem ser ignoradas", disse Jeff Sica, presidente da Circle Squared Alternative Investments, que administra US$ 1,5 bilhão, ontem em entrevista por telefone de Morristown, Nova Jersey. "Não acho que os investidores vão abandonar o ouro agora, porque muito dinheiro barato está sendo injetado no sistema".

Apostas altistas

Os futuros em Nova York subiram durante três meses consecutivos, o rali mais prolongado desde setembro de 2012, e o avanço de janeiro ainda deve ser o maior desde fevereiro de 2014. Hedge funds e outros especuladores fizeram suas maiores apostas altistas líquidas no ouro em dois anos, mostram dados do governo americano. Ativos em ETPs internacionais com o metal como garantia caminham para o maior incremento mensal desde 2011.

As commodities ficarão atrás das ações, dos bonds e dos mercados de crédito nos próximos três meses devido às perdas do petróleo, do ouro e do cobre, disseram analistas do Goldman em um relatório de 27 de janeiro. O metal precioso cairá para US$ 1.175 em 12 meses, disse o banco.

O lingote despencou 29 por cento nos dois anos anteriores à medida que a economia americana melhorava. O Bloomberg Dollar Spot Index está beirando seu nível mais alto em uma década, e o Fed é o único banco central de um país desenvolvido que está considerando aumentar as taxas de juros neste ano. As taxas mais altas reduzem o atrativo do ouro porque o metal costuma oferecer retornos aos investidores exclusivamente através de ganhos nos preços.

'Paciente'

Não obstante, o Fed disse nesta semana que os responsáveis pela política econômica levarão em conta "desenvolvimentos internacionais" na hora de analisar o aumento dos custos de tomar empréstimos, e reiterou a promessa de ser "paciente".

O desmoronamento dos preços do petróleo tornou o ouro mais atraente em meio à ameaça de uma deflação prejudicial à economia. O compromisso de US$ 1,2 trilhão do Banco Central Europeu para comprar bonds e as medidas de estímulo no Japão incrementaram o atrativo das alternativas às moedas cuja cotação está variando.

"Parece que o ouro chegou ao fundo do poço", disse John Apruzzese, quem ajuda a administrar US$ 5,5 bilhões na Evercore Wealth Management em Nova York, em entrevista por telefone no dia 28 de janeiro. A empresa investe em ações, bonds, títulos com garantias hipotecárias e alternativas líquidas e ilíquidas. "Achamos que há uma possibilidade clara de que o Fed adie o aumento das taxas. Estamos pensando em voltar ao ouro".

Título em inglês: 'Gold Surprise Rally Lures Investors as Goldman Warns of Drop (1)'

Para entrar em contato com o repórter: Debarati Roy, em Nova York, droy5@bloomberg.net